Economia

Como faturar na bolsa

Depois de render mais de 80% no ano passado, mercado de ações segue como uma aplicação recomendada pelos especialistas. Saiba quais os papéis com melhores perspectivas de ganhos

postado em 02/01/2010 10:29

Paola Carvalho
Tetê Monteiro


Alimentos e bebidas, comércio, construção, transporte, bancos, mineração, siderurgia e tecnologia são os setores mais promissores para investir em 2010, segundo as corretoras Gradual Investimentos, SLW, Ativa, Banco Geração Futuro de Investimentos e CMA Educacional. Seis ações se repetem no ranking das mais recomendadas: BRFoods ON (BRFS3), Marcopolo PN (POMO4), Pão de Açúcar PNA (PCAR5), Itaúsa PN (ITSA4), Vale PNA (VALE5) e Usiminas PNA (USIM5). São companhias que dependem do mercado interno e da demanda mundial, sobretudo da China, por commodities. Esses dois fatores, segundo os especialistas ouvidos pelo Estado de Minas, devem garantir o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 5,6% este ano, enquanto o mundo vai crescer 3,1%.

Contrariando todos os prognósticos conservadores, 2009 foi um dos melhores anos da história da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM) e deixou uma lição para 2010: cautela. O mercado de ações brasileiro fechou 2009 marcando valorização de 82,66%, no melhor desempenho nominal desde 2003, quando o índice avançou 97,34%. Convertido para dólar, o avanço da bolsa ultrapassa os 140%, a maior variação desde 1991, quando o índice quase quadruplicou (288%). É também a maior valorização entre as 13 principais bolsas do mundo. ;Em 2009 vimos a recessão acabar, a depressão não acontecer e as bolsas reagirem fortemente;, afirma Kelly Trentin, analista da SLW.

Apesar de momentos de forte volatilidade, o Ibovespa chegou ao fim de 2009 aos 68.296 mil pontos (até 29 de dezembro), ante 37.550 em 2008 e 63.886 em 2007. O recorde foi batido em 20 de maio de 2008, quando alcançou 73.516. Para 2010, a Ativa e a Gradual têm as perspectativas mais positivas: 81 mil e 82 mil pontos, respectivamente. O otimismo está ancorado no crescimento do crédito, que alavanca o mercado interno de bens duráveis e imóveis; na expansão da renda e do emprego, potencializando o consumo doméstico de produtos de massa; na recuperação das exportações de commodities a partir de economias emergentes; e na continuidade do fluxo de capital estrangeiro.

Analistas conseguem garimpar o que parece ser boas oportunidades diante de preços não tão depreciados como ao fim de 2008. Trentin acredita que entre os papéis mais promissores estão os de companhias como BRFoods, Lojas Americanas, Pão de Açúcar, Lozaliza, Alpargatas, Itaúsa, Vale, Klabin, Marcopolo e Gol. A expectativa de Wagner Salaverry, sócio-diretor do Banco Geração Futuro de Investimentos, é de que a bolsa obtenha uma valorização próxima a 30% em 2010. ;Esse percentual estimado ; não garantido ; está diretamente relacionado à recuperação dos lucros das companhias em 2010;, diz. Ele ressalta os seguintes papéis: Banco do Brasil, Petrobras, Gerdau, Usiminas, Vale, Guararapes e Randon.

A estrategista-chefe da Ativa, Mônica Araújo, chama a atenção para os dois lados da balança dos quais o investidor não deve tirar o olho ao longo do ano que vem. Positivamente, pesa a nova trajetória de crescimento econômico, a retomada de investimentos, a melhor dinâmica do mercado doméstico, eventos como Copa e Olimpíada impulsionando negócios, expansão do crédito e liquidez elevada no cenário internacional. Negativamente, fazem pressão as eleições para presidente e governos estaduais, o aumento da taxa de juros, países desenvolvidos com economia ainda frágil e volatilidade cambial. ;O Ibovespa em 2010 não terá o mesmo brilho de 2009. A volatilidade poderá aumentar, mas ainda acreditamos que é uma boa oportunidade de investimentos;, avalia. Os papéis de destaque da Ativa são Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), Marcopolo, Vale, Gerdau, Itaúsa, Rossi e Telemar.

O engenheiro civil Rafael Pires e Albuquerque entrou no mercado acionário em 2007. Naquela época, centrava seus investimentos nas chamadas blue chips ; ações de companhia de grande porte, com grande liquidez. Como sempre buscou aplicações de alta rentabilidade, avalia que 2009 mostrou que é preciso diversificar a carteira. ;Não me desesperei com a crise. Pelo contrário, aproveitei para comprar na baixa e ampliar meus investimentos;, diz. Hoje o investidor mineiro também aplica na Ambev e MRV. ;Independentemente do que aconteça, não vou mexer nesse dinheiro. Meu objetivo é de longo prazo, cerca de 10 anos;, projeta. Ele vê o mercado para 2010 com cautela, mas já estuda ampliar percentual de seus investimentos em ações, hoje em 15%. Os outros 85% estão distribuídos entre renda fixa, previdência privada e fundos multimercado.
;Realmente 2010 aparenta ser um ano muito promissor, mas é importante evitar um otimismo excessivo, assim como foi salutar ter evitado um pessimismo exagerado de 2008 para 2009;, pondera o professor Rivadavila Malheiros, da CMA Educacional.

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