Economia

Brasil não quer o confronto com os EUA

postado em 11/03/2010 08:31
O Brasil não tem interesse em uma confrontação no âmbito comercial com os Estados Unidos, mas exige que o governo americano cumpra as determinações da Organização Mundial do Comércio (OMC) relativas aos subsídios dados aos produtores de algodão. O argumento foi defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante discurso em Cubatão (SP), na inauguração de uma termelétrica da Petrobras. "Todos nós somos soberanos e queremos ser respeitados. Que a OMC (também) seja respeitada", sustentou. "Ou obedecemos as instituições ou o mundo vai virar uma bagunça", acrescentou. Ainda segundo Lula, técnicos dos governos de ambos os países precisam chegar a um entendimento sobre a questão. [SAIBAMAIS]Na segunda-feira, o Brasil definiu uma lista de produtos norte-americanos que sofrerão aumento de tarifas de importação, parte de uma retaliação autorizada pela OMC após os EUA não ajustarem suas políticas para o setor de algodão a decisões anteriores do órgão. As sobretaxas deverão entrar em vigor em 8 de abril, caso uma solução não seja alcançada entre os dois países. Rodada Doha "Há mais de sete anos, o Brasil briga na OMC para que os Estados Unidos parem de ajudar os produtores de algodão. A OMC deu ganho de causa para que o Brasil possa criar dificuldades para eles", lembrou o presidente. No entanto, segundo ele, na questão do algodão, o Brasil não é o maior prejudicado: "Quem precisa (do fim dos subsídios) são os pobres dos países africanos, para que possam vender seu algodão no mercado mais rico do mundo, que é o dos Estados Unidos e da Europa". Lula ainda reclamou da falta de um consenso na rodada atual da OMC para liberalização do comércio global. "Se tivessem feito acordo na Rodada de Doha, não estaríamos brigando." Antes do discurso do presidente brasileiro, uma declaração com tom mais conciliatório partiu do CEO da Câmara Americana de Comércio (Amcham-Brasil), Gabriel Rico. Na noite de terça, a instituição e a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília promoveram coquetel para recepcionar Gary Locke, secretário de Comércio dos Estados Unidos. Diplomatas, políticos e técnicos do governo Lula participaram do evento. "O peso dos presentes e a enorme adesão levaram as autoridades dos dois países a uma clara mensagem: solução negociada ao invés da retaliação e necessidade de incrementar as relações comerciais com os Estados Unidos", afirmou Rico.

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