Economia

Veículos: Crossfox moderno e (mais) urbano

Versão off-road do hatch compacto, Crossfox ganha reestilização que o deixa com a cara comportada, mas sem abandonar as pretensões aventureiras

Eduardo Aquino
postado em 08/04/2010 21:02
Quando a Volkswagen lançou o CrossFox, em 2005, não imaginava que penduricalhos aventureiros, incluindo o estepe do lado de fora, e suspensão elevada fizessem tanta diferença para o consumidor brasileiro. A versão tem sido um verdadeiro sucesso de vendas e levou outras marcas a tentar copiar a fórmula. Mas, verdade seja dita, no segmento dos hatches com apelo de aventura, a VW domina com folga. A versão passa pela primeira reestilização, seguindo a mesma filosofia de modernidade que marcou a mudança estética da linha Fox, e ficou com aspecto mais cosmopolita, embora não dispense os ingredientes aventureiros básicos.

Versão off-road do hatch compacto, Crossfox ganha reestilização que o deixa com a cara comportada, mas sem abandonar as pretensões aventureirasAs principais mudanças estilísticas do CrossFox aconteceram na frente, que ficou mais discreta perdendo aquela barra que imitava um quebra-mato, ganhando faróis de duplo refletor e máscara negra; nova grade na cor preta, que agora tem apenas uma barra horizontal e serve como elemento de ligação entre os faróis; enorme boca preta no para-choque, que engloba a tomada de ar (com grade protetora para o radiador) e onde estão os faróis de neblina, maiores em relação à versão anterior; e a nova cobertura plástica na parte de baixo, na cor cinza, que imita um protetor de metal de cárter que, infelizmente, está ausente e seria fundamental numa versão com pretensões aventureiras.

De lado, o que mais chama a atenção no novo CrossFox são os repetidores de seta nos retrovisores; os adesivos pretos na parte de baixo das portas (com desenhos mais estilizados); coberturas plásticas um pouco mais largas nos para-lamas; as saias imitando estribos, que parecem as mesmas da versão anterior; o desenho mais esportivo das novas rodas de liga; as barras no teto, que, em vez de transversais, agora são longitudinais; e as maçanetas pintadas na cor da carroceria. Na traseira, o para-choque passa a ter a maior parte pintada na cor da carroceria; as lanternas ganharam lentes escurecidas; e o aerofólio de teto incorpora a terceira luz de freio.

Mas a mudança mais importante está no suporte do estepe, fixado no para-choque (em vez de ser preso à coluna C) e ficou mais prático, podendo ser destravado na chave ou no painel. Basta acionar o comando, que o sistema faz o resto: empurra o suporte para o lado e destrava a tampa do porta-malas. Outra boa novidade é a opção do sensor de estacionamento traseiro, que pode ajudar bastante nas manobras em marcha a ré, já que, apesar de o CrossFox proporcionar boa visão para a frente, a visibilidade traseira é muito ruim, prejudicada pelo pequeno tamanho do vidro traseiro e por parte do estepe.

No interior, assim como nos outros Fox, a grande novidade é o painel, com instrumentos mais visíveis e acabamento melhor. A cor interna predominante é a preta, com pequenos detalhes cromados. Os bancos são exclusivos da versão e podem ser revestidos em tecido (de série) ou em couro (opcional), com a raposa bordada no alto. Os dianteiros apoiam bem o corpo e têm elásticos para prender pequenos objetos (celular, carteira etc.) nas laterais.

A boa posição de dirigir é fácil de ser encontrada. O espaço interno é amplo na frente e, no banco traseiro, viajam com certo conforto dois adultos e uma criança. O porta-malas tem capacidade bem limitada, mas que pode ser ampliada com o rebatimento ou deslocamento longitudinal do banco traseiro. Pontos negativos: o nível interno de ruídos é muito alto, e incomoda; e a buzina é difícil de ser acionada, o que pode ser perigoso na hora de chamar a atenção de pedestre desatento.

O motor 1.6 Flex dá conta do recado, em qualquer situação (1), e o câmbio ajuda bastante, com engates macios e precisos, curso curto da alavanca e relações de marcha bem acertadas, embora exista um pequeno buraco (queda de rotação) entre as 2; e 3; marchas, que não chega a atrapalhar. O consumo é bem razoável, tanto na cidade quanto na estrada. A suspensão tem um bom equilíbrio entre conforto e estabilidade, mas transfere um pouco das imperfeições do piso para o habitáculo. Na terra, a raposa aventureira mostra destreza, ajudada pela boa altura do solo e pelos pneus de uso misto, que são bem eficientes em pisos cascalhados e na lama.

1 - Dirigibilidade

A performance agrada no uso urbano e em rodovias, levando em conta a cilindrada e o peso do veículo, que teve um ganho de 76kg em ordem de marcha em relação ao modelo Fox 1.6 básico. Mesmo carregado e com ar-condicionado ligado, ele ainda proporciona uma dirigibilidade razoável no uso misto, com aceleração e retomadas de velocidade satisfatórias.

Ficha técnica / CROSSFOX

MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 1.598cm; de cilindrada, oito válvulas, que gera potências máximas de 101cv/104cv a 5.250rpm e torques máximos de 15,4kgfm/15,6kgfm a 2.500rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio manual de cinco velocidade

SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS

Dianteira, independente, do tipo McPherson, com braços triangulares transversais e barra estabilzadora; e traseira, interdependente, com braços longitudinais / 6 x 15 polegadas, em liga leve / 205/60 R15

DIREÇÃO

Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

FREIOS
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com sistema ABS (opcional)

CAPACIDADES

Tanque, 60 litros; porta-malas, 260 litros (353 litros com o banco corrediço para a frente); e capacidade de carga (passageiros e bagagem), 440kg

EQUIPAMENTOS


DE SÉRIE
Conforto/conveniência ; Chave do tipo canivete, relógio digital, luzes de leitura traseiras individuais, direção hidráulica, gaveta embaixo do banco do motorista, tomada de 12V, alerta sonoro de faróis ligados, coluna de direção com regulagem de altura e distância, aquecimento, banco traseiro corrediço, trava, retrovisores e vidros com comandos elétricos; destravamento interno do suporte do estepe e da tampa do porta-malas; e computador de bordo.

Aparência ; Farol com moldura em preto brilhante e detalhe interno cromado, para-brisa degradê, grade dianteira superior em preto brilhante, grade inferior com colmeia diferenciada, retrovisores e maçanetas na cor da carroceria, antena curta de teto, aerofólio, lanternas escurecidas, ponteira do escapamento cromada, barras longitudinais no teto, molduras nas caixas de roda, adesivos laterais nas portas, suporte do estepe integrado ao para-choque traseiro, aplique no para-choque traseiro, imitadores de estribos laterais e raposa bordada nos bancos dianteiros.

Segurança ; Faróis de neblina e de longo alcance

OPCIONAIS

Airbag duplo, freios ABS, teto solar elétrico, rodas de liga com pneus de uso misto, revestimento parcial em couro, ar-condicionado, sensor de estacionamento, banco traseiro bipartido, sensor de chuva e crepuscular, rádio CD player com entrada USB e SD card e volante multifuncional.


Avaliação

Notas (0 a 10)
Desempenho - 7
Espaço interno - 8
Porta-malas - 7
Suspensão/direção - 7
Conforto/ergonomia - 8
Itens de série/opcionais (custo/benefício) - 7
Segurança - 6
Estilo - 8
Consumo - 7
Tecnologia - 10
Acabamento - 8

Avaliação técnica

VÃO DO MOTOR

Existe isolante acústico somente no painel de fogo, sendo o resultado em relação ao habitáculo razoável com o motor em alta rotação. A sistematização dos vários componentes é racional e o acesso à manutenção em geral, mesmo considerando a posição de montagem transversal do motor, é boa. Quando aberto, o capô é sustentado por vareta manual.

ALTURA DO SOLO

Não tem de série chapa em aço protetora para toda a zona inferior do motopropulssor, o que é muito importante para um veículo com a proposta de uso misto leve com suspensões elevadas. Não ocorreram interferências com o solo em nosso percurso misto de provas. A diferença do espaço livre em relação ao solo com o veículo vazio é de 50mm a mais em relação a versão normal, e de 53mm em condição de carga máxima.

CLIMATIZAÇÃO

A vazão de ar é boa e o nível de ruídos de funcionamento aceitável, mesmo na velocidade máxima. Ocorreu pequena entrada de gases/fumaça, vindos de fora, quando está vedada a troca de ar. Os comandos de temperatura, velocidade e direção do fluxo têm boa dimensão.

FREIOS

Apresentaram bom comportamento dinâmico no uso misto. O pedal de freio tem boa sensibilidade e o ABS mostrou-se eficiente. As suas reações são homogêneas nos dois eixos e a desaceleração foi balanceada sobre piso seco e molhado. O freio de estacionamento teve atuação normal.

CÂMBIO

As relações de marchas/diferencial satisfazem na dirigibilidade, tanto na cidade quanto em rodovias, proporcionando uma boa dinâmica ao veículo para a cilindrada do motor. A qualidade de engate é muito boa em precisão e maciez e o curso e a pega na alavanca são bons. A embreagem está bem dimensionada, tem acionamento suave e boa progressividade.

MOTOR

Sistema flex funcionou bem, com boa partida a frio, tendo somente álcool no tanque. Mesmo com o motor pouco aquecido, a marcha lenta foi linear e a aceleração, progressiva. A performance agrada bem no uso urbano e em rodovias, levando em conta a cilindrada e o peso do veículo, que teve um ganho de 76kg em ordem de marcha, em relação ao modelo Fox 1.6 básico. Mesmo carregado e com ar-condicionado ligado, o veículo ainda proporciona uma dirigibilidade razoável no uso misto, com aceleração e retomadas de velocidade satisfatórias. A curva deste motor, que tem o torque máximo em baixa rotação (15,6kgfm a 2.500rpm, com álcool), contribui bastante na condução urbana e em rodovias com velocidade limitada.

NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS

O efeito aerodinâmico inicia-se a 100km/h e é crescente com a velocidade. Ao trafegar sobre pisos irregulares, surgem vários pequenos ruídos no habitáculo.

SUSPENSÃO

Trata-se de um automóvel muito estável, mesmo com suspensões mais altas e adoção de pneus de uso misto, onde contorna com excelente precisão e mínima inclinação da carroceria curvas de raios variados, estando o veículo em velocidade elevada. O conforto de marcha é razoável, com nível aceitável das transferências das imperfeições do solo para dentro, mas perde quando o veículo está carregado e com os pneus calibrados para essa condição.

DIREÇÃO

Coluna de direção tem ajuste manual em altura e distância, com bom curso, e está centralizada. O volante tem boa pegada. A assistência hidráulica tem ótima calibragem e o sistema reações com excelente resposta e sensibilidade. O diâmetro de giro é bom, assim como a velocidade do efeito-retorno. Em curvas sobre piso irregular, conjunto apresentou baixo nível de ruídos. A precisão nas retas e em curvas é muito boa.

Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan.

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