Economia

Cotação do euro despenca

Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 15/05/2010 16:11
A crise na Zona do Euro não dá sinais de arrefecimento. Duas semanas após o anúncio do pacote de ajuda à Grécia e mesmo diante das duras medidas fiscais aprovadas pelos países com economias mais fragilizadas, como Portugal, Espanha e Itália, a desconfiança continua. O euro despencou frente ao dólar, caindo para a menor cotação dos últimos 18 meses, abaixo de US$ 1,25. As principais bolsas europeias também caíram fortemente, enquanto a cotação do ouro atingiu um novo recorde de alta.

Os mais importantes índices de ações europeus fecharam em queda acentuada ontem: Paris (-4,59%), Londres (-3,14%) e Frankfurt (-3,12%). Em Madri, a bolsa registrou ao maior recuo desde outubro de 2008: -6,64%. Em Nova York, o indicador Dow Jones teve retração de 1,51%. O mau humor alcançou a Bovespa, que registrou declínio 2,12%, fechando o dia em 63.412 pontos. O dólar fechou cotado a R$ 1,805, com alta de 1,58%.

Na avaliação do economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos, o estresse vai permanecer por um bom tempo. O medo maior dos investidores é que as medidas fiscais adotadas pelos governos prejudiquem o crescimento econômico da região, já fortemente afetado pela crise econômica de 2008 e pela ajuda multibilionária para evitar a quebra da Grécia.

;O plano original (com a ajuda à Grécia) era evitar a contaminação, mas isso não ocorreu;, avaliou o economista Eduardo Otero, da Um Investimentos. Ele acredita que o problema pode até aumentar, na medida em que os investidores tenham clareza dos enormes desafios que estão por vir e as implicações do arrocho sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do bloco. Foi a desconfiança sobre a extensão e a aplicação das medidas que fizeram o preço do ouro disparar.

Segundo Santos, nesses momentos, ;todo mundo corre para um ativo físico, palpável;. Também contribuiu para elevar a tensão na Europa a investigação que está sendo feita nos Estados Unidos para averiguar se oito instituições financeiras enganaram agências de rating com relação a atividades com hipoteca. Outro elemento foi a dúvida sobre a solvência dos bancos europeus, principalmente os franceses, ingleses e alemães, que têm exposição significativa na Europa mediterrânea. Esses bancos estão sofrendo forte desvalorização dos seus papéis no mercado.


Bom sinal nos EUA


As vendas no varejo dos Estados Unidos e a produção industrial avançaram em abril, em mais um sinal de que a recuperação (1)está ganhando força e se espalhando pela economia. Os consumidores também se mostraram um pouco mais confiantes no início de maio, segundo dados divulgados ontem que contrastam com as frágeis condições nos mercados financeiros por causa da situação europeia. Essa turbulência, no entanto, ainda não afetou a economia real norte-americana.

O comércio teve aumento de vendas de 0,4%, informou o Departamento de Comércio. O dado foi o dobro do esperado pelos analistas e confirmou o sétimo mês seguido de alta. A produção industrial também ficou acima do esperado, com aumento de 0,8% em abril e acúmulo de 5,2% em 12 meses. ;Parece uma recuperação muito sólida;, afirmou Bob Mellman, economista sênior do banco JP Morgan. O índice de confiança do consumidor calculado pela Universidade de Michigan subiu para 73,3 pontos.


1 - Expansão maior
A economia norte-americana deverá crescer nos segundo e terceiro trimestres com mais força que o previsto, devido às melhores condições do mercado de trabalho. Levantamento do escritório do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) na Filadélfia apontou expansão de 3,3%, numa aceleração em relação aos 2,7% previstos na pesquisa anterior. A previsão é de criação de 207.300 empregos por mês no atual trimestre e de 120.500, no terceiro.

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