Economia

Pedra no sapato de Obama

EUA cortam 131 mil postos de trabalho em julho, um número muito superior aos 87 mil previstos pelo governo

postado em 07/08/2010 07:00

Candidatos fazem fila por vagas em Nova York: o Estado norte-americano dispensou 143 mil temporários contratados como recenseadoresWashington (EUA) ; Para desespero dos mais otimistas, que vinham apostando em uma recuperação mais acelerada da economia dos Estados Unidos, o governo de Barack Obana informou ontem que o país perdeu 131 mil empregos em julho, número superior ao previsto, de 87 mil. Foi o segundo mês seguido de corte de vagas e motivo para grande incômodo ao governo. Em junho, segundo o Departamento do Trabalho, houve revisão dos dados preliminares e o resultado ficou pior do que o esperado, já que houve 221 mil demissões, ou seja, 77% a mais do que as cifras iniciais (125 mil). A taxa de desemprego, porém, se manteve estável, em 9,5% ; são 6,6 milhões de desocupados.

O fechamento de postos de trabalho nos EUA se deu, principalmente, no setor público, que não renovou o contrato temporário de 143 mil pessoas, a maioria recenseadores. Já o setor privado contratou 71 mil trabalhadores, o equivalente a 2,3 vezes o total de empregos criados em junho, porém menos do que previam os analistas (83 mil). O desempenho das empresas privadas foi usado como bandeira por Obama para tentar minimizar o estrago nas expectativas provocado pelos dados do Departamento do Trabalho. Segundo ele, o setor privado criou vagas pelo sétimo mês consecutivo. ;Trata-se de um bom sinal, mas o avanço precisa ser mais rápido;, disse.

Bovespa
Os dados ruins sobre emprego nos EUA caíram como uma bomba(1) nos mercados financeiros. E nem mesmo uma redução em US$ 1,3 bilhão no crédito ao consumidor daquele país foi suficiente para amenizar os ganhos. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o saldo foi ainda mais negativo, porque as más notícias vindas da maior economia do planeta deram impulso a um movimento generalizado de venda de ações para embolsar lucros, que vinha se desenhando desde a última terça-feira.

Principal índice de lucratividade da bolsa paulista, o Ibovespa recuou 0,46%, para os 68.094 pontos. Durante o dia, chegou a bater na mínima de 67.685 pontos, com baixa de 1,06%. No acumulado da semana e do mês, o Ibovespa subiu 0,86%. No ano, as perdas estão em 0,72%. As ações ordinárias (ON) da Vale caíram ontem 0,14%, para R$ 50,58, e as preferenciais (PN) perderam 0,05% do valor, fechando a R$ 44,08. Já os papéis da Petrobras, que vinham de altas recentes, tiveram quedas maiores ; as ações ON tombaram 0,83%, para R$ 33,52, e as PN, 1,16%, para R$ 29,09. Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 0,20%, para 10.653 pontos e o Nasdaq, 0,20%, para 2.288 pontos. Apesar do tranco, os índices ainda acumulam ganhos na semana e no mês: Dow Jones, 1,79%; e Nasdaq, 1,50%.

Dólar
A divisa norte-americana encerrou a semana com valorização de 0,28% ante o real, cotado a R$ 1,75. No ano, a valorização é de 0,98%. Ontem, o dólar valorizou-se 0,30% depois que o Banco Central realizou leilão para adquirir a moeda e fixou a taxa de corte no valor do fechamento. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu uma pequena sobrevalorização do real frente ao dólar, mas disse que o governo está atento para a necessidade de implementar eventuais medidas de ajustes no câmbio. ;Temos que admitir uma certa valorização, mas procuramos coibir abusos;, afirmou, durante inauguração de novos equipamentos da Casa da Moeda, no Rio de Janeiro.

Respiro espanhol
A economia espanhola confirmou uma ligeira recuperação no segundo trimestre, com um crescimento de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em relação aos primeiros três meses do ano, informou ontem o Banco da Espanha. A autoridade monetária do país destacou progressos em todos as frentes e elogiou as medidas de austeridade do governo. No entanto, considerados os últimos 12 meses, houve uma retração de 0,2%. Além disso, a taxa de desemprego no país ainda supera os 20%.

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