Economia

Bolsas sofrem mais um dia de perdas

Dados desanimadores do mercado de trabalho dos Estados Unidos ampliam os receios dos investidores de um novo mergulho da economia mundial

postado em 13/08/2010 08:16
O mercado financeiro mundial teve ontem mais um dia de pessimismo. As preocupações com o fraco ritmo de retomada da economia global ; em especial, nos Estados Unidos ; esparramaram uma onda de decepções, o que levou muitos investidores a se desfazerem de ações. O mau humor começou logo cedo com a divulgação da inesperada queda da produção industrial da Zona do Euro. Mas foi o anúncio do aumento do número de trabalhadores norte-americanos que recorreram, pela primeira vez, a pedidos de auxílio-desemprego a gota d;água que faltava para o azedume geral.

Diante desse quadro, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, encerrou a quinta-feira nos 10.320 pontos, com baixa de 0,57%. Na Nasdaq, o pregão eletrônico, o tombo foi de 0,87%, para os 2.190 pontos. Muitos poupadores preferiram sair de ativos de riscos, como as ações, para direcionar os recursos a aplicações consideradas mais seguras, como os títulos do Tesouro dos EUA e os bônus governamentais da Alemanha

(Bunds) e do Reino Unido (Gilts), apesar dos juros baixíssimos pagos por esses papéis. ;Nesse momento de tanta incerteza, em que se aposta em um novo mergulho da atividade, é melhor garantir taxas próximas de zero do que amargar perdas;, afirmou um analista.

Segundo ele, as preocupações com a recuperação da economia mundial ganharam força na última terça-feira, quando o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, divulgou comunicado de que ;o ritmo da retomada econômica (norte-americana) deve ser mais modesto no curto prazo do que havia sido antecipado;. Os temores se ampliaram anteontem diante da desaceleração da atividade na China e da previsão do Banco da Inglaterra de incremento econômico do Reino Unido menor que o estimado. Assim, o índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, recuou 0,86%%. Em Frankfurt, a queda ficou em 0,31%.

Bovespa sobe
Na abertura das negociações, tudo levava a crer que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teria mais um dia de prejuízos. Mas, sustentado pelas ações da Vale e da Petrobras, o pregão paulista virou o jogo e conseguiu encerrar o dia com ligeira alta de 0,27%, nos 65.966. As ações ordinárias (ON) da Vale subiram 0,85%, cotada a R$ 48,72. Já os papéis preferenciais (PN) da mineradora avançam 0,80%, para R$ 42,72. Petrobras ON, por sua vez, teve valorização de 0,16%, para R$ 31,70, e Petrobras PN, elevação de 0,11%, a R$ 27,53.

No mercado de câmbio, o dia foi de estabilidade de preços. O dólar foi negociado por quase todo o dia a R$ 1.770. Isso, apesar de o Banco Central ter feito, na hora do almoço, um leilão de compra da divisa para reforçar as reservas internacionais do país (veja matéria sobre o assunto na página 12). É interesse do BC e do governo conter a valorização do real, que vem sendo estimulada pelo fluxo positivo de recursos estrangeiros para o país.

GM LUCRA E FICA SEM PRESIDENTE
; No mesmo dia em que anunciou o seu melhor lucro trimestral em seis anos, a General Motors informou que seu presidente-executivo, Ed Whitacre, renunciou ao cargo. A saída ocorre em meio às expectativas de uma oferta inicial de ações (IPO, em inglês) da empresa, mecanismo usado pelo governo dos Estados Unidos para se desfazer de sua participação majoritária na montadora. Whitacre, que ficou apenas oito meses no comando da maior fabricante de veículos dos EUA, disse que deixará o posto em 1; de setembro. Ele será substituído por Dan Akerson, integrante do conselho da GM e diretor-geral do grupo Carlyle. O lucro líquido da GM totalizou US$ 1,3 bilhão segundo trimestre, contra US$ 865 milhões dos primeiros três meses do ano.

Cresce o desemprego

Washington ; O número de trabalhadores norte-americanos pedindo auxílio-desemprego inicial aumentou de forma inesperada, para o maior nível em quase seis meses, dando um novo sinal de fraqueza no mercado de trabalho. Segundo o governo dos Estados Unidos, houve um acréscimo de 2 mil pessoas no grupo de dependentes do benefício, agora totalizando 484 mil. ;Esse não é um bom número;, disse John Brady, analista da MF Global em Chicago. ;Os pedidos estão indo para o lado errado. Isso preocupa o mercado;, acrescentou.

Os dados vieram dois dias depois de o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, rebaixar sua avaliação sobre a saúde da economia e assegurar que adotará medidas para garantir o apoio à frágil recuperação da atividade. Não foi à toa que o pessimismo dos norte-americanos sobre os rumos do país voltou a aumentar, ampliando a preocupação do partido Democrata, do presidente Barack Obama, de um resultado negativo nas eleições parlamentares de 2 de novembro, segundo pesquisa da NBC News e do Wall Street Journal publicada ontem.

Vai piorar
Quase dois terços dos norte-americanos acreditam que a economia do país piorará antes de melhorar, mais do que os 53% que tinham tal opinião em janeiro. Cerca de seis entre 10 pessoas disseram que os EUA estão caminhando na direção errada. Mais da metade dos participantes desaprova a maneira com que Barack Obama administra a economia. A pesquisa também mostrou as pessoas divididas sobre o desempenho do presidente norte-americano no combate ao desemprego, com 48% dizendo que desaprovam e 47%, que aprovam.

A imagem do Congresso dos EUA, segundo a mesma pesquisa, ficou pior: 72% dos norte-americanos desaprovam o trabalho de deputados e senadores, um péssimo número para os que buscam a reeleição.

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