Economia

Puxado por alimentos, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo bate recorde

Índice segue em disparada e atinge 0,83% em novembro. Resultado faz indicador superar o centro da meta e expõe erro de avaliação do BC

postado em 09/12/2010 08:00
A última reunião de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, à frente do Comitê de Política Monetária (Copom) foi apimentada pela inflação de novembro. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,83% no mês ; a maior taxa mensal desde abril de 2005. No acumulado do ano, o índice chegou a 5,25%, comprovando o engano da autoridade monetária, quando projetou um cenário benigno para o fim do ano. Em 12 meses, a inflação é ainda maior: 5,63%. Mas o estrago já era esperado. A primeira prévia de dezembro do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getulio Vargas (FGV), também veio pesada. Computou 1,14%, a maior variação desde fevereiro de 2004. Eulina Nunes, coordenadora de pesquisa do Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), fala sobre o aumento da estimativa no mês de novembro Os preços dos alimentos, itens que têm peso maior no orçamento do brasileiro, puxaram a alta do mês. Somente as carnes encareceram 10,67% em novembro. No ano, o quilo do produto subiu 26,79%. ;A demanda externa e interna cresceu neste ano. A estiagem fez diminuir o número de animais. O abate de fêmeas, ocorrido em 2006, também diminuiu o tamanho do rebanho. Só agora isso começa a ser reposto;, explicou Eulina Nunes, coordenadora de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula o IPCA. Além da carne, açúcar cristal, batata, carne seca, frango e farinha de trigo apresentaram altas em novembro. Brasília Entre as unidades da Federação, Belém (PA) é a que está mais próxima de extrapolar a meta de inflação perseguida pelo BC, de 4,5% com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Lá, o custo de vida no ano acumula elevação de 6,45%. Brasília ficou na oitava posição no ranking de inflação do IPCA, com alta de 4,77% no ano. ;A inflação veio como uma paulada neste ano, mas o governo já começou a trabalhar com essa redução de oferta de crédito e recolhimento de compulsório; avaliou José Eduardo Balianz, professor de economia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Para Thiago Carlo Magno, economista da corretora Link Investimento, o número do mês veio pesado, mas deve desacelerar em dezembro. ;No atacado, o preço da carne não está subindo tanto. Provavelmente, chegou ao pico em novembro. No início do ano, é possível termos até deflação nesse produto.; Com a escalada dos preços dos alimentos acentuada neste fim de ano, quem mais sentiu o peso da inflação foi a população de baixa renda. No Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que avalia o custo de vida para as famílias com renda de até seis salários mínimos, a inflação avançou 1,03% em novembro. O número veio próximo da avaliação da FGV, que faz medição semelhante, o Índice de Preços ao Consumidor Classe 1 (IPC-C1), que avançou 1,33% no mês passado. No ano, a inflação dos mais pobres chegou a 5,83%. Não às microempresas Cristiane Bonfanti Pelo menos 600 mil micro e pequenas empresas poderão ser excluídas do Simples Nacional ; regime unificado de arrecadação de tributos ;, a partir de janeiro, por ultrapassarem o teto de faturamento permitido pela lei ou possuírem dívidas. A Câmara dos Deputados dificilmente terá condições de aprovar o Projeto de Lei Complementar n; 591/10, que propõe alterações no sistema, a tempo de ele ser votado no Senado até a semana que vem, antes do recesso parlamentar. O texto estava na sessão extraordinária de ontem, mas caiu, para dar espaço a propostas como a que regulamenta os bingos no Brasil. Nas contas da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), somente no Distrito Federal 12,5 mil empresas devem ser excluídas do sistema. No Brasil, há 4,4 milhões de unidades optantes pelo Simples Nacional. O projeto prevê que, para a microempresa, o limite de faturamento anual passe de R$ 240 mil para R$ 360 mil por ano, para que ela entre no regime. Sonegação À empresa de pequeno porte, o limite deve passar de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões anuais. ;Muitos empreendimentos já ultrapassaram essas marcas. O que acontece é que eles sonegam impostos para continuar no regime;, disse o presidente da Fenacon, Valdir Pietrobon. ;A melhor maneira de evitar esses problemas é corrigir a tabela;, defendeu o deputado federal e presidente da Frente Parlamentar Mista de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Claudio Vignatti (PT-SC), um dos autores do texto. Outra opção é o parcelamento das dívidas provenientes do não pagamento dos impostos e contribuições do Simples Nacional. ;Pelo fato de já estarem enquadradas no Simples, as empresas não podem renegociar os valores, porque já têm a facilidade dos descontos;, explicou o professor do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB) Eduardo Raupp de Vargas.

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