Economia

FMI prevê expansão de 4,5% e índice é o que mais sobe entre os Brics

Rosana Hessel
postado em 26/01/2011 08:28
Os indianos, na companhia dos chineses, são o povo mais beneficiado pela recuperação global neste ano e em 2012: investimento em infraestruturaO Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou de 4,1% para 4,5% a estimativa de expansão da economia brasileira neste ano. O Brasil foi o país que obteve o maior aumento nas projeções entre os Brics, grupo que reúne os principais emergentes ; Brasil, Rússia, Índia e China. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas) chinês e o indiano tiveram mudança na previsão, a Rússia ficou com uma correção menor.

A instituição multilateral de crédito manteve em 4,4% a previsão de crescimento do Brasil em 2012. Em comparação à média de expansão mundial calculada pelo Fundo, o ritmo do país superou os 4,4% esperados neste ano. O FMI ampliou em 0,2 ponto percentual a expectativa de crescimento da economia russa neste ano, para 4,5%. O organismo também manteve em 4,4% as projeções para a Rússia em 2012. No caso da China e da Índia, o órgão prevê que os dois países avancem, respectivamente, 9,6% e 8,4% em 2011, e, 9,5% e 8% em 2012.

;Essa revisão dos números do FMI é bastante positiva para o Brasil, pois confirma o momento positivo que o país atravessa. Mas é importante conter os gastos da máquina pública para não gerar inflação e piorar as contas do governo;, analisou o professor de Relações Internacionais do Ibmec-DF Creomar Lima Carvalho de Souza.

Ao divulgar ontem a revisão da última edição do estudo Panorama Econômico Global, o FMI afirmou que a reavaliação ocorreu diante do avanço da recuperação dos países afetados pela última crise, detonada em 2008. Mas a retomada ocorre em dois ritmos: os países desenvolvidos avançam mais lentamente do que os emergentes. A China e a Índia são os dois grandes motores para a expansão de 6,5% esperada para as nações em desenvolvimento neste ano e no próximo. Os dois países são, hoje, os que mais investem em infraestrutura.

Logística
;A confirmação da retomada do crescimento da economia mundial é um fator extremamente favorável para o Brasil, que é um grande exportador de produtos básicos. Eles devem continuar com os preços em alta, o que será melhor para o país;, afirmou Souza ao analisar as perspectivas do mercado externo. Em relação ao interno, o professor acredita que os investimentos em infraestrutura e logística necessários ajudarão a manter o consumo doméstico aquecido, gerando emprego e renda e contribuindo para uma expansão sustentável do país.

Os números otimistas do FMI, no entanto, tiveram um contraponto ontem na Europa, região que está com maiores dificuldades para se recuperar da crise. A economia da Grã-Bretanha surpreendeu os especialistas ao divulgar contração de 0,5% no PIB do quarto trimestre de 2010, depois que uma forte temporada de neve em dezembro pesou mais que o esperado. O mercado esperava expansão de 0,5% depois da alta de 0,7% registrada no trimestre anterior. Com isso, o índice FTSEurofirst 300, que mede o movimento das principais ações negociadas nas bolsas europeias, recuou 0,63%.


Desempenho internacional


Previsões de crescimento para 2011
(Em%)

Brasil - 4,5
Rússia - 4,5
Índia - 8,4
China - 9,6
Estados Unidos - 2,5
Zona do Euro - 3,0
Economias emergentes - 6,5
América Latina e Caribe - 4,3
Mundo - 4,4

Fonte: Fundo Monetário Internacional


FAO quer impedir especulação

O mundo se encaminha para uma crise alimentar, que prejudicaria principalmente os mais pobres e causaria instabilidade política. Por isso, é necessário impedir a especulação com a cotação dos itens alimentícios, afirmou o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o senegalês Jacques Diouf. ;Os preços mais altos continuarão nos próximos anos se deixarmos de combater as causas estruturais dos desequilíbrios no sistema agrícola internacional;, afirmou Jacques Diouf ao jornal japonês Nikkei.

Segundo Diouf, os subsídios e as tarifas de importação sobre produtos agrícolas contribuem para distorcer o equilíbrio entre oferta e procura. Em relatório publicado neste mês, a FAO informou que seu índice global de preços alcançou um recorde em dezembro, superando os níveis de 2008, quando uma alta generalizada no custo da alimentação desencadeou distúrbios em diversos países. Devido a questões climáticas, o valor de vários tipos de grãos pode subir ainda mais neste ano.

Para Diouf, as populações mais pobres serão, novamente, as mais afetadas, o que pode gerar inquietação social. A preocupação do diretor ecoa declarações feitas anteontem pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, no início de seu período à frente do G-20 (grupo das 19 maiores economias do mundo e a União Europeia). Sarkozy cobrou medidas contra a especulação no preço dos alimentos, tomando como exemplo os controles globais que foram estabelecidos para os mercados financeiros.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação