A vice-presidente de relações governamentais da Apple, Catherine Noveli, esteve em Brasília ontem e aproveitou para participar de uma reunião com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Apesar de a empresa de Steve Jobs não se pronunciar sobre o assunto, o mote do encontro foi a redução de impostos para tablets no país, bandeira defendida pelo ministro como forma de popularizar o produto.
No mês passado, Bernardo chegou a afirmar que negociará a inclusão de aparelhos como o iPad no programa do governo Computador para Todos. A ideia é dar aos tablets o mesmo tratamento que os desktops e os notebooks recebem, para baratear essa categoria de produto e estimular a fabricação nacional, bem como contribuir para a massificação dos acessos à internet. Atualmente, os tablets são classificados na mesma categoria dos telefones celulares, sem isenção de impostos.
Paulo Bernardo vai se encontrar amanhã com representantes da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) para tratar da redução de impostos para tablets. Segundo ele, já houve conversas com outras empresas, entre elas a Positivo, que sinalizaram com a oferta de tablets por R$ 500 caso o incentivo seja adotado.
Financiamento
Hoje, computadores de até R$ 4 mil têm isenção. Não fosse por isso, os preços poderiam subir até 9,25% se considerado o Pis-Cofins. Isso sem falar do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), aplicado a uma parte dos componentes. Outra proposta divulgada por Bernardo é negociar com Banco do Brasil, Caixa e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que sejam oferecidos financiamentos em até 24 prestações para a compra de computadores.
;O cidadão mais pobre compra e não olha o preço total.
Olha a prestação e vê se cabe no orçamento dele;, disse o ministro. Também não está descartada a possibilidade de enquadrar os tablets entre os produtos beneficiados pela Medida Provisória 517, que favorece a indústria nacional na produção dos equipamentos, voltados para atender ao Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Violação de privacidade
A Apple foi processada mais uma vez sob alegação de ter violado a privacidade dos usuários de iPhones e iPads. Agora, o autor da ação é um cliente da Califórnia (EUA). De acordo com ele, a empresa transmite dados que podem ser usados para identificar, sem consentimento, hábitos dos clientes. O processo também cita mais 50 réus e levanta a possibilidade de que os desenvolvedores de aplicativos usem os dados para lucrar com a elaboração de novos produtos. O caso se desdobra a partir do uso de identificadores de dispositivos únicos da Apple e de números de série associados a cada iPhone. Segundo consta na denúncia, a empresa permite a exibição dos identificadores. A ação ainda cita um artigo acadêmico, publicado no ano passado, segundo o qual 68% das aplicações testadas permitiram a identificação.
LAN-TAM investigada
Uma associação de consumidores chilenos conseguiu que o Tribunal de Defesa da Livre Concorrência (TDLC) iniciasse uma investigação sobre a fusão entre a companhia aérea chilena LAN e a brasileira TAM, o que poderá atrasar a operação prevista para ser oficializada este ano.
O TDLC acolheu um pedido da Corporação Nacional de Consumidores e Usuários do Chile (Conadecus) para investigar a fusão anunciada em 2010, sob o argumento de que ela pode prejudicar a livre concorrência. ;A fusão pode afetar os consumidores e usuários, as tarifas e a disponibilidade de serviços para os consumidores, principalmente na rota Santiago-São Paulo;, explicou o presidente do Conadecus, Hernán Calderón.
O TDLC é um órgão jurídico independente e sujeito à Corte Suprema chilena, que previne, corrige e sanciona as ameaças à livre concorrência. A partir de agora, ;as consultas sobre a fusão serão feitas a todas as instituições que tiverem alguma relação direta ou indireta com o caso, como a Direção Geral da Aeronáutica Civil, o Serviço Nacional do Consumidor, a Conadecus, companhias aéreas, agências de viagens, para citar alguns;, completou Calderón.
Bom atendimento garante a compra
Fábio Monteiro
Quando o consumidor precisa renovar o guarda-roupa, dá mais importância ao atendimento que recebe nas lojas do que ao preço. É o que aponta pesquisa elaborada pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi). Foram ouvidos 3.300 pessoas de todo o Brasil, de ambos os sexos e idade mínima de 15 anos. Deles, 51 % disseram que, na hora da compra de peças de vestuário, o mais importante é a forma como são tratados pelos atendentes. A variedade de produtos, descontos e promoções, facilidades de pagamento e qualidade aparecem na sequência dos quesitos lembrados pelos consumidores. O preço, fator determinante na compra de diversos outros bens de consumo, foi apenas o nono item lembrado.
Para Marcelo Villin Prado, diretor do Iemi, o fato de o valor da mercadoria não estar entre as prioridades dos consumidores é normal para o setor de vestuário, no qual a comparação entre os produtos é muito variável. ;Os preços dos eletrônicos, por exemplo, têm mais similiariedade, tornando-se mais importantes nas decisões de compras;, explicou. Ainda segundo ele, o atendimento ser apontado como o aspecto mais importante pelo consumidor mostra que o trato aos clientes merece uma maior atenção dos lojistas. ;Na média, os vendedores têm pouco treinamento, não conhecem os produtos que estão vendendo e só ganham salários se atingirem metas e, mesmo assim, os rendimentos são ruins;, acrescentou.
Os dados pesquisa do Iemi são confirmados por Gustavo Franco, subgerente de vendas da loja TNG do Shopping Iguatemi. Para ele, o cliente deve se sentir confortável na hora da escolha de um produto. ;É importante não sufocar o consumidor. Muitas vezes, quem está comprando é um pouco mais tímido ou apenas quer olhar os produtos. Então, é preciso dar esse espaço para que ele se sinta à vontade, livre na loja;, analisou. ;Faço questão de voltar aos lugares em que fui bem atendido;, revelou o jogador de futebol Iranildo, do Brasiliense.
De novo
O meia de 34 anos aproveitou a tarde de ontem para fazer compras com sua esposa, Elaine de Paula, 36, e com os filhos Yasmin, 12, e Yago, 9. ;Um bom atendimento fideliza o cliente. Quando a gente chega a um lugar que é bem atendido, a gente já sabe onde deve ir quando precisar de novo;, confirmou a esposa do atleta.
A advogada Rafaela Moreira, 26 anos, reforça tal avaliação. A seu ver, o bom atendente é aquele que não é insistente, mas também pode dar conselhos. ;Sou muito tímida, e não gosto de ser pressionada. Já desisti de compras que ia fazer porque me senti incomodada com a abordagem;, contou. O juiz Marcelo Moreira, 37 anos, também gosta de uma abordagem mais discreta. ;O importante é valorizar o cliente e não constrangê-lo;, resumiu.