Economia

Os desafios da Apple na era pós-Steve Jobs

postado em 28/08/2011 08:00
A aposentadoria de Steve Jobs, na última quarta-feira, motivada por problemas de saúde, reabriu o baú de especulações no que se refere ao futuro do mundo da tecnologia. Passado o susto das primeiras horas após a divulgação da saída do executivo ; os papéis da Apple ensaiaram uma queda próxima a 5%, mas logo se recuperaram ; os olhos do mundo se voltam para Tim Cook, pupilo do homem que inventou o iPad e novo líder da companhia número um no mundo. A resposta dos investidores não poderia ter sido melhor: na última sexta-feira, as ações da Apple subiram 2,19% na bolsa Nasdaq, de Nova York, o que elevou o capital da empresa a US$ 355 bilhões, de forma a superar a Exxon Mobil, avaliada em US$ 353 bilhões, e se tornar a empresa com papéis em bolsa mais valiosa do mundo. Resta saber se Cook conseguirá fazer justiça à confiança depositada nele.

Desde janeiro, quando Jobs entrou em licença médica em razão de um câncer no pâncreas, Tim é quem, na prática, comanda a Apple. Com base nisso, não há motivos para crer em mudanças bruscas no rumo da companhia. O próprio Cook garantiu isso em um e-mail interno enviado aos funcionários assim que assumiu oficialmente a presidência. Além disso, mesmo afastado, Steve continua a fazer parte do grupo de conselheiros da empresa, posto no qual certamente não deixará de dar seus pitacos para orientar a nova diretoria. ;A Apple é a vida de Steve Jobs. Presidente ou não, ele continuará envolvido nas decisões da empresa enquanto tiver condições;, avalia Carolina Milanesi, analista da consultoria Gartner.

Não há como esconder, contudo, que cedo ou tarde a Apple terá de reorganizar, mesmo que sutilmente, a estrutura de trabalho. O papel de Jobs na empresa sempre foi além do de um executivo comum. O ponto forte da genialidade desse ícone da tecnologia é a capacidade de tornar a informática algo tão simples que qualquer pessoa consiga usar os produtos desenvolvidos por ele de forma intuitiva. Jobs é também um mestre da arte de identificar e antecipar o desejo dos consumidores. Isso sem contar que, seu carisma o transformou, ao mesmo tempo, em garoto-propaganda da Apple e ídolo dos aficionados por tecnologia. Sua presença é tão importante que, em março último, ele abandonou a licença médica para fazer a apresentação de lançamento do iPad 2.

Cook, por outro lado, é considerado um trabalhador metódico. Foi ele o responsável por negociar com as principais operadoras de telecomunicações a comercialização do iPhone e também pelo planejamento da venda dos produtos em escala internacional. ;De fato, Jobs é uma das grandes forças criativas da companhia, mas não se pode dizer que ele fez tudo sozinho. Duvido que a Apple deixará de ser inovadora;, pondera Henrique Campos Junior, analista da Marco Consultoria. O desafio que se apresenta à nova diretoria da Apple é semelhante ao vivido pela Microsoft, quando Bill Gates se aposentou, em 2008. Sem o criador do Windows, a Microsoft ficou para trás de concorrentes como a própria Apple, do Google e do Facebook e, até hoje, luta para recuperar os tempos áureos.

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