Economia

Financiamento da economia solidária é desafio, apontam organizações

postado em 10/12/2012 16:08
Cerca de 600 representantes de organizações de economia solidária de todo o país estão reunidos para fazer um balanço sobre a área e discutir os desafios para os próximos anos. A 5; Conferência Nacional da Economia Solidária ocorre em Luziânia (GO), cidade a cerca de 60 quilômetros da capital federal.

Um dos desafios apontados é o acesso ao financiamento para os empreendimentos econômicos solidários. A representante da Rede Universitária de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares, do Ceará, Ana Dubeaux, aponta a necessidade de implementação de um fundo com recursos públicos para financiar o trabalho das organizações.

;De 2003 para cá, começamos a ter políticas públicas para a economia solidária, mas elas ainda são muito fracas. Não existe um fundo público que apoie o investimento nos empreendimentos que estão querendo se organizar em forma de trabalho associado que é fundamental para a economia solidária existir;, disse, acrescentando que as políticas públicas governamentais têm se destinado, principalmente a formação e ao mapeamento das atividades e não oferecem recursos suficientes para a aquisição de maquinário.

Ana Lourdes de Freitas, do Empreendimento Econômico Cultural Templo da Poesia, de Fortaleza (CE), também cita o desafio da sustentabilidade dos empreendimentos e a necessidade de uma lei federal que regulamente a atividade. A organização da qual Ana Lourdes faz parte busca sensibilizar o público para as artes e faz também apresentações pagas para custear as despesas do grupo. ;Assim com as grandes empresas recebem investimentos para crescerem, acreditamos que também os empreendimentos da economia solidária precisam de investimento para que se expandam. Queremos produzir para que a comunidade local consuma;.

A conferência nacional ocorre a cada três anos e o momento de debates é também para tratar de avanços alcançados desde o último encontro. O crescente reconhecimento da economia solidária é apontado como um dos avanços por Ana Dubeaux. ;Temos conseguido fazer com que haja um reconhecimento da economia solidária que começa a existir nas estatísticas, começa a ter políticas públicas voltadas para ela e um olhar da sociedade em geral;, disse.

O índio guarani Vanderley Martins, da Aldeia Jaguapireu, de Dourados (MS), veio para a conferência com outros 29 indígenas e conta que os índios estão entre os primeiros praticantes da economia solidária, já que sempre fizeram trocas. Ele coordena um grupo que produz artesanato e com os produtos também busca difundir a cultura indígena. A economia solidária é para eles uma importante fonte de geração de renda.



;Temos um banco comunitário na nossa cidade, o Banco Pire, que tem um valor em caixa. O empreendimento vai lá, faz o empréstimo e paga em parcelas com juros muito pequenos. Nosso grupo Guaté trabalha com artesanato, acessórios e junto com o artesanato vai uma embalagem que conta nossa história. Quando chegamos à comunidade com o resultado do nosso trabalho, é muito gratificante;, contou.

A 5; Conferência Nacional da Economia Solidária começou ontem (9/12) e vai até o dia 13 de dezembro com o tema Bem-Viver, Cooperação e Autogestão para o Desenvolvimento Justo e Sustentável. Uma das definições da economia solidária é a de uma atividade de geração de trabalho e renda com inclusão social. Compreende práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações e empresas autogestionárias.

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