Economia

Economista fala das incertezas na economia e reflexo no mercado de trabalho

Economista propõe que o governo faça ajustes na política fiscal para permitir o resgate da confiança do empresariado e mais investimentos

Paulo Silva Pinto
postado em 21/07/2013 06:03


O sinal de alerta na economia está aceso. Para Zeina Latif, sócia da Gibraltar Consulting, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá ter crescimento bem mais moderado neste semestre, e no mercado de trabalho haverá poucas boas notícias. A economista vê riscos de o desemprego aumentar. Nos primeiros seis meses, a expansão modesta foi impulsionada pelo investimento.

Seria até algo a comemorar, indicando confiança dos empresários e disposição deles em ampliar a capacidade produtiva. O problema, ressalta Zeina, é que grande parte das vendas da indústria de máquinas e equipamentos foi direcionada à compra de itens que só substituíram o que estava defasado.

Houve, portanto, muito pouco reforço no parque produtivo. O investimento não é robusto, porque falta segurança às empresas em relação à economia, reflexo das inquietações do cenário externo, mas também de mensagens confusas do governo. Com inflação em alta, corroendo a renda dos trabalhadores, Zeina não conta mais com o consumo para impulsionar o PIB. E também não é da demanda externa que virão soluções. Assim, suas perspectivas para este ano e para 2015 são negativas.

A economista sugere ao governo promover ajustes, eliminando sobretudo políticas de incentivo à produção e ao consumo. Ela admite que isso pode até acentuar os efeitos negativos neste momento, mas ressalta que poderia restaurar a confiança e nos levar, em breve, a novo ambiente de expansão.


O IBCBr, indicador de atividade
econômica do Banco Central,
registrou queda de 1,4% em maio.
Isso a surpreendeu?
Não. Ficou bem próximo do que os economistas esperavam, devido aos resultados da produção industrial e das vendas no varejo. Como o ambiente tem piorado, a tendência é de que as previsões do ano sejam revisadas para baixo. Estamos em um mundo mais difícil, e há incertezas domésticas também. A desvalorização do real vai ajudar alguns setores, sobretudo exportadores e os que concorrem com importados. Mas haverá também implicações negativas para investimentos. Tudo o que define a trajetória de investimento, aqui dentro e fora do país, aponta para baixo.

A senhora vê algum
risco de recessão?
Ainda não dá para dizer isso, mas, sem dúvida, já vivemos dias melhores. Teremos neste ano um Produto Interno Bruto (PIB) mais magro que o esperado. Apesar do resultado decepcionante, o IBCBr ainda sugere resultado positivo no primeiro semestre. O receio é sair desse ambiente de crescimento modesto para algo mais difícil. A variável chave do crescimento no primeiro trimestre foi o investimento, mas tenho dúvidas sobre a qualidade desse movimento. As vendas da indústria de bens de capital não são destinadas à ampliação da capacidade produtiva, mas à reposição de equipamentos velhos.

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