Economia

"Intervencionismo do governo é nocivo ao país", diz diretor do Goldman Sach

Diretor do Banco Goldman Sachs, o analista português critica a política econômica do Brasil e afirma que é preciso fazer urgentemente um ajuste nas contas públicas, mais restritivo

postado em 05/12/2013 06:04


A queda de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano é resultado da deterioração da política econômica do governo de Dilma Rousseff, diz o economista português Alberto Ramos, diretor do Grupo de Pesquisas Econômicas para a América Latina do gigante financeiro Goldman Sachs, um dos maiores bancos do mundo. ;Temos hoje um quadro macroeconômico de baixo crescimento, inflação alta e generalizada, câmbio desalinhado e custos de produção muito elevados em relação aos níveis internacionais;, afirma.

No entender dele, as intervenções feitas por Dilma na economia tornaram as políticas econômicas do Brasil ;menos previsíveis;, sobretudo depois da ;clara erosão; do quadro fiscal do país. Ramos fala com conhecimento de causa. Antes de ingressar no Goldman Sachs, trabalhou como economista sênior do Fundo Monetário Internacional (FMI), para o qual avaliava as políticas fiscais de nações em desenvolvimento, como a Argentina, a Turquia e o Brasil.

;A erosão da política fiscal brasileira abalou a confiança de famílias e dos empresários a tal ponto que, hoje, as grandes agências de rating internacionais puseram o governo de sobreaviso. Caso essa tendência não mude, pode vir um rebaixamento da nota de crédito do Brasil;, avisa Ramos. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida por Ramos ao
Correio.



O Brasil vive, atualmente, um momento de descrédito mundial. Os organismos internacionais, como o FMI e a OCDE, questionam as contas públicas, e agências de classificação de risco sinalizam que podem cortar a nota de crédito soberana do país. Na sua avaliação, quais motivos levaram a esse quadro?
A qualidade da política macroeconômica vem se deteriorando de forma clara, e o desempenho da economia (brasileira) continua a desapontar. Essa política (do governo Dilma Rousseff) tem um viés intervencionista, heterodoxo, e se tornou menos previsível. Houve também uma clara erosão da política fiscal, levando a um aumento da dívida bruta. Isso abalou a confiança de famílias e empresários a tal ponto que, hoje, as grandes agências de rating internacionais já puseram o governo de sobreaviso. Caso essa tendência não mude, pode vir por aí um rebaixamento da nota de crédito do Brasil.

Desde 2009, o governo brasileiro vem adotando o que o mercado convencionou chamar de ;truques contábeis; para fechar as contas públicas anuais. Qual a sua avaliação sobre o verdadeiro esforço fiscal feito pelo governo?
Tem sido insuficiente. Acredito que as políticas fiscal e parafiscal, o que inclui (os repasses dos) bancos públicos, deveriam ser mais restritivas. Assim, dariam uma ajuda à já árdua missão do Banco Central (BC) de reduzir a inflação e trazer para baixo também as expectativas para a alta dos preços. Se a política fiscal não for mais restritiva, será muito difícil para o BC trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5%.

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