Economia

Prejuízo para economia de Itaóca pode chegar a R$ 7 milhões, diz prefeitura

Além do prejuízo material, há o sentimental. Até momento, 12 mortes foram confirmadas

postado em 15/01/2014 18:52
Itaóca (SP) ; Com uma vocação econômica voltada para a pecuária de corte e de leite, o município de Itaóca registra um prejuízo de pelo menos R$ 3,5 milhões, segundo estimativa da prefeitura, depois da enxurrada que devastou a cidade no último domingo (12/1). Até momento, 12 mortes foram confirmadas. ;Isso somando perda de patrimônio, produção, sem calcular a parte urbana. Deve chegar a mais de R$ 7 milhões, se juntar tudo. Vamos precisar de ajuda para nos reerguer;, disse o prefeito Rafael Camargo. O Produto Interno Bruto (PIB) do município é R$ 16,3 milhões.

Na divisa com o Paraná, Itaóca fica a aproximadamente 360 quilômetros (km) de São Paulo. O acesso pode ser feito pela Rodovia Régis Bittencourt, passando pela cidade de Registro, ou pelas rodovias Raposo Tavares e Castello Branco, nas proximidades de Sorocaba. Chegando a Apiaí, município a 20 km, um caminho tortuoso na serra leva a pequena cidade no Vale do Ribeira. Com pouco mais de 3,3 mil habitantes, a tragédia marcou os moradores neste início do ano.

Um dos comerciantes que contabiliza prejuízos é Jaime Silva, de 67 anos. O mercado, que funciona na rua principal da cidade há seis anos, foi inundado pela água do rio, que chegou a pelo menos 1 metro e meio, conforme a marca na parede. ;Foi perda total. Perdemos pelo menos uns R$ 250 mil;, calculou. Ao lado do armazém, a casa dele também foi tomada pelas águas e não restou um móvel em bom estado. ;Na hora da enxurrada, minha mãe [de 87 anos] ficou flutuando em cima de uma cama. Também tinha eu, minha esposa e uma filha. A gente subiu nos móveis e esperou baixar;, relatou. A família está abrigada na casa de parentes.


Além do mercado, Jaime informou que também perdeu algumas cabeças de gado. ;Nunca vi nada parecido como isso aqui. A enchente de 1997 foi bem menos do que essa;, relembrou. Segundo relato de diversos moradores, naquele ano, a ponte central da cidade também foi afetada e não suportou a força da chuva, arrebentando. Ainda de acordo com os habitantes de Itaóca, a ponte foi refeita no ano seguinte com concreto na base e reforço das pilastras.

[SAIBAMAIS]O governo estadual avalia que a tragédia foi uma excepcionalidade, pois a obstrução na ponte sobre o Rio Palmital fez com que ele desviasse o curso e atingisse as casas. ;Houve deslizamento de uma serra, que trouxe grandes árvores, e quando chegou à ponte, a ponte antiga, cheia de pilares, aquilo formou um dique, e o rio saiu do leito. Formou um outro rio do lado, levando as casas de um bairro;, disse o governador Geraldo Alckmin, ao visitar a cidade nessa terça-feira (14/1).

O prefeito de Itaóca espera que a reconstrução da ponte, anunciada pelo governo do estado, impeça novos desastres. ;[Depois de 1997], fizeram [a ponte] mais firme, mas, ainda assim, foi um problema, porque ela não cedeu. Agora vai ser mudada toda a ideia da estrutura da ponte. Vai ser feita em arco, sem apoio em baixo, para facilitar o fluxo do rio;, declarou. Ele também avalia que o caso foi excepcional, pois não havia registros frequentes de problemas com cheia do Palmital. ;Não subestimamos [o rio]. O excesso de árvores contribuiu também para que tudo ficasse retido. As árvores também formaram uma trincheira, tirando o peso da ponte e represando a água;, disse.

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