A concentração do mercado de telecomunicações começa a tomar forma, tanto no Brasil quanto no mercado mundial. O governo brasileiro, que defendia a ampla concorrência no setor, deu um tiro no pé ao promover o leilão de 4G apenas para fazer caixa. Ontem, os acionistas da Portugal Telecom aprovaram a fusão com a brasileira Oi, e a mexicana América Móvil, dona da Telmex (Claro/Embratel/NET), admitiu participar de uma oferta conjunta de compra da TIM, operadora da Telecom Italia no país. Claro, Vivo e Oi pretendem adquirir a concorrente italiana e fatiá-la. Em paralelo, a Telefónica, espanhola dona da Vivo, negocia com o grupo francês Vivendi a compra da GVT.
[SAIBAMAIS]Diante dos altos investimentos necessários para entrar no nova tecnologia 4G, as empresas buscam se unir, mas, na opinião de especialistas, essas negociações não serão de fácil aprovação pelos órgãos reguladores brasileiros. O mercado, contudo, gostou da movimentação que vai reduzir a prestação de serviços de telecomunicações das atuais quatro grandes operadoras para três gigantes. As ações das companhias do setor ficaram entre as únicas quatro valorizações do pregão de ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (BM), que caiu 2,45%. Os papéis da TIM tiveram a maior alta do dia, de 5,36%, enquanto os da Telefônica do Brasil subiram 1,35% e os da Oi, 1,25%.
Em Lisboa, os acionistas da Portugal Telecom (PT) aprovaram a fusão com a brasileira Oi, afastando as incertezas sobre a operação após o calote de um investimento da operadora portuguesa de 900 milhões de euros de dívida da Rioforte. Depois da confusão que envolveu os papéis podres da Rioforte, a participação da PT na Oi caiu de 38% para 25,6%, mas os termos do negócio foram aprovados com o voto favorável de 98,25% dos acionistas.
Na Cidade do México, o diretor financeiro da América Móvil, Carlos Garcia Moreno, disse que a Claro participará da oferta conjunta de compra da TIM. ;A Oi apresentou uma oferta e disse que eles poderiam incluir outras operadoras. Vamos conversar com eles;, afirmou, acrescentando que financiar um possível acordo pela segunda maior operadora de celular do país não seria um problema e que a companhia poderia contrair dívida.
Procuradas, Claro, TIM, Oi e Vivo não comentam o assunto. Porém, no fim de semana, o presidente executivo da Telecom Italia, Marco Patuano, deu a entender que está aberto a negociações, apesar de ter dito antes que a subsidiária brasileira era estratégica para a companhia italiana. ;A TIM Brasil é um ativo- chave, mas estamos abertos a todas as opções.;
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