Economia

ONU vê avanço da economia brasileira, mas diz que previsão será reduzida

Entre as grandes nações emergentes, o país só terá desempenho melhor do que a Rússia, que enfrenta sanções

Antonio Temóteo
postado em 11/09/2014 06:00
Entre as grandes economias, o Brasil só registrará um crescimento econômico maior, em 2014, do que a Rússia ; que sofre diversos embargos por causa da guerra na Ucrânia ;, a França e a Itália, mergulhadas em recessão. Esses dados fazem parte de relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) que prevê alta de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país neste ano. Entretanto, a entidade já admite que esse número deve ser revisto para baixo. Isso porque o levantamento foi concluído em julho e vários indicadores negativos foram divulgados posteriormente, apontando para uma geração de riquezas que não deve ultrapassar 0,5%.

[SAIBAMAIS]O economista da Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Antonio Carlos Macedo, encarregado de apresentar os dados, explicou que o estudo projeta um crescimento de apenas 2,7% para a economia global ; ainda assim superior ao desempenho brasileiro. De acordo com o estudo, a baixa expansão é fruto das políticas econômicas austeras adotadas em grande parte dos países para combater a crise global. Essas políticas, conforme o documento, privilegiam o mercado financeiro, mas não têm produzido benefícios para a atividade produtiva real. A Unctad defende medidas para aumentar os salários, o que estimularia a demanda interna e tornaria mais justa a distribuição de renda.

Conforme Macedo, a entidade avalia que economias emergentes, como o Brasil, precisam aumentar os investimentos domésticos, tanto públicos quanto privados, e reforçar as políticas industriais para diversificar e ampliar o Produto Interno Bruto (PIB). ;O crescimento mundial é lento e precisa ser reativado também por meio de acordos internacionais que não restrinjam a autonomia das nações para tomar decisões que possam ser contestadas em câmaras como a Organização Mundial do Comércio (OMC);, disse.

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Na opinião de analistas, os resultados apresentados pela ONU mostram que o discurso do governo de que o país cresce pouco porque o mundo está em crise não tem base na realidade. Entre as economias emergentes, o Brasil só avançará mais do que a Rússia. A Índia registrará alta duas vezes maior que a média mundial e a China, quase três vezes.
Por outro lado, algumas das sugestões da Unctad para a retomada do crescimento global e do Brasil contrariam, por exemplo, citações da agência de classificação de risco Moody;s, que reduziu a perspectiva do rating soberano do Brasil. A decisão levou em consideração a queda, desde 2011, do superavit primário, a economia que o governo precisa fazer para garantir o pagamento da dívida pública. Segundo a Moody;s, a nota brasileira poderia voltar a ficar estável se o país voltasse a fazer uma economia de 2% a 3% do PIB. A medida, porém, poderia restringir investimentos públicos.

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