Economia

Greve dos bancários fecha 7.676 agências em todo o país

De acordo com o comando dos profissionais, a paralisação, esse ano, está mais forte e mais organizada

Vera Batista
postado em 01/10/2014 19:21

A greve dos bancários encerrou nesta quarta-feira (01/10) o seu segundo dia. O movimento é por tempo indeterminado, até que os representantes dos bancos apresentem nova proposta às reivindicações da campanha salarial 2014. Se segundo balanço da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), subiu para 7.673 o número de agências fechadas em todo o país na quarta-feira. Foi um crescimento de 16,75% (1.101 agências a mais), em relação ao primeiro dia de greve, quando 6.572 unidades foram fechadas.

No momento, há um impasse nas negociações: a Confederação Nacional dos Bancos (Fenaban) oferece reajuste de 7,35%, mas a Contraf não aceita menos que 12,5%. Apesar da batalha entre patrões e empregados, os clientes não ficaram prejudicados, especialmente os aposentados e pensionistas do INSS. De acordo com o comando de greve dos bancários, a paralisação, esse ano, está mais forte e mais organizada. A orientação é destacar um funcionário para atender os idosos, auxiliá-los nas máquinas de autoatendimento e cuidar para que saiam das agências em segurança.

A secretária Marinalva Santos, 52 anos, contou que não teve problemas. "Conheço a greve anual deles (bancários). Me preparei. Adiantei todos os pagamentos. Acabei esquecendo de retirar dinheiro. Mas foi rápido e fácil", disse. O casal Aurélio (82) e Maria Aparecida Gomes (79) estava em uma chácara no interior de Goiás. "Nem ouvi falar da greve", disse ele. "Ficamos sem dinheiro até para pagar o táxi. Enfim, consegui resolver tudo. Eles foram muito bonzinhos", complementou ela.

Os protestos seguiram sem incidentes, ontem, ao contrário do primeiro dia (terça-feira). Em Brasília, houve um início de tumulto. Segundo denunciou o Sindicato dos Bancários da capital, o presidente do Banco da Amazônia, quando percebeu a grande adesão dos funcionários na agência do Setor Bancário Sul, ameaçou fechar a unidade de Brasília e demitir os funcionários. "Essa atitude configura prática antissindical e deve ser denunciada", afirmou Paulo Frazão, diretor do sindicato. Hoje, os trabalhadores voltam a se reunir em assembleia para decidir o rumo do movimento.

A Fenaban, em nota, reafirmou que confia "na manutenção das negociações para um desfecho da convenção coletiva 2014/2015". E ressaltou que o consumidor tem vários canais para as transações financeiras, tais como a internet, o banco por telefone, o aplicativo do banco no celular. Além dos caixas eletrônicos e da rede 24 horas, disponíveis em supermercados, aeroportos, shoppings, lojas e centros comerciais. E também os correspondentes bancários, espalhados por todo o Brasil.

Autonomia do Banco Central

Hoje, as manifestações prometem ser mais robustas em 10 capitais. A categoria fará atos localizados contra as propostas de independência do Banco Central e em defesa do fortalecimento das instituições públicas. Em frente à sede do Banco Central, em Brasília, os bancários vão protestar às 17 horas. Haverá atos também, em horários diferentes (entre as 10 da manhã e as 4 da tarde), nas representações do BC em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza e Belém.

Segundo Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, os bancos privados e alguns candidatos à Presidência da República querem enfraquecer as instituições financeiras públicas e eliminar um excelente instrumento nacional de fomento. Por isso, colocaram no debate pautas como a independência do BC, a limitação do papel dos bancos públicos e o fim do crédito direcionado.

O objetivo dos bancários é esclarecer a população, disse, sobre os riscos que o país corre se essa agenda for concretizada. Cordeiro lembrou que, na crise de 2008, enquanto os bancos privados fecharam as torneiras e encareceram o crédito, BB, Caixa, BNDES, BNB e Banco da Amazônia ampliaram a participação na oferta de crédito, saltando de 36% para 51% entre janeiro daquele ano e dezembro de 2013, reduzindo com isso os efeitos negativos da crise e mantendo o mercado de consumo aquecido e gerando empregos.

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