Economia

Natal deste ano promete ser de juros gordos e vendas magras

Um dia após o Banco Central elevar a Selic, as taxas das operações de crédito já engrossam o aperto financeiro e deverão inibir ainda mais o consumo no fim do ano. O cheque especial agora cobra 183,28% anuais, o maior percentual desde 1999

postado em 31/10/2014 08:03
O brasileiro que está pensando em tomar crédito nos próximos meses pode começar a preparar o bolso. A retomada da alta de juros pelo Banco Central (BC), que anunciou na noite de quarta-feira mais uma elevação na Selic, de 11% para 11,25% anuais, deverá pesar ainda mais no custo de empréstimos e financiamentos. A escalada dos juros, que já estão em patamar elevado, baterá pesado justamente quando o consumidor mais precisará de dinheiro, durante as festas de fim de ano, o que poderá prejudicar as vendas de Natal.

O chefe do Departamento Econômico, Tulio Maciel, deixou claro que, daqui em diante, a situação será de aperto ainda maior. ;Esperamos moderação do crédito nos próximos meses;, resumiu. Ele ressaltou que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic em 0,25 ponto percentual tem como objetivo justamente reduzir a oferta de dinheiro em circulação e tornar os empréstimos mais caros, de modo a frear o consumo das famílias e, assim, tentar conter a inflação.

Um dia após o Banco Central elevar a Selic, as taxas das operações de crédito já engrossam o aperto financeiro e deverão inibir ainda mais o consumo no fim do ano. O cheque especial agora cobra 183,28% anuais, o maior percentual desde 1999O resultado desse aperto será um fim de ano de vendas fracas no varejo, observou o economista-chefe da Boa Vista Serviços, Flávio Calife. ;Na melhor das hipóteses, teremos um Natal morno, com crescimento pequeno sobre 2013;, acrescentou. O sufoco será maior para os consumidores, que, por não terem acesso a empréstimos baratos, como o consignado, acabam recorrendo às linhas emergenciais, que têm taxas bem mais caras.


É o caso do cheque especial. Em setembro, a alta dos juros nessa modalidade chegou a 10,5%. Em média, uma pessoa que recorreu a esse tipo de operação teve de arcar com taxa de 183,28% ao ano, conforme dados divulgados ontem pelo BC. É o maior patamar em 15 anos, atrás apenas dos juros praticados pelos bancos em abril de 1999, quando a média dessa linha de crédito era de 193,65%.

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