Economia

Indústria brasileira diminui presença nos grandes centros urbanos

O levantamento da CNI mostra que o estado de São Paulo foi o que mais perdeu participação no Produto Interno Bruto (PIB) da indústria durante a década avaliada

Rosana Hessel
postado em 06/11/2014 12:07
A indústria brasileira vem diminuindo a presença em grandes centros urbanos e ganhando terreno em regiões menos desenvolvidas, como Norte e Nordeste entre os anos 2001 e 2011. Essa é uma das conclusões do estudo Perfil da Indústria nos Estados feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta quinta-feira (6/11) durante o segundo e último dia do 9O Encontro Nacional da Indústria (Enai).

"O aumento da descentralização reflete o crescimento da renda em regiões antes menos desenvolvidas. Isso fez com que a indústria também migrasse", explicou Fonseca, evitando falar em guerra fiscal entre os estados.

O levantamento da CNI mostra que o estado de São Paulo foi o que mais perdeu participação no Produto Interno Bruto (PIB) da indústria durante a década avaliada. Encolheu 7,7%, mas manteve-se na liderança total com R$ 1,3 trilhão. Por outro lado, o Rio de Janeiro foi o que mais registrou aumento na participação do PIB no mesmo período: 2,5%, graças ao desenvolvimento da indústria de petróleo, de acordo com o economista Renato da Fonseca, gerente executivo de pesquisa da CNI. Em terceiro lugar ficou Minas Gerais, com alta de 2,2% na participação no PIB.

Apesar de o corte do estudo ser de 2011, quando a participação da indústria no PIB era de 31,3%, é inegável a perda de participação do setor na economia. De acordo com Fonseca, essa fatia vem encolhendo ano a ano. Em 2013, era 27%, e, neste ano, está 25%. ;A tendência é a indústria continuar piorando. E essa crise não é recente. Começou em 2004 e houve uma aceleração do processo de perda de competitividade. Com isso, o empresário vem perdendo a confiança e deixando de investir. O baixo investimento é processo muito sério. Se não há investimento, a produtividade não aumenta e cresce a perda de competitividade;, destacou o especialista.

As regiões Norte, Centro Oeste e Nordeste foram as que registraram aumento na participação do PIB durante os 10 anos analisados pelo estudo. O Norte cresceu 1,9%. O Centro Oeste cresceu 1,3%. Já o Sul encolheu 2,1%. E o Sudeste recuou 1,7%.

O Distrito Federal, teve uma perda de 0,2% na participação do PIB entre 2001 e 2011, para 5,6% no total, ou R$ 9,2 bilhões. O DF responde por 1,4% do total das indústrias que atuam no país, empregando 117 mil trabalhadores. O salário médio é de R$ 2,3 mil. A unidade federativa é responsável por 1,7% das exportações. Em 2013, enviou para o exterior o equivalente a US$ 4 milhões, o menor valor entre os demais estados.

Os indicadores conjunturais recentes mostram que a taxa confiança do empresário está abaixo de 50 pontos nas regiões Sul e Sudeste, que foram as que mais perderam participação no PIB, de acordo com Fonseca. Já no Norte, Nordeste e Centro Oeste está acima, mas ainda em níveis baixos.

Agenda

O diretor de política estratégica da CNI, José Augusto Fernandes, destacou três prioridades na agenda da indústria com 42 propostas que o setor pretende dialogar com o novo governo e que está sendo debatida nesses dois dias de Enai. ;Por isso estamos discutindo uma agenda para a competitividade para aumentar o investimento da indústria. Isso traz novas tecnologias e mudanças estruturais de longo prazo;, completou. Ele destacou três principais: investimento em infraestrutura, reforma tributária e revisão e segurança jurídica nas questões trabalhistas.

Fernandes fez questão de destacar que a definição de uma agenda com prazos e metas pelo novo governo é crucial para melhorar a confiança dos empresários e dos investidores. ;É preciso que o governo inicie 2015 apresentado ao setor privado e a sociedade a sua agenda. Onde pretende chegar e de que forma pretende chegar. Todo início de governo é um momento de geração de esperanças e novos objetivos. E ele precisa usar o capital político neste início de mandato, que costuma ser maior;, avaliou. ;Nosso objetivo é dar continuidade ao processo de mobilização permanente de que o país precisa de pressa para avançar na agenda de competitividade;.

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Em relação à demora na definição dos integrantes do novo governo, principalmente, quem comandará um dos principais ministérios, a Fazenda, o diretor da CNI destacou que ;quanto melhor forem os ministros, melhor as chances dessa agenda (de competitividade) se desenvolver;. Ele sinalizou que espera que a presidente faça boas escolhas. ;É fundamental que o governo desde o inicio se organize para enfrentar essa agenda que possa permitir o país crescer mais até 2018;, emendou.

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