Economia

Banco central dos EUA sinaliza para possível aumento das taxas de juros

"Não podemos dar certeza e não devemos fazer isso porque a evolução da economia é incerta", afirmou a presidente do FED

Agência France-Presse
postado em 18/03/2015 19:55
O Federal Reserve (Fed) deu outro passo nesta quarta-feira (18/3) em direção à normalização de sua política monetária, abandonando seu compromisso de demonstrar "paciência" antes de elevar sua taxa de juros.

Ao fim da reunião de dois dias em Washington, o Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC) confirmou novamente a manutenção de suas taxas perto de zero, nível em que se encontram desde 2008, com o objetivo de reativar a economia.

O Banco Central inovou, contudo, na semântica a fim de enviar um sinal aos mercados que esperavam uma decisão. No comunicado final a instituição não faz referência à "paciência" à qual se referiu nas últimas duas reuniões para justificar a manutenção da medida de política monetária.

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"Conforme nosso comunicado anterior, o Comitê estima que uma alta das taxas de fundos federais continua sendo improvável durante a reunião do Comitê Monetário de abril", prevista para 28 e 29 do mês que vem, diz o comunicado.

"Essa mudança na mensagem de orientação não significa que o Comitê tenha decidido uma data para o primeiro aumento das taxas", acrescentou o Fed.

A presidente do Fed Janet Yellen reforçou esse posicionamento na coletiva de imprensa, reiterando que "a mudança da nossa mensagem de orientação não deve ser interpretada como um calendário de alta das taxas, dizendo que o Fed não se demonstrará impaciência.

"O simples fato de termos retirado o termo ;paciente; do comunicado não significa que seremos impacientes", explicou Yellen, embora não tenha descartado a possibilidade de elevação das taxas nas próximas reuniões.

"Não podemos dar certeza e não devemos fazer isso porque a evolução da economia é incerta", afirmou.

Em seu comunicado, adotado por unanimidade, o Fed afirmou que não seria "apropriado" elevar as taxas até que sejam constatadas "novas melhorias" no emprego e quando tiver "confiança razoável" de que a inflação alcançará a meta de 2% ao ano.

Inflação em queda

Em defesa da manutenção da taxa de juros, o Fed destaca alguns pontos fracos da economia americana. Embora reconheça que as condições do mercado de trabalho continuam melhorando, o Banco Central ressalta que o crescimento econômico é moderado.

No quarto trimestre 2014, o aumento do Produto Interno Bruto dos Estados Unidos foi reduzido, ficando em 2,2% ao ano.

Indicadores recentes, principalmente no setor imobiliário parecem sugerir que o inverno rigoroso afetou novamente a atividade econômica em grande parte do país.

Em seu comunicado, o FOMC também destaca que a inflação continuou em queda, pressionada pela redução dos preços do petróleo, afastando-se da meta de longo prazo do Fed.

Em janeiro, os preços ao consumo nos Estados Unidos aumentaram apenas 0,2% em relação ao mesmo período de 2014.

O Fed reduziu suas previsões de crescimento e inflação para 2015 e 2016, mas se declarou otimista sobre a taxa de desemprego do país.

Segundo o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA aumentará somente 2,3%. A previsão em dezembro do ano passado era de 2,6%

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