Economia

A Espanha não é a Grécia, repete os governistas do espanhol PP

"Nos dotamos de instrumentos novos e poderosos para enfrentar a volatilidade dos mercados", declarou nesta terça-feira o ministro da Economia espanhol Luis de Guindo

Agência France-Presse
postado em 07/07/2015 18:41
A situação da Grécia domina o debate na Espanha a seis meses das eleições legislativas, com o governo conservador insistindo em descartar qualquer risco de contágio, mas aproveitando os contratempos de Syriza para desacreditar seu aliado espanhol, Podemos.

O governo espanhol descarta qualquer comparação no plano econômico com a Grécia, vítima há meses de uma fuga de capitais e de um Estado "clientelista", segundo o PP.

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"Nos dotamos de instrumentos novos e poderosos para enfrentar a volatilidade dos mercados", declarou nesta terça-feira o ministro da Economia espanhol Luis de Guindos, comemorando a recuperação econômica (%2b3,3% previsto em 2015).

"Os desequilíbrios macroeconômicos foram corrigidos, os bancos se percebem como solventes, o déficit público está em menos da metade e o endividamento (quase 100% do PIB) se reduzirá", completou.

As semelhanças políticas entre os dois países são evidentes, embora um abismo separe a Grécia, com onze milhões de habitantes, e a Espanha, com 47 milhões e a quarta economia da zona do euro.

Na Espanha e na Grécia os socialistas dirigiam o país quando estourou a crise da dívida europeia pelos problemas de Atenas em 2009. Na época, o déficit público grego era de 12,7% e o espanhol de 11,1%.

No final de 2011, o Partido Popular, conservador, chegou ao poder na Espanha, prometendo ajustar as contas para evitar a bancarrota. Em junho de 2012, um governo de coalizão entre direita e esquerda também foi formado em Atenas com o mesmo objetivo.

As medidas foram as mesmas nos dois lados do Mediterrâneo: receitas de rígida austeridade sobre um contexto de recessão e explosão do desemprego.

Grécia obteve dois planos de resgate de 240 bilhões de euros. Na Espanha, a ajuda se limitou a 41,3 bilhões destinados a seu deficiente setor bancário.

O partido de esquerda grego Syriza, denunciando a austeridade imposta pela troika de credores (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) ganhou as eleições parlamentares em 2015.

Um ano antes, o Podemos nascia na Espanha, transformando-se em herdeiro político do movimento dos "indignados". Os dois partidos são aliados no parlamento europeu e seus líderes, Alexis Tsipras e Pablo Iglesias, fazem comícios juntos.

No domingo, Iglesias celebrou a "vitória da democracia na Grécia" após o "Não" no referendo sobre o plano dos credores para a Grécia.

A formação antiliberal espanhola está equiparada ao partido socialista PSOE e ao PP, com 21,5% da intenção de voto contra 22,5% e 23% para os dois grandes partidos do país nas pesquisas para as eleições legislativas previstas para o final do ano, segundo dados publicados no domingo pelo jornal El País.

Além disso, os dois países ostentam o triste recorde de desemprego em Europa: de 23,7% na Espanha e de 25,6% na Grécia.

O ;fantasma; grego

Os dirigentes do PP chamam atenção para o ;fantasma; grego com o objetivo de desanimar os eleitores do Podemos.

"O Podemos fará como na Grécia, onde muitíssima gente vive debaixo da ponte ou à beira do abismo", preveniu nesta terça-feira o porta-voz do PP, Javier Maroto.

"É verdade que a Espanha não é a Grécia. Mas a Grécia não era assim há seis meses, antes Tsipras chegar ao poder", declarou Pablo Casado, outro integrante do PP.

"Se está difundindo uma mensagem de medo entre a população dizendo que não se pode implementar políticas distintas às decididas pela troika", comentou Rommy Arce, prefeito do Podemos em uma manifestação pelo "Não" grego no último domingo em Madri.

Apesar da recuperação de que o governo espanhol tanto se vangloria, a mensagem do Podemos encontra terreno fértil, já que, segundo uma pesquisa publicada nesta terça-feira, 71,5% dos espanhóis acreditam que a situação econômica é "ruim ou muito ruim".

Em outros países da Europa, os partidos tradicionais assistem ao crescimento dos anti-austeridade como na Finlândia, onde no dia 19 de abril os eleitores castigaram os partidos dominantes, conservadores e social-democratas, em favor dos Verdadeiros Finlandeses.

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