Economia

Formação superior não garante desenvolvimento do país

Estudo da OCDE mostra que Brasil participará com 5% dos graduados no grupo das nações mais ricas em 2030. Apesar disso, a contribuição do país em áreas tecnológicas, consideradas as mais importantes no mundo globalizado, ainda será pequena

postado em 28/09/2015 06:00
O número de jovens com formação superior vai mais do que dobrar nos próximos 15 anos ; movimento que tem como principais protagonistas os países em desenvolvimento. É o que mostra um estudo feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), conhecido como grupo dos países ricos. De acordo com a pesquisa, o número de jovens de 24 a 35 anos com nível superior no G20 ; grupo formado pelas 20 economias mais desenvolvidas do mundo, do qual o Brasil faz parte ; vai chegar a 300 milhões, mais que o dobro dos 137 milhões calculados em 2013. A participação dos países em desenvolvimento, que, em 2005, era de 40%, corresponderá a 70% dessa força de trabalho em 2030.

[SAIBAMAIS]A fatia do Brasil vai passar de 4% para 5%, o que representa quase o triplo do número de jovens formados (de 5,48 milhões, vai para 15 milhões). Mas, diferentemente dos países que mais crescem nesse sentido ; China e Índia, que, sozinhos, responderão pela metade dos jovens formados em 2030 ;, o processo no Brasil é desequilibrado. Segundo a OCDE, 75% dos diplomas emitidos no país ainda são da área de humanidades, enquanto apenas 10% são de cursos de exatas, ou seja, o país não tem priorizado formações relacionadas a tecnologias, como engenharia, que, em um contexto de globalização, são cada vez mais importantes.

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Para o professor da faculdade de educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Luciano Mendes, essa desproporção é cultural e reflete a herança ;bacharelista; do país. Por dar mais status social, os cursos de humanas, em especial de direito, são historicamente mais valorizados pelos brasileiros. Como consequência, o investimento nos outros cursos era pouco expressivo até poucas décadas atrás.

Preocupação

Essa realidade continua preocupante nos dias de hoje. Os três cursos superiores mais procurados em 2013 foram na área de humanas: administração, direito e pedagogia, de acordo com o Censo do Ensino Superior divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O último pode ser explicado pela necessidade crescente de professores, o que incentiva a abertura de vagas. ;É uma configuração da própria sociedade brasileira, que demanda profissionais nas áreas de humanas. Em países onde tem menos concentração de jovens, há menos necessidade de professores, por exemplo. É o caso de muitos países europeus;, exemplifica. Por isso, nesses países, a tendência é que haja menos oferta nessa área, enquanto nos países com maior número de jovens, como o Brasil e os Estados Unidos, a demanda é maior.

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