Economia

Comer fora de casa corresponde a 33% das despesas dos lares com alimentação

Em 12 meses, tabelas de restaurantes ficam 10,22% mais caras. Consumidores dizem que também nos supermercados a carestia não perdoa. Então, optam pela comodidade

postado em 02/11/2015 08:01

A professora Flávia, o marido, Eduardo, e os dois filhos vão a restaurantes todos os dias. Tempo e praticidade pesam


Os preços não param de subir, mas os brasileiros não abrem mão de comer fora de casa. Por comodismo ou necessidade, muitos preferem comprometer boa parte do orçamento com restaurantes e lanchonetes do que ir para a cozinha e preparar o almoço ou a janta. Mesmo aqueles que não trabalham ou dispõem de tempo para se alimentar na própria residência preferem sentar-se à mesa dos bares e gastar, em média,
R$ 27,63 por pessoa, por refeição.

Não por acaso, o mercado da alimentação fora de casa registrará, neste ano, faturamento recorde. Pesquisa da GS, consultoria especializada em varejo, em parceria com o Instituto Foodservice Brasil, mostra que o setor encerrará o ano com faturamento de R$ 178 bilhões ; 13% mais do que no ano passado. A alimentação fora do lar já representa 33% de todos os gastos das famílias com comida. Em 2002, essa relação era de 24%.

Nem mesmo a recessão, o desemprego e a carestia estão inibindo a vontade dos brasileiros de frequentarem restaurantes e lanchonetes. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, nos 12 meses terminados em setembro, a alimentação fora do lar ficou 10,22% mais cara. No mesmo período, comer em casa registrou alta de 9,98%.

Essa pequena diferença acaba estimulando a ida aos restaurantes, admitem os especialistas, sobretudo nas grandes cidades, em que o deslocamento para casa é complicado. ;Com a crescente urbanização, muitas pessoas estudam e trabalham longe das residências. Com o trânsito caótico e a falta de transporte público, as pessoas optam pelas facilidades. Ninguém quer perder sua hora de almoço parado no congestionamento ou procurando vaga para estacionar na hora que volta;, diz Virene Matesco, professora de macroeconomia e varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ).

Que o diga o casal Eduardo Araújo, 35 anos, contador, e Flávia, 37, professora. Todos os dias, eles saem de casa pela manhã, com os dois filhos, para deixá-los na escola, onde Flávia trabalha. Em vez de voltarem para a residência logo depois das aulas, todos se reúnem na hora do almoço em algum restaurante próximo ao colégio. ;Acredito que fica mais barato do que preparar tudo em casa, além de ser mais prático;, afirma a professora.

Segundo Eduardo, os restaurantes aumentaram os preços nos últimos meses, mas menos que os supermercados. ;A conta está salgada para qualquer lado que se vá;, admite. Além disso, lembra o contador, as crianças sempre têm alguma atividade depois das aulas e não dá tempo de voltar para casa. ;É muito corrido;, ressalta. À noite, eles fazem um lanche em casa. Nessa rotina, gastam, por mês, 20% da renda com restaurantes e 10% com supermercados.

Vantagem

A esteticista Adriana Vieira, 42, também prefere as facilidades dos restaurantes. ;Comer perto do trabalho é mais fácil, mais prático e eu gosto de variedade;, comenta. ;E tem a questão dos preços. Nos supermercados, a comida também está cara;, acrescenta. O professor de finanças da FGV-SP, Fabio Gallo, faz algumas ressalvas. Para ele, não é sempre que a alimentação fora de casa é mais vantajosa. ;Isso pode ser verdade em algumas regiões;, diz.

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