Economia

Reforma da Previdência não tem proposta a priori, diz Berzoini

Berzoini destacou que o país vive um duplo desafio. Primeiro, a mudança de paradigmas. E, por outro, lado, o desafio demográfico da população

Rosana Hessel
postado em 17/02/2016 16:15
O Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e de Previdência Social foi aberto nesta quarta-feira (17/02), no Palácio do Planalto, sem proposta prévia dos ministros de estado da presidente Dilma Rousseff. Durante a abertura, o chefe da secretaria de governo, Ricardo Berzoini, reconheceu publicamente isso.

;Não há nenhuma proposta a priori (para a reforma da Previdência). O que há é um conjunto de visões sobre o que nós precisamos tratar com maturidade para alcançar um resultado positivo;, afirmou Berzoini ao grupo de cerca de 40 representantes do governo, do setor privado e das centrais sindicais que integram o Fórum.

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O governo precisa apresentar propostas concretas da reforma da Previdência Social, que é necessária para interromper o deficit crescente que chegou a R$ 85,8 bilhões no ano passado, conforme dados do Tesouro Nacional, e que, pelas contas de especialistas que incluem o rombo do setor público, o buraco superou R$ 160 bilhões. De acordo com o secretário de governo, o desafio do encontro é garantir as conquistas do passado com uma reforma da Previdência. Berzoini destacou que o país vive um duplo desafio. Primeiro, a mudança de paradigmas e lembrou que ciclo das commodities perdeu força, não devendo se recuperar. E, por outro, lado, o desafio demográfico da população. E, mais uma vez, acabou culpando o cenário internacional pela crise atual, como sempre faz Dilma e a equipe econômica.

;Vivemos a partir do ano de 2014, um movimento muito rápido de mudança de perspectivas da economia internacional. E isso exige do governo e da sociedade reavaliar um conjunto de situações e pensar como projetar o futuro de um novo ciclo em outros patamares e outras perspectivas econômicas;, afirmou Berzoini. ;Estamos vivendo um momento de reorientação de estratégias empresarias, dos trabalhadores, do mercado de trabalho, do mercado consumidor e do comércio exterior com a forte mudança do câmbio;, completou.

O secretário de governo ainda reconheceu os riscos da desvalorização do real. ;O câmbio hoje está em um patamar que traz mais competitividade para economia, mas também trás pressão inflacionária;, afirmou.

Além de Berzoini, participam do Fórum os ministros Miguel Rosseto (Trabalho e Previdência), Valdir Simão (Planejamento), Nelson Barbosa (Fazenda), Jacques Wagner (Casa Civil). Conseguir um consenso para a reforma da Previdência será uma tarefa difícil no Fórum. A resistência será grande se o governo não apresentar propostas concretas. Pouco antes do início do evento, a Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), distribuiu uma nota reivindicando resgate das receitas da Previdência, como a cobrança de devedores, que giram em torno de R$ 200 bilhões, e que, somados à sonegação, desoneração da folha, renúncias fiscais e Desvinculação de Receitas de União (DRU), chegam a R$ 357,5 bilhões.

O encontro estava previsto para começar as 14h, mas teve início com mais de 30 minutos de atraso. A previsão dos organizadores é que deva durar umas quatro horas e, depois, haverá uma entrevista coletiva de ministros.

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