Economia

Banco Central sinaliza criação de banda cambial

Atuação nas pontas de compra e venda de dólar mostra que autoridade monetária não permitirá volatilidade maior da moeda

Antonio Temóteo
postado em 22/03/2016 06:03 / atualizado em 17/09/2020 11:34

O Banco Central (BC) praticamente criou uma banda de flutuação para o dólar ao atuar nas duas pontas ; de compra e venda da moeda norte-americana. Para evitar que o preço da divisa dos Estados Unidos aumente e pressione a inflação ou que caia e prejudique o ajuste das contas externas, a autoridade monetária, além de oferecer ao mercado os contratos de venda futura de dólares, os swaps cambiais, passou a atuar em operações de compra de dólar. Os analistas avaliam que o BC quer evitar que uma maior volatilidade, oriunda da crise política, afete o câmbio.

[SAIBAMAIS]Ontem, as operações de compra futura da divisa ; que não eram realizadas desde março de 2013 ; movimentaram 5,5 mil contratos, equivalentes a US$ 272,7 bilhões, dos 20 mil ofertados ao mercado. Com a intervenção, a moeda norte-americana encerrou o pregão em alta de 0,8%, cotada a R$ 3,610. Os 14,5 mil contratos restantes, que correspondem a US$ 725 milhões, serão leiloados hoje ao mercado, conforme comunicado divulgado pelo BC.

Leia mais em Economia

O economista Alexandre Cabral, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), avaliou que a autoridade monetária criou um piso para o dólar de R$ 3,60. Na opinião dele, o BC está focado em evitar que uma desvalorização cambial ocorra e prejudique o ajuste nas contas externas e atrapalhe o setor exportador. O professor ainda ressaltou que o risco de que a divisa norte-americana recue para próximo de R$ 3 ganhou força com o aumento das chances de a presidente Dilma Rousseff sofrer um processo de impeachment.

Na opinião do gerente de câmbio da Icap Corretora, Ítalo Abucater, a autoridade monetária não deixou claro se tem a intenção de diminuir o ritmo de queda do preço dólar ou reduzir a sua exposição. Atualmente, o BC possui um estoque em swaps tradicionais que equivalem a US$ 108 bilhões. ;Não ficou claro se querem inibir uma apreciação do real ou ataques especulativos em meio à crise política. Os fundamentos macroeconômicos são os mesmos e as únicas coisas que têm afetado o mercado cambial são as mudanças de cenário em Brasília;, disse.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação