Economia

Deterioração política e crise econômica colocam país à beira da depressão

Incertezas ameaçam levar o Brasil para uma situação de queda ainda mais profunda e prolongada da atividade econômica

Rosana Hessel
postado em 28/03/2016 10:34
Incertezas  ameaçam levar o Brasil para uma situação de queda ainda mais profunda e prolongada da atividade econômica
O Brasil mergulhou de cabeça em uma recessão sem precedentes, mas corre o risco de enfrentar uma situação ainda mais tenebrosa, de depressão econômica, dependendo da evolução da crise política. Os economistas observam que é difícil fazer projeções nesse momento, mas são unânimes em reconhecer que o país nunca atravessou uma crise tão grave e que, se 2015 foi um ano ruim, com a economia encolhendo 3,8%, 2016 pode ser ainda pior. As estimativas de queda do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano variam de 3,5% até 6%. Em 2017, o nível de atividade poderá ter uma redução adicional de 1%, ou seja, serão três períodos consecutivos de queda, algo nunca antes visto na história do país. Durante a Grande Depressão da economia mundial que se seguiu à quebra da Bolsa de Nova York, no início do século passado, a produção brasileira se retraiu por dois anos seguidos ; 2,1%, em 1930, e 3,1%, em 1931, conforme dados da Austin Rating.

[SAIBAMAIS]Estimativas da Tendências Consultoria apontam que, de 2015 a 2020, o país poderá registrar uma taxa média negativa de 1,2% do PIB, desempenho abaixo do registrado nos anos 1980, a década perdida, quando houve queda em apenas dois anos. A economista Alessandra Ribeiro adianta que a equipe da consultoria, além do cenário base de queda de 4% neste ano, trabalha com uma versão pessimista, que considera uma retração de 6%. O quadro poderá ser melhor ou pior dependendo da situação política projetada. Dada a baixa credibilidade da presidente entre os agentes econômicos, a manutenção dela no Planalto e a possível entrada do ex-presidente Lula no governo reforçam as previsões mais desanimadoras.



;Nossa estimativa é que existe 70% de probabilidade de ocorrer o impeachment;, diz Alessandra. O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, trabalha com o mesmo percentual. ;Contamos que isso aconteça até metade do ano, e aí o PIB cairia ;apenas; 3,8% este ano. Caso ela permaneça, nossa expectativa é de que a economia encolha 4,9%;, destaca.

Tombo profundo
Os especialistas costumam caracterizar uma recessão a partir do momento em que a produção de bens e serviços cai por três trimestres consecutivos ; com dois trimestres de queda, ocorre o que se chama de recessão técnica. A depressão é um tombo mais profundo e prolongado na atividade econômica, em que a falta de confiança de empresários e consumidores é generalizada, o desemprego atinge níveis alarmantes, os preços caem e a recuperação se torna muito mais difícil.

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