Economia

Principais hospitais do DF não atendem plano de saúde Geap

Associados do maior plano de saúde dos servidores federais se queixam de restrição de serviços e de reajuste excessivo. Presidente do Conselho de Administração nega que rede tenha diminuído, mas admite o desligamento de 30 mil beneficiários

Vera Batista
postado em 08/10/2016 06:00

Problemas de toda ordem deixaram a Geap, maior operada de planos de saúde do funcionalismo, em frangalhos. Além do aumento nas mensalidades, que onerou o orçamento e obrigou muitos filiados a abandonarem a cobertura de saúde, os beneficiários se queixam de queda na qualidade do atendimento, principalmente em Brasília. Contam que apenas clínicas e hospitais de pouca expressão estão credenciados.

A servidora aposentada Nizete Cruz Lima Garcia, 87 anos, foi uma das associadas à Geap que constataram esse encolhimento dos serviços da pior maneira possível. Devido a um estado alérgico inesperado, recorreu à emergência do Hospital Prontonorte (atual Santa Lúcia Norte), do qual tinha boas referências de atendimento ; há cerca de três anos, ela ficou internada lá e se sentiu muito bem tratada ;, só que foi informada que o centro de saúde não atendia mais a operadora.

;Só me disseram que o plano da Geap não era mais aceito. Não me deram maiores detalhes e me mandaram para o Hospital Daher, no Lago Sul. Lá, fiquei esperando mais de duas horas. Só tinha um médico atendendo. Quando, finalmente, chegou a minha vez, ele mal me olhou e me receitou uma pomada. Não pediu um exame sequer;, lamentou. Ela informou ainda que, além do Prontonorte, já soube que os hospitais Santa Luzia, Santa Helena e o Hospital de Brasília também estão fora da Geap.

A auxiliar administrativa Marilene Evangelista, 59, funcionária do Ministério da Ciência e Tecnologia vive uma maratona para conseguir fazer uma pequena cirurgia. Já tentou vários hospitais e ainda não conseguiu atendimento. ;Eu pago um plano caríssimo e quando preciso não tenho nenhum auxílio;, revelou. Desesperada, procurou diversas vezes a diretoria da Geap, em busca de solução, sem sucesso. ;A situação não está nada favorável para quem depende do plano. São carências caras e extensas e linha limitada e desqualificada de atendimento. Penso muito em trocar de operadora e usar o dinheiro para pagar um plano particular;, desabafou Marilene.

O valor da mensalidade é outro ponto de questionamento dos associados. O agente de vigilância João Fernandes, 65, que trabalha há mais de 30 anos no Ministério da Previdência Social, sempre usou o plano sem problemas, a dificuldade dele está sendo arcar com o custo do serviço de saúde. ;Não está dando para aguentar, realmente, o preço está muito alto;, reclamou. João disse que, nos corredores da Esplanada, não é difícil encontrar insatisfeitos com a baixa qualidade e com o reajuste excessivo. ;Tem muita gente se queixando. Esperamos que as coisas melhorem;, destacou.

O presidente do Conselho de Administração da Geap (Conad), Laércio Roberto Lemos de Souza, admitiu que a empresa passa por dificuldades, mas garantiu que não houve mudanças na rede credenciada desde fevereiro e que todos os prestadores de serviço continuam parceiros. ;A rede foi até ampliada no período;, disse.

Por meio de nota, a operadora admitiu que, desde fevereiro, quando o reajuste de 37,55% entrou em vigor, cerca de 30 mil pessoas pediram desligamento. ;Houve queda de beneficiários em inúmeros planos de saúde, conforme os dados da ANS de junho deste ano, devido à situação econômica no país;, justificou. No entanto, afirmou, que a rede credenciada cresceu. ;Em janeiro havia 17.667 prestadores de serviço, atualmente são 18.374;, apontou.

Solvência
Segundo Souza, não há rombo nas contas da empresa. O que existe, explicou, é uma margem de solvência exigida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que indica a capacidade para honrar os compromissos financeiros assumidos e está de acordo com o Programa de Saneamento (Prosan);.

Quanto ao Hospital Daher, denunciado pela aposentada, a Geap informou que não tem qualquer ;registro de reclamações e que médicos auditores fazem visitas constantemente aos estabelecimentos credenciados;. ;Mesmo tendo um programa de controle de qualidade, é difícil monitorar a conduta médica de uma situação específica;, argumentou. Na nota, a operadora destacou, ainda, que, ;em relação ao Santa Lúcia, a exemplo do Prontonorte e do Hospital Maria Auxiliadora, representadas pelo Grupo Santa, a direção do grupo manifestou, de forma unilateral, interesse na suspensão de atendimento, mesmo as negociações estando em andamento com a diretoria da Geap;.

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