Economia

Crise provoca aumento das despesas médico hospitalares em 9,7% em 2016

Risco de desemprego levou consumidores a demandarem procedimentos eletivos. Variação é o dobro da média nos últimos anos, aponta FenaSaúde

Rodolfo Costa
postado em 25/01/2017 15:13
A recessão da economia impõe uma série crise para as operadoras de plano de saúde. Mesmo com a perda de 1,37 milhão de beneficiários em 2016, as operadoras tiveram aumentos expressivos de gastos com custeio de assistências à saúde. No ano passado, as despesas per capita com despesas médico hospitalares subiram, em média, 9,7% em relação a 2015, segundo dados divulgados nesta terça-feira (24/1) pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde). O resultado, por sinal, ficou acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou em 6,3%.

Em anos anteriores, a evolução das despesas com saúde apresentava um avanço próximo de 4% a 5%. O salto dos custos em 2016, entretanto, não está desassociado da crise, alerta o diretor-executivo da FenaSaúde, José Cechin. ;Diante da perspectiva ou da possibilidade de perda do emprego em razão da crise econômica, muitos beneficiários procuraram fazer procedimentos eletivos, que não são de urgência. Isso ajudou a aumentar os gastos per capita mesmo com redução do número de consumidores;, destaca.

A perda de beneficiários, por sinal, é um desafio que as operadoras já trabalham para driblar, assegura o diretor-executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), Antonio Carlos Abbatepaolo. ;É uma questão para ser contornada em um prazo mais longo;, diz. Ele admite que, em 2016, o setor não terá uma reversão do quadro de queda. ;No máximo conseguiremos uma estabilização;, sustenta. Para amenizar o quadro, as empresas estão apostando em ações mais imediatas para tentar reduzir os impactos ao menos em custos não essenciais e que possam render alguma economia, como os administrativos, os de marketing e medidas que estimulem programas de prevenção à saúde.

Impactos
A contração da economia trouxe impactos severos. Dos quase 1,4 milhão de pessoas que perderam o plano, cerca de 70% eram de convênios coletivos empresariais. O que evidencia a situação de crise na saúde suplementar em razão dos dois anos consecutivos de queda do Produto Interno Bruto (PIB).

O advogado Rodrigo Araújo, especialista em direito à saúde e sócio-fundador da Araújo, Conforti e Jonhsson Advogados Associados, destaca que as pessoas que perdem o emprego podem manter os convênios empresariais, mas terão de assumir integralmente a mensalidade. ;É uma situação muito delicada para os consumidores. Porque fica inviável para quem perde o posto de trabalho manter esse compromisso;, diz. E a pessoa desempregada que consegue se recolocar no mercado de trabalho, mas em um emprego que não oferece o plano de saúde, não pode manter o convênio.

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