Economia

Após grave crise, economia mostra novo sinal positivo

Para o segundo trimestre, analistas preveem a manutenção da geração de riquezas no campo favorável

Rodolfo Costa , Adriana Botelho*, Marlla Sabino - Especial para o Correio
postado em 17/08/2017 06:00
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Aos poucos, a economia começa a voltar aos trilhos. Após dois duros anos de recessão e um resultado positivo para o Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, números animadores de indicadores oficiais da indústria, do comércio e dos serviços sinalizam que o pior da crise ficou para trás. Para o segundo trimestre, analistas preveem a manutenção da geração de riquezas no campo favorável.

Com base nos números da produção industrial, das vendas no varejo ampliado e da receita real dos serviços ; todos indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ;, além de resultados positivos de geração de vagas no mercado de trabalho e da desaceleração dos juros e da inflação, o economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho, prevê um crescimento de 0,2% em relação ao primeiro trimestre. ;Antes, a expectativa era de que o desempenho no segundo trimestre ficasse negativo. Mas os resultados dos setores produtivos apontaram para uma retomada no comportamento de consumo das famílias brasileiras;, explicou.

Para o Itaú Unibanco, no entanto, a previsão é de uma estabilidade. Embora os números dos setores produtivos tenham sido insuficientes para inserir o PIB do segundo trimestre num terreno favorável, nos cálculos do banco, os indicadores, ao menos, contribuíram para a revisão da projeção. Até terça-feira, a previsão da instituição financeira era de um recuo de 0,2% em relação ao primeiro trimestre. Ontem, com a divulgação do volume de serviços de junho, o índice foi alterado para estável (0,0%).

A revisão, segundo avalia o economista Artur Manoel Passos, do Itaú Unibanco, é consequência dos dados mais fortes de junho. Apesar dos avanços, a estabilidade marca uma desaceleração da atividade na margem, uma vez que o crescimento do PIB no primeiro trimestre foi de 1% em relação ao quarto período.

O resultado, no entanto, decorre de efeitos estatísticos de dados da atividade em março, que gerou um carrego de números desfavorável para o trimestre seguinte, e pela projeção de uma ligeira contribuição negativa da geração de riquezas do PIB agropecuário. Mas não por conta de uma piora geral da economia. O volume de serviços, por sinal, registrou alta de 1,3% em junho. Foi a maior alta para o mês desde o início da série histórica.

Reação

A alta é atribuída por economistas à desaceleração da inflação, ao crescimento da renda real e à reação da geração de postos de trabalho formais. Diante de fatores mais favoráveis, como a desaceleração dos preços, um número maior de consumidores, como o administrador de empresa Paulo Cortês, 46 anos, encontrou espaço no orçamento para gastar com serviços. Por mês, desembolsa cerca de R$ 600 com refeições fora de casa. ;Tenho feito isso todos os dias. No ano passado, não era possível. Como me alimento muito na rua, gasto menos no supermercado;, disse.

Apesar da melhora dos serviços, o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, prega cautela em relação ao ritmo da atividade. Mesmo com os resultados positivos do segundo trimestre, a previsão do PIB para 2017 se manteve estável em 0,6%. Em boa parte por conta de uma reação ainda lenta por parte dos serviços, que representam cerca de 70% da atividade pela ótica da oferta. ;Precisamos de uma sequência maior de recuperação para mudar a projeção. É preciso ainda uma redução maior de juros para reduzir o custo do investimento na economia;, ponderou.

*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa

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