Economia

Governo terá prejuízo de R$ 3 bilhões com venda de aeroportos da Infraero

Presidente da estatal, Antônio Claret de Oliveira, enviou ofício ao ministro dos Transportes, Maurício Quintella, alertando sobre impacto das novas concessões aeroportuárias

Simone Kafruni
postado em 25/08/2017 12:17

Com prejuízos bilionários desde que perdeu seus aeroportos mais rentáveis para a iniciativa privada, a Infraero calcula um rombo ainda maior com a nova rodada de concessões anunciada pelo governo na quarta-feira (23). Principalmente, porque o terminal de Congonhas, em São Paulo, o ativo mais lucrativo da estatal, foi colocado à venda.


Segundo documento assinado pelo presidente da Infraero, Antônio Claret de Oliveira, e pelo diretor jurídico da empresa, Eduardo Roberto Stuckert Neto, se o governo conceder os aeroportos superavitários da estatal vai comprometer o Orçamento da União em mais de R$ 3 bilhões, com fluxo de caixa negativo da Infraero por mais 15 anos, em valores aproximados, de R$ 400 milhões por ano, além da necessidade de R$ 7 bilhões em financiamento para Capex (plano de investimentos).

No ofício, endereçado ao ministro dos Transportes, Portos e Aviação, Maurício Quintella, a Infraero alertou que, no caso do Bloco Nordeste (aeroportos de Maceió/AL, João Pessoa/PB, Aracaju/SE, Juazeiro do Norte/CE, Campina Grande/PB e Recife/PE), o valor da outorga fixa inicial era de R$ 1,2 bilhão, caiu para R$ 800 milhões, e até a data do documento, de 17 de agosto, estava, no máximo, em R$ 200 milhões.

"Se Santos Dumont, Congonhas, Curitiba e Recife, justamente os superavitários, forem incluídos nas concessões, a Infraero ficará dependente dos recursos do Tesouro", destacou a empresa. Dos 54 aeroportos da Infraero, 17 são superavitários, sendo que esses quatro respondem por 78% do resultado da companhia e, junto com o de Manaus, representam 38% de toda a receita.

"Conceder os três blocos de aeroportos significará perda dos superavitários, absorção de mais de 1,6 mil empregados dos blocos a serem concedidos, que têm estabilidade garantida até 2020, conforme acordo coletivo de trabalho", ressaltou a Infraero. O documento revelou ainda que a empresa aportou R$ 3,7 bilhões nas Sociedades de Propósito Específico (SPEs) dos cinco aeroportos já concedidos - Confins, Galeão, Brasília, Guarulhos e Viracopos.

O governo anunciou a privatização de 14 aeroportos, dos quais 10 são administrados pela Infraero, porém não constam na lista os terminais superavitários de Santos Dumont e Curitiba. O Executivo também divulgou que pretende alienar a participação de 49% da Infraero nos cinco aeroportos já concedidos. Procurada pela reportagem na quarta-feira (23), a Infraero ainda não respondeu.

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