Economia

Presidente da China pede reformas aos integrantes do Brics

O grupo que impulsionou a expansão mundial na década passada teve performances díspares nos últimos anos, quando China e Índia mantiveram forte ritmo de crescimento, Brasil, Rússia África do Sul mergulharam na recessão

Agência Estado
postado em 04/09/2017 08:55
Xi defendeu que os cinco países do Brics se abram mais para os parceiros do bloco, ampliem seus interesses convergentes e invistam em infraestrutura que possibilidade uma maior integraçãoO presidente da China, Xi Jinping, defendeu ontem que os cinco países dos Brics abram suas economias, promovam reformas, criem cadeias de produção globais e surfem na revolução industrial tecnológica para criar novos motores de desenvolvimento. O grupo que impulsionou a expansão mundial na década passada teve performances díspares nos últimos anos, quando China e Índia mantiveram forte ritmo de crescimento, Brasil, Rússia África do Sul mergulharam na recessão.

No discurso que fez a empresários dos Brics em Xiamen, no Sul da China, Xi reconheceu que sócios do bloco enfrentaram ventos contrários de intensidade variada. A queda no preço das commodities e da demanda global e o aumento de riscos financeiros representam desafios para os cinco países, afirmou o líder chinês. Entre os que assistiram seu pronunciamento, estava o presidente Michel Temer.

"Nós devemos aproveitar a oportunidade apresentada pela nova revolução industrial para promover o crescimento e mudar o modelo de desenvolvimento por meio da inovação", afirmou Xi em um discurso de 45 minutos. "Nós devemos remover os impedimentos para o crescimento por meio de reformas, remover barreiras institucionais e sistêmicas e energizar o mercado e a sociedade, para atingir um crescimento de melhor qualidade e mais resiliente e sustentável."

Xi defendeu que os cinco países do Brics se abram mais para os parceiros do bloco, ampliem seus interesses convergentes e invistam em infraestrutura que possibilidade uma maior integração. "O desenvolvimento de mercados emergentes e em desenvolvimento não é destinado a mexer no queijo de ninguém, mas a tornar a torta do crescimento global maior", afirmou o líder chinês.

Como em muitos de seus pronunciamentos recentes, o presidente chinês condenou o protecionismo e defendeu a globalização. Mas o discurso nem sempre está em sintonia com a realidade de seu próprio país, que mantém vários setores fechados para investimentos estrangeiros.

O conceito Bric, sem o S da África do Sul, foi construído em 2001 pelo economista Jim O;Neill, que na época trabalhava no Goldman Sachs. Em sua avaliação, Brasil, Rússia, Índia e China seriam os líderes econômicos do século 21 e a de suas economias seria maior que as do países do G7 em 2035.

Decepção


Em artigo publicado no Huffington Post quinta-feira, O;Neill disse que mantinha sua projeção, apesar de a performance do Brasil e da Rússia ter sido decepcionante quando comparada às de suas expectativas de 16 anos atrás. Isso só será possível graças a força do país de Xi Jinping, observou.

"A China foi tão bem que sua economia agora é maior que as do Brasil, Rússia, Índia e África do Sul combinadas e, em um futuro não muito distante, ela vai se tornar duas vezes maior. Portanto, não há dúvida: a China domina os Brics economicamente", escreveu O;Neill no artigo.

O presidente da consultoria Eurasia, Ian Bremmer, divide o bloco em dois grupos. No primeiro, estão a China e a Índia, que aproveitaram a globalização para se integrar a cadeias globais de produção. O outro reúne os que usaram a globalização para vender recursos naturais -Brasil, Rússia e África do Sul. De longe, a maior história de sucesso é a China, que se transformou na segunda maior economia do mundo e em seu primeiro exportador

Em seu discurso, Xi Jinping também defendeu que o Brics amplie sua influência global, com a criação de parcerias com outros países, e se transforme em uma plataforma para a cooperação Sul-Sul e o diálogo Sul-Norte. "Nós deveríamos promover a cooperação "Brics Plus" e construir uma rede ampla e diversificada de parcerias de desenvolvimento."

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