Economia

Especialistas dão dicas de como escolher o plano de saúde

Fuja de ciladas! Veja como escolher o plano de saúde sem traumas

postado em 05/11/2017 08:00
Decisão não deve ser tomada por impulso e, sim, após uma avaliação de necessidade do indivíduo e de seus familiares
Cuidar da saúde não é fácil. Imprevistos podem ocorrer a qualquer momento. Com a precariedade do atendimento público, ter um plano de saúde passou a ser uma opção cada vez mais importante para socorrer as pessoas nas horas de dificuldade e evitar um aperto repentino no bolso. Escolher um convênio, contudo, exige cuidados, advertem especialistas.

O principal passo é conhecer o próprio organismo e o histórico familiar de doenças . Desta maneira, é possível definir qual é objetivo ao adquirir o plano de saúde. Há diversas formas de se contratar um seguro e a pessoa precisa ficar atenta para não escolher um que não a atenda direito.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula o setor, orienta o consumidor a se informar antes de assinar qualquer contrato. A decisão não deve ser tomada por impulso e, sim, após uma avaliação de necessidade do indivíduo e de seus familiares. No site da instituição, há uma cartilha que ajuda os consumidores a escolher a operadora.

O essencial é que as mensalidades do plano caibam no orçamento. ;Não adianta insistir numa situação que esteja fora da realidade ou o consumidor vai acabar perdendo o convênio por falta de condições de arcar com as parcelas;, diz José Vignoli, educador financeiro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

Por isso, o importante é que a pessoa tenha um controle das contas no dia a dia para saber quanto pode pagar pelas mensalidades. ;Isso depende de cada situação, mas, de um modo geral, as pessoas podem separar 10% da renda por mês;, afirma Vignoli. ;A pessoa precisa analisar os gastos fixos mensais, como escola, contas da residência e outras. Se extrapolar a remuneração mensal, aquele plano não é sustentável para a família;, diz Vignoli.

Reajustes

Nos planos individuais e familiares, existem 10 faixas de reajuste: do nascimento aos 18 anos, de 19 a 23 anos, de 24 a 28 anos, de 29 a 33 anos, de 34 a 38 anos, de 39 a 43 anos, de 44 a 48 anos, de 49 a 53 anos, de 54 a 58 anos e de 59 anos ou mais.

Para evitar que as pessoas mais velhas sofram com correções abusivas, o valor da mensalidade no penúltimo grupo não pode ser seis vezes maior que o da primeira. ;Ou seja, se o valor cobrado na faixa até 18 anos for de R$ 100, uma pessoa de 59 anos, no mesmo plano, não pode pagar mais de R$ 600;, exemplifica Ana Carolina Navarrete, pesquisadora em saúde do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).

Nos planos coletivos ; empresariais e por adesão ;, contudo, o reajuste não é regulado pela ANS, mas definido por acordo entre a operadora e a associação a que o consumidor pertence. Nesses casos, é preciso cuidado, pois os reajustes podem ser bem mais salgados. O problema é que encontrar plano individuais e familiares tem sido cada vez mais difícil. Para escapar do controle da ANS, a maioria das operadoras só oferta planos coletivos ou empresariais. Assim, fica difícil fugir dos reajustes elevados.

Com aumentos exagerados, porém, muitas pessoas perdem a condição de bancar o plano. ;Nesse caso, o consumidor deve verificar se o seguro está atendendo ou se está, eventualmente, acima das necessidades. Há possibilidade de migrar para outro mais simples. Infelizmente, não é possível custear tudo. Às vezes dar um passo para trás é difícil, mas pode ser essencial;, diz Vignoli.

Em alguns casos, o plano mais caro não é aquele que melhor atende o cliente. O empresário Robert Vieira de Landa, 44 anos, por exemplo, conta que a antiga operadora ;fez de tudo; para não autorizar uma cirurgia de hérnia de disco, mesmo com ele pagando R$ 5 mil por mês para a cobertura completa de quatro pessoas ; média de R$ 1,25 mil para cada uma. ;Começaram a tentar protelar o processo, pedindo uma segunda opinião de um médico que ficava em São Paulo. Toda semana eu estava no pronto-socorro para tomar um medicamento que aliviava a dor;, lembra.

Reclamações

O empresário conta que entrou com uma reclamação na ANS, que deu prazo de 20 dias para a empresa se manifestar. ;No 19; dia, ela liberou a cirurgia;, relata. ;Foi um desgaste muito grande. Eu precisei fazer o procedimento três vezes e eles sempre foram resistentes. Então tomei a iniciativa de fazer a portabilidade para outra operadora que oferecesse a mesma cobertura;, alega. Hoje, Robert paga R$ 2 mil por um plano do mesmo nível. ;Cobertura realmente completa;, comemora.

Ana Carolina, do Idec, afirma que negativa de procedimentos está entre as três reclamações mais frequentes feitas ao instituto. ;Se o médico solicita um tratamento e a operadora nega, há necessidade de um desempatador, mas normalmente ele faz parte da rede de médicos cadastrados da própria empresa. Então, a gente questiona o conflito de interesses nesses atos, já que eles são vinculados à operadora;, pondera.

A servidora pública Rayane Cristina, 26 anos, teve um problema parecido. Ela precisa de atendimento psicológico constante. Depois de quase um ano frequentando um profissional da área, a operadora avisou que ela só teria o direito de terminar 10 sessões. ;Eles não poderiam restringir, porque nem relatório do médico solicitaram;, reclama Rayane. Após a servidora fazer uma queixa no site ReclameAqui, a empresa retomou os atendimentos. ;Mas eu tive que reclamar para conseguir. Fui atrás. Qualquer outra pessoa sem instrução teria sido enganada;, diz.

Segundo a especialista do Idec, em casos como esse, o primeiro passo é procurar a própria seguradora. Caso ela não resolva o problema, a ANS, o portal do consumidor do Ministério da Justiça ou as entidades de defesa do consumidor podem ajudar. Em último caso, Ana Carolina indica procurar o Judiciário.

Outro problema recorrente é a mudança da rede de hospitais e clínicas credenciados, o que muitas vezes implica queda na qualidade do atendimento. ; Caso algum hospital, clínica ou centro cirúrgico deixe o plano, a operadora é obrigada a colocar um de igual nível;, afirma Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste.

Em outras situações, não há transparência no serviço prestado. A professora Luiza Moretti, 26 anos, só conseguiu ser bem atendida depois de reclamar. Ela precisava de um exame que foi negado por todos os estabelecimentos credenciados pelo plano. ;A operadora dizia que a única coisa que podia me oferecer era a lista que já estava no site;, relata. Depois que fez uma queixa no site de reclamações, o tom da empresa mudou. ;Me deram outra lista, alegando que a do site estava desatualizada. Então, percebo que não há uma comunicação entre a rede credenciada e a própria operadora;, diz Luiza.

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