Economia

Indústria do chocolate aposta em crescimento nas vendas da Páscoa de 2018

Para atrair o consumidor, as empresas investem em inovações tecnológicas e produtos com preços mais em conta

Maiza Santos*
postado em 25/01/2018 10:34

O consumo de chocolate cresceu 8% no primeiro semestre de 2017

São Paulo ; Depois de três anos de baixa nas vendas da Páscoa, a indústria de chocolate aposta em um ano positivo. O consumo de chocolate cresceu 8% no primeiro semestre de 2017. A expectativa é que, durante o feriado deste ano, as vendas se mantenham em relação ao ano passado ou tenham um leve crescimento. Para atrair o consumidor, as empresas investem em inovação e produtos mais baratos.

;Nos últimos anos, vimos um comportamento atípico do setor que, concomitante com uma forte crise econômica, obrigou as empresas a reverem suas estratégias e se adequarem ao novo cenário. Estamos otimistas que os números deste ano comprovarão o amadurecimento da indústria e sua capacidade de organização em uma economia mais estável;, afirma Ubiracy Fonseca, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).

Com a produção em andamento, a geração de emprego temporário, em 2018, foi 5,9% menor do que o mesmo período de 2017. Entre trabalhadores alocados na indústria e vendedores, foram contratados cerca de 23 mil pessoas. A boa notícia é que o declínio está abaixo do registrado no comparativo de 2017 com 2016, quando o volume de vagas temporárias foi 15% menor.

Passado o período mais grave da crise, a economia do país teve uma leve melhora e saiu da recessão, no final do ano passado. A queda da inflação, somada a juros mais baixos e à retomada de confiança do consumidor, indicam crescimento nas vendas do varejo como um todo. As vendas de Natal, por exemplo, cresceram 6% segundo dados da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).

Preços mais baixos devem atrair consumidor

Maricy Gattai Porto, que é diretora de Marketing da Kopenhagen, informou que a expectativa da marca é de um crescimento de 10% nas vendas. ;O contexto econômico vem melhorando e a gente entende que isso vai repercutir na Páscoa;. Segundo ela, a empresa tem buscado ampliar o público-alvo. ;Oferecemos mais produtos de médio e baixo desembolso. É possível comprar tabletes de chocolate entre R$ 3 e R$ 5, que antes não tínhamos;, conta.

Em 2017 foram produzidas quase 9 mil toneladas de chocolate, o equivalente a 36 milhões de ovos, um volume 38% menor do que o registrado em 2016. Ainda não há estimativa para este ano, mas o número de lançamentos já é igual ao ano passado, com cerca de 120 produtos novos.

Para a gerente de marketing da Garoto, Keila Broedel, o consumidor se adaptou à nova realidade e é mais racional na hora de comprar. ;A gente acredita que 2018 vai ser um pouquinho melhor;. A estratégia é atrair o público pelo preço dos produtos. ;Hoje, 100% do nosso portfólio custa abaixo de R$ 49,90;, explica.

A ideia de preços mais em conta é a tônica do mercado. ;A gente trouxe essa régua para se adaptar tanto ao consumidor quanto ao mercado. Temos do produto mais acessível, abaixo de R$ 10, até o premium que é em torno de R$ 69;, conta Juliana Braga, gerente de marketing da Ferrero Rocher.

Depois de um 2016 desastroso para o setor, o ano passado deu sinais de recuperação e é consenso, no mercado, que o ritmo de crescimento, ainda lento, deve ser mantido na Páscoa deste ano. O gerente de marketing da Lacta, Ricardo Reis, disse que espera um crescimento do mercado como um todo em torno de 5% a 8%. Com a proposta de inovar nos produtos, a grande novidade da marca este ano são os aplicativos para o celular que interagem com os produtos da linha infantil . ;Por exemplo, o transformers, uma licença nossa, tem um aplicativo em que a criança pode sintetizar a voz dele igual a um dos personagens do filme e depois compartilhar nas redes sociais. É uma forma de a gente se conectar melhor com esse novo público, mais digital;, explica Reis.

Embora seja o quinto maior produtor de chocolate, o Brasil ainda tem um consumo baixo se comparado a outros países. Enquanto aqui, o consumo anual é de 2,5 kg por habitante, em países vizinhos, como a Argentina, consome-se o dobro.

*Estagiária sob supervisão de Jacqueline Saraiva

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