Economia

Supermercados e shoppings projetam aumento das vendas

O número ficará muito próximo aos 6,2% registrados em 2017, mas ainda bem abaixo dos resultados de 2013 (8,3%) e 2014 (10,1%), período pré-recessão.

Lino Rodrigues
postado em 01/02/2018 06:00

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São Paulo ; Dois setores que têm tudo a ver com o consumo dos brasileiros, supermercados e shopping centers, estão prevendo crescimento moderado nas vendas ao longo de 2018. Depois de um ano considerado razoável, o faturamento bruto das lojas de shopping deve encerrar este ano com alta entre 5,5% e 6%, de acordo com as previsões da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). O número ficará muito próximo aos 6,2% registrados em 2017, mas ainda bem abaixo dos resultados de 2013 (8,3%) e 2014 (10,1%), período pré-recessão.

Já os supermercados encerraram 2017 com alta de 1,25% nas vendas. O resultado ficou abaixo da previsão da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que esperava alta de 1,5%, e inferior ao crescimento de 1,58% do ano anterior. Agora, a entidade prevê crescer 3% em termos reais em 2018.

Para o presidente da Abras, João Sanzovo Neto, o crescimento de 2017 ficou aquém do esperado porque a deflação de alimentos foi mais intensa que o previsto, enfraquecendo o faturamento do setor, embora tenha havido uma evolução positiva das vendas em volume. Com isso, acrescentou ele, mesmo com as dificuldades de 2017, o setor conseguiu atingir um resultado acima de outros segmentos da economia. Este ano, o executivo disse acreditar em menos instabilidade, com a economia se descolando do processo político, apesar do clima eleitoral que deve afetar quase todo o segundo semestre do ano.

No caso dos lojistas dos shopping centers, o presidente da Abrasce, Glauco Humai, afirmou que o fraco resultado de 2017 pode ser creditado ao desempenho das vendas em dezembro, que ficaram bem abaixo do esperado. ;Não entendemos ainda a razão, mas foi um mês em que a confiança dos consumidores foi pior;, justificou ele.

Para este ano, segundo o executivo, a expectativa é de um bom desempenho nas vendas, especialmente nos primeiros seis meses do ano, uma vez que o segundo semestre deve ser afetado pelas eleições, com impactos negativos na confiança dos consumidores. O dinamismo dos novos empreendimentos, diz Humai, que estão deixando de ser apenas centros de compras para se transformar em locais de lazer e entretenimento, deve continuar atraindo mais consumidores ao longo deste ano. Em 2017, mais de 460 milhões de pessoas circularam nos 571 shoppings espalhados pelo país, 5,6% a mais que em 2016, garantindo um faturamento de R$ 168 bilhões.

Primeira necessidade

A alta moderada esperada pela Abras e Abrasce é vista como natural pelo consultor Eduardo Yamashita, do Grupo GS& Gouvêa de Souza, uma vez que as vendas dos dois segmentos do varejo incluem uma boa parte de produtos de primeira necessidade. ;Setores com produtos de primeira necessidade foram bem na crise e até chegaram a ameaçar fechar 2017 com queda. Com a recuperação da economia, os segmentos que mais sofreram tendem a se recuperar mais rapidamente;, diz Yamashita, citando os bens duráveis e semiduráveis como os com capacidade de crescimento mais rápida.

Segundo Yamashita, essas categorias, que incluem automóveis e móveis, só para ficar em dois exemplos, já estão registrando altas expressivas de vendas, porque têm demanda reprimida e devem continuar em alta ao longo de 2018. No caso dos veículos, a Anfavea, associação que reúne as montadoras no país, prevê vendas de 11,7% maiores este ano, depois de crescer 9,2% no ano passado.

;Produtos semiduráveis e duráveis, que dependem de crédito, melhora da renda e da confiança dos consumidores, com a recuperação da economia vão crescer mais, enquanto os de primeira necessidade menos;, diz o consultor. Ele lembra que, por conta da demanda reprimida e da estabilidade dos indicadores, é um movimento de alta esperado pelo mercado, e deve permanecer pelos próximos três ou quatro anos. Tanto que, pelas previsões da Gouvêa de Souza, a alta real do varejo (descontada a inflação) em 2018 deve chegar a 4%.

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