Economia

Startups crescem no setor financeiro onde atendimento de bancos é precário

Plataformas do setor financeiro ganham espaço no mercado ao oferecer ao público soluções tecnológicas práticas e produtos diferenciados para as demandas dos clientes. A maioria atua em áreas mal atendidas pelas instituições tradicionais

Bruno Santa Rita* , Rodolfo Costa , Letícia Cotta*
postado em 15/02/2018 06:00
Plataformas do setor financeiro ganham espaço no mercado ao oferecer ao público soluções tecnológicas práticas e produtos diferenciados para as demandas dos clientes. A maioria atua em áreas mal atendidas pelas instituições tradicionaisA crise financeira dos últimos anos chegou ao fim e a economia melhora gradualmente. Porém, mesmo com o Produto Interno Bruto (PIB) voltando a crescer, muitas pessoas ainda procuram formas de economizar, gastar menos e investir em alternativas financeiras menos custosas. É nesse mercado que as fintechs, as startups do sistema financeiro, vêm se destacando. Com soluções tecnológicas práticas e inovadoras para as demandas dos clientes, elas têm provocado uma verdadeira revolução no setor. Elas atendem boa parte da chamada geração Y, que procura resolver problemas de maneira rápida e personalizada. E a concorrência está obrigando as instituições financeiras tradicionais a sair do comodismo e a investir na melhora do atendimento e em inovação.

Um dos casos mais famosos é o do Nubank, que mudou a vida do professor particular André Marques, 23 anos. Como não possui um salário fixo, ele passou a controlar seu limite de crédito de acordo com o quanto recebe pelas aulas. Tudo possível devido às facilidades que o Nubank oferece. ;Peguei meu cartão do Nubank no fim de 2015. Como não tinha anuidade, comecei a usar e, quanto mais fui usando, mais aumentou o limite;, conta.

Outro diferencial da startup é não ter uma agência fixa. Todos os problemas são resolvidos por intermédio do aplicativo. ;Há mais atenção ao cliente do que nos bancos convencionais, incluindo um chat para tirar dúvidas no próprio app;, informa André.

Com o cartão, André consegue adquirir passagens aéreas e pacotes de viagem pelo programa de milhas, fazer compras on-line e até custear consumos mais convencionais. ;Não uso mais outro cartão de crédito;, diz. Para ele, no futuro, os serviços de cartão serão parecidos com os oferecidos pela fintech. ;É difícil mudar esse setor, mas acho que o futuro pertence às startups;, afirma.


Sob medida

Os serviços das fintechs, no entanto, não giram apenas em torno de cartões alternativos aos dos bancos tradicionais. A criação e a inovação fazem parte do conceito de startup, logo, não há limite para o que elas podem oferecer.

A ;Scorefy; disponibiliza para os clientes um serviço de consulta a dois grupos: pessoas endividadas e as que querem e podem investir. ;O aplicativo analisa a situação financeira da pessoa e mostra como pagar uma dívida da melhor forma. É um servidor inteligente que auxilia o cliente;, explica Patrick Nascimento, CEO da Scorefy. Isso é feito por meio de soluções financeiras sob medida. ;Nós ofertamos serviços adaptados ao momento financeiro do cliente;, diz Nascimento. As opções vão de oportunidades de crédito a levantamento de dívidas e balanços patrimoniais. ;A partir de um estudo prévio, conseguimos entregar aos clientes aquilo de que eles precisam;, afirma.

Já que a questão é resolver problemas, a empresa Onsurance foi direto ao ponto. A fintech, dirigida pelo CEO Ricardo Bernardes, foca em um sistema de seguro que o consumidor pode ativar e desativar quando bem entender, permitindo que pague somente pelo tempo em que efetivamente utilizou o serviço.

Paradigmas

;Trabalhamos com proteção on demand. Você liga na hora em que quiser proteção para seu veículo, por exemplo;, enumera. Para Ricardo, não faz sentido pagar por um seguro de carro enquanto ele está na garagem, ou seja, fora de risco, em tese. Hoje o serviço se estende a carros, motos e bicicletas, mas a ideia é que, no futuro, abranja todo tipo de equipamento. ;Mais para a frente, vamos ter seguros para câmeras fotográficas, computadores etc. Acredito que a Onsurance vai contribuir muito para quebrar paradigmas no setor;, aposta.

As fintechs não estão crescendo por acaso, observa José Luiz Rodrigues, sócio titular da JL Rodrigues, Carlos Átila e Consultores Associados e membro do conselho consultivo da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs). ;Elas são empresas formadas para complementar atividades do setor financeiro;, diz. Para ele, as fintechs estão focadas nas brechas, nas falhas de atendimentos e na necessidades de melhorar os serviços das instituições tradicionais. ;A competição que elas criam é o grande diferencial. Ela leva o sistema financeiro a se mexer;, diz. ;No futuro, não teremos apenas o modelo bancário tradicional. A mudança tecnológica não tem volta. Agora é a era digital, mais ágil.;

*Estagiários sob supervisão de Odail Figueiredo

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