Economia

Empresárias contam sua jornada rumo ao sucesso no auditório do Correio

Evento Correio Talks reúne empreendedoras da cidade, que refletem sobre os desafios de ser mulher e trilhar um carreira bem-sucedida no mundo dos negócios

Vera Batista, Ingrid Soares, Marlene Gomes - Especial para o Correio
postado em 22/03/2018 16:23
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O auditório do Correio Braziliesne foi tomado, na tarde desta quinta-feira (22/3), por histórias de mulheres que empreenderam e foram vitoriosas no mundo dos negócios. "Empreendedorismo feminino, mulheres que transformam" foi o tema do seminário do Correio Talks, evento criado para divulgar experiências e conquistas de empresárias, em comemoração ao mês da mulher.

Primeira a falar, a reitora do Centro Universitário IESB, Eda Coutinho, fez a plateia sorrir e se emocionar ao contar trechos de sua vida. Barreiras, decepções, experiências e muita luta se somaram ao relato da empreendedora, que conquistou um espaço no mercado na área de que sempre mais gostou: a educação. "O empreendedor tem que ser feliz", resumiu a empresária, primeira mulher a fundar um centro universitário na capital.

A educadora falou sobre a infância, quando não gostava de estudar, e a promessa que fez ao pai, aos nove anos, de que se tornaria uma boa aluna, caso fosse matriculada no colégio interno onde estudavam dois de seus oito irmãos. A resolução mudou a vida de Eda para sempre. ;A decisão de progredir não é um estímulo que vem de fora. E isso me acompanhou para o resto da vida;, disse a empreendedora.

Sem medo

Em seguida, Janete Vaz, sócia fundadora do Sabin Medicina Diagnóstica disse que se espanta ao olhar para trás e ver como foi difícil sua jornada de empreendedora. "Dificuldade que as mais jovens não precisam passar mais", avaliou, antes de complementar: "O importante é não ter medo."

Janete contou que chegou a Brasília com um filho, um diploma e quatro recomendações. Nenhuma delas deu certo, o que não foi motivo para que ela desistisse. Hoje o Sabin está em 11cidades, tem 225 mil unidades, 4.200 empregados ; 75% mulheres ; e faturamento de R$ 830 milhões.

Para seu sucesso, Janete destaca que foi fundamental valores políticos e familiares que se refletem no dia a dia. "Deus tem lugar de honra dentro da empresa", contou. E por isso ela faz questão que seus funcionários estejam felizes. "As pessoas precisam ter liberdade para falar, pensar e agir ", reforçou.

Sem príncipes

Mariana Deperon, sócia-fundadora da Tree Diversidade, contou que sua carreira deu uma guinada depois de ela ser demitida de uma grande empresa ao voltar da licença maternidade. A experiência a fez a CEO, certificada pela Organização das Nações Unidas (ONU), criar a consultoria de educação de gênero que dirige.

Ela lembrou que as mulheres representam 51,5% da população, 43% da força de trabalho e 66% da decisão de consumo, mas ainda recebem menos que os homens. E apresentou um dado que mostra como a luta por igualdade é benéfica à economia: caso houvesse equiparação salarial entre homens e mulheres, seriam injetados US$ 46 bilhões na economia mundial. "Diante desse quadro, precisamos ser empoderadas ou o poder já está conosco? ", questionou. "Já está conosco", respondeu ela mesma, exaltando as mulheres e outras inorias sociais a vencer o medo inconsciente que que impede avanços.
Para Suzane Veloso, mentora e angel investor em start-ups e consultora, a educação, crenças, família e trabalho são as linhas de frente das mulheres empreendedora, qualquer que seja a geração delas. O mercado de trabalho, no entanto, ainda trata com reservas as mulheres ; mesmo sendo mais escolarizadas, elas continuam ganhando menos. "Eu quero ser paga pelo que eu faço. O que eu entrego tem valor", enfatizou.

A executiva afirmou, ainda, que a grande revolução que as mulheres estão fazendo começa pela cabeça, já que, até a pouco tempo, a vida para muitas gerações se resumia a uma torre, a situação de perigo e a possibilidade de ser socorrida por um príncipe encantado. "Tem-se que fazer uma faxina mental", disse ao abordar o tema "Como romper com pensamentos limitadores que as mulheres têm na hora de empreender".

Mais espaço e voz

Fechando a tarde, Adriana Lima, blogueira e fundadora da marca de e-commerce Sacoleiros de Luxo, afirmou que o segredo para empreender é identificar uma necessidade do consumidor e saber se comunicar.
Ela destacou que, hoje, as mulheres estão comprando delas mesmas, tendo como base as redes sociais. "Criei a marca Sacoleiros de Luxo em 2009, com produtos importados de vários países. Vi que as mulheres precisavam de produtos que as satisfizessem e trouxessem glamour", contou.
"As oportunidades estão maiores, podemos fazer o que quisermos. Temos mais espaço e voz. Eu trabalhava em um cursinho e não me sentia valorizada. Então, decidi que era hora de partir para outra. Comecei a me questionar no que eu era melhor. E vi que era em vender", afirmou.

Para ela, nunca é tarde para começar o próprio negócio. "Se a gente não mudar a nossa vida agora, ninguém vai mudar. Comecei no Orkut, hoje estou no Instagram. A dificuldade não deve ser usada como empecilho, a oportunidade está em todo lugar, e as redes sociais estão aí para ajudar."
No final da palestra, a cantora Dhi Ribeiro foi a convidada para um pocket show. Ela falou sobre a importância do empreendimento feminino e ofereceu uma das músicas, "Juízo Final" em homenagem à vereadora Marielle Franco, morta no último dia 14, junto com o motorista Anderson Gomes, no Rio de Janeiro.

"Ninguém vai esquecer quem foi Marielle. Ela vai estar presente na nossa história e acabou servindo para que tenhamos mais coragem. Ela foi a gota d;água que fez com que todo mundo resolvesse se movimentar. Foi um atentado contra a democracia, contra a mulher. Precisamos saber quem foi que a matou. Não pode ficar impune", afirmou.

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