Eleições 2014

Dilma diz que Brasil não foi consultado sobre compromisso de desmatamento

De acordo com a presidente, há uma verdadeira paralisia no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem ocasionado tomadas de decisão alheias ao órgão

postado em 24/09/2014 19:44
A presidenta Dilma Rousseff manifestou-se sobre o fato de o Brasil não ter assinado a Declaração de Nova York, em que 150 países comprometem-se a zerar totalmente o desmatamento até 2030. Ela confirmou a posição declarada ontem pelo Itamaraty de que o governo brasileiro não foi convidado a participar da elaboração do documento e disse que a carta fere a legislação brasileira.

Segundo Dilma, ;além de não terem nos consultado;, a não assinatura se deu ;também pelo fato de que se contrapõe à nossa legislação;, disse. ;A lei brasileira permite que façamos manejo florestal, muitas pessoas vivem do manejo florestal, que é o desmatamento legal sem danos ao meio ambiente. Nas beiras, principalmente pelas populações tradicionais, você pode ter o manejo florestal;, justificou a presidenta, em entrevista a jornalistas em Nova York, depois de discursar na 69; Assembleia Geral das Nações Unidas.

Dilma voltou a se manifestar contrario às ações militares dos Estados Unidos na Síria e a qualquer solução que não seja diplomática para a resolução de conflitos. Ela também considerou "fundamental" a reforma do Conselho de Segurança do órgão. Nesta manhã, ao abrir os debates da assembleia, a presidenta disse que as intervenções militares mundo afora não têm sido capazes de eliminar conflitos na Síria, entre Israel e Palestina, e no Iraque. Na entrevista, foi mais enfática.

A presidenta comparou os bombardeios contra extremistas do Estado Islâmico na Síria aos bombardeios feitos sistematicamente contra o Iraque. "Vocês acreditam que bombardear o Isis [nome pelo qual também é conhecido o Estado Islâmico] resolve o problema? Porque se resolvesse, eu acho que estaria resolvido no Iraque. E o que se tem visto no Iraque é a paralisia", questionou.

"Hoje a gente querer, simplesmente bombardeando o Isis, dizer que você resolve porque o diálogo não dá, eu acho que não dá também só o bombardeio, porque o bombardeio não leva a consequências de paz. Por que, você quer bombardear? Para que? Para garantir a paz?", ironizou.



"Constatamos que o uso da força que vai desde intervenções militares amplas até localizadas não construíram a paz no mundo e o melhor caminho para se construir a paz será sempre o diálogo e a diplomacia. Em que pese todo mundo concordar com isso, isso não tem sido praticado", disse .

De acordo com Dilma, há uma ;verdadeira paralisia; no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem ocasionado tomadas de decisão alheias ao órgão. ;Em vários momentos acontece que as ações ocorrem fora do conselho, sem esse carimbo de legalidade que o conselho pode dar a uma ação, também dando a ela chancela de todos os países da ONU;. Para Dilma, além da reformulação, é necessário que o conselho rejeite ações unilaterais de países que acham que vão resolver todos os conflitos com ataques.

Dilma também defendeu a participação do Brasil no conselho e a mudança não somente da representação fixa, mas também da alternada. O Conselho de Segurança da ONU é composto por cinco membros permanentes (China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos), que têm direito a veto. Também fazem parte também do colegiado dez membros não permanentes, que são eleitos pela assembleia geral com mandatos de dois anos.

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