Eleicoes2010

Deficientes visuais votam em instituto no Rio e reencontram amigos

postado em 31/10/2010 16:03
Rio de Janeiro - Nas quatro seções eleitorais em funcionamento neste domingo (31/10) no Instituto Benjamin Constant (IBC), na Urca, zona sul da cidade, 60% dos cerca de 1,2 mil eleitores são deficientes visuais. Segundo a supervisora do serviço de votação local, professora Maria Tereza Ramos Caramez, eles votam no instituto há mais de 18 anos, quando a escolha ainda era feita em cédulas.

Hoje, o sistema eletrônico veio facilitar o processo. ;O sistema é em braille [sistema de leitura adaptado para cegos] e tem o fone de ouvido. Então, o deficiente visual coloca o fone e vai recebendo orientação de todo o processo eleitoral.;

A supervisora comentou que muitos deficientes visuais não necessitariam mais votar no instituto, seja pela idade avançada, seja devido à existência de urnas em braille em seções próximas à sua residência. Mesmo assim, a maioria faz questão de comparecer. ;Os deficientes saem lá da Baixada, Queimados, Campo Grande, Japeri e vêm votar numa alegria! São pessoas que já têm idade [avançada]. Muito bonito isso. É uma lição. Eles querem exercer a cidadania;, afirmou Maria Tereza.

Antonio Carlos Nunes Magalhães começou a perder a visão aos 4 anos de idade, quando teve sarampo. Aos 9 anos, ficou completamente cego. Ele estudou no Benjamin Constant e não perde a oportunidade de ir votar no local para reencontrar antigos colegas. ;Eu venho aqui e encontro amigos e pessoas que estudaram comigo.;

Ele disse, porém, que deve transferir o título para uma zona próxima de casa. ;Porque com a urna escrita em braille facilita que todo mundo transfira [o título]. Mas, é sempre uma emoção encontrar amigos;, disse, ao acrescentar que na próxima eleição talvez já vote no bairro de Laranjeiras, onde mora.

O Instituto Benjamin Constant é vinculado ao Ministério da Educação. Foi criado em 1854 pelo imperador dom Pedro II com o nome de Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Em 1891, o instituto recebeu o nome de Benjamin Constant, em homenagem ao seu terceiro diretor. Atualmente, o instituto é um centro de referência nacional para questões ligadas à deficiência visual.

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