postado em 27/11/2013 12:00
No dia em que muitas escolas comemoraram as boas colocações nas listas das melhores do país, outras que costumavam compor o topo do ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) reclamaram por não terem sido nem citadas e prometem questionar o Ministério da Educação. Assim como no ano passado, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) só divulgou as informações dos colégios que tiveram mais de 50% do alunos matriculados no 3; ano entre os que participaram da prova.Essa regra, por exemplo, fez com que o Olimpo, primeiro do ranking no Distrito Federal no ano passado, fosse excluído. A direção da escola é enfática: tem certeza de que pelo menos 90% dos alunos concluíram os dois dias de provas, em outubro do ano passado. O impasse se repete no restante do país. Escolas tradicionais como o Santo Antônio, de Belo Horizonte, não figuram entre as divulgadas. O sócio-proprietário e diretor de ensino do Olimpo, Rodrigo Bernadelli, afirma ter certeza de que os dados estão equivocados. ;Achamos que houve um erro de cruzamento entre as informações de presença no Enem e o que consta no Educacenso;, ressalta. Ontem, a escola cobrou uma explicação do Inep, mas é necessário seguir o protocolo comum de pedir a revisão dos dados.
[SAIBAMAIS]Segundo Bernadelli, em três anos de participação no Enem, nunca houve percentual menor do que 85% de estudantes que fizeram a prova. ;Perguntamos em sala de aula, e a taxa do ano passado ficou em 95%. Não entendemos o que aconteceu.; No ano passado, quando a metodologia mudou, o Colégio Militar de Brasília, que dominava os rankings das melhores públicas do DF, foi excluído pelo sistema.
Em São Paulo, o Colégio Objetivo Integrado, melhor do país em 2012, também não apareceu na lista. A assessoria da instituição argumenta que pode ter ocorrido um erro dos estudantes na hora da inscrição. Segundo o Objetivo, o Inep informou que existiam 43 alunos inscritos e o Censo Escolar apontava que a escola tinha 42. A escola acredita que alunos de outras unidades da escola podem ter errado na hora de responder o cadastro e colocado a unidade Objetivo Integrado, que é um ;colégio dentro do colégio;. A instituição afirma que a média das notas dos alunos é 740,81, o que seria a maior nota do país.
Amostragem
Em Belo Horizonte, o Santo Antônio e o Santo Agostinho tinham posto garantido entre as 30 melhores do país e também ficaram de fora. Lá, os diretores das escolas se reuniram para decidir o que fazer. De acordo com o diretor-geral do Santo Antônio, frei Jacir de Freitas Farias, eles vão apresentar uma representação no MEC. ;É um prejuízo muito grande para nós e para os alunos. Ver que não estamos nem na tabela de dados é uma decepção muito grande. Já estamos conversando com outros colégios lesados vendo a possibilidade de pedir danos morais;, lamenta. No Recife, o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco (Sinepe) contestou a lista. Eles reclamam do novo critério que deixou de fora escolas como Colégio Boa Viagem, Damas, Exponente, Santa Maria e Equipe.
Na segunda-feira, o ministro Aloizio Mercadante explicou que os critérios atendem a necessidade de considerar uma amostra minimamente razoável. ;Menos de 10 alunos não têm relevância. A escola pega só os melhores e faz o Enem e a média dela fica lá em cima, mas essa não é a realidade;, alegou. O ministro, entretanto, criticou a comparação com base nas médias. ;A média mascara coisas essenciais que são as condições sociais econômicas, educacionais de cada escola, de cada estudante;, pontuou. De acordo com o Inep, as escolas que se sentiram injustiçadas têm um prazo de 10 dias para questionar os dados.
Os critérios
Confira quais são as regras para entrar no banco de dados do Inep
; Contar com a participação de 50% ou mais alunos no Exame Nacional do Ensino Médio, em relação ao total de estudantes concluintes das respectivas escolas.
; Ter no mínimo 10 estudantes participantes
do Enem do ano passado, entre os estudantes declarados ao Censo Escolar 2012.
Composição do ranking
; É calculada a média da nota das quatro áreas do conhecimento (linguagem e códigos; matemática, ciências humanas; ciências da natureza) avaliadas pela Teoria de Resposta ao Item (TRI). Por esse método, a pontuação obedece ao grau de dificuldade do item. Quem acerta cinco de 10 questões, não necessariamente
tira nota 5.
; A nota da redação não é incluída na conta.
; Foram usados os dados das 11 mil instituições e de 683,8 mil alunos, todos concluintes da educação básica, divulgados pelo Inep.