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Ratos de biblioteca

Crianças aprendem a devorar e amar os livros com projeto que funciona há 7 anos em Ceilândia

postado em 03/02/2014 13:28 / atualizado em 07/10/2020 13:47
   
Crianças aprendem a devorar e amar os livros com projeto que funciona há 7 anos em CeilândiaUm cantinho aconchegante, decorado com coloridas pinturas e — o melhor de tudo — recheado com mais de 2 mil livros. Esse é o espaço Roedores de Livros, que fica no Shopping Popular da Ceilândia. O projeto existe há sete anos e oferece leitura de histórias, oficinas de artes e de brinquedos populares, além de acesso e de empréstimo de livros. A professora de artes Ana Paula Bernardes, 43 anos, e o escritor Tino Freitas, 41, responsáveis pelo espaço, recebem cada visitante com carinho. Crianças que frequentam o local há muito tempo e outras que acabaram de chegar se misturam, já que o casal faz todas se sentirem em casa.

Não é uma simples biblioteca comunitária: as crianças se emocionam com as mediações de leitura, em que um adulto lê a história de um modo interativo. Tudo que ocorre por lá, tem um único objetivo, como conta Ana Paula:

— Queremos despertar o gosto pela leitura, com livros de qualidade.

Meninos e meninas sentam num tapete vermelho, conhecido como “tapete mágico”, tiram os sapatos, e preparam olhos e ouvidos para conhecer o livro a ser apresentando. Além de forrar o chão, o tapete serve para outra coisa. É o que explica Tino:

— O tapete iguala as crianças de diferentes classes sociais por causa do sapato. Não pode pisar no tapete calçado e, sem o sapato, fica mais difícil fazer essa distinção. Por isso, é um tapete mágico, onde todos são iguais e especiais. Assim, qualquer um aprecia a leitura da mesma forma.

Quem ainda não sabe ler aproveita para ouvir. Quem já sabe acompanha. Depois, é hora de fazer arte. Os visitantes fazem desenhos, pinturas e outras coisas. Cada oficina de arte está relacionada a livros lidos. Depois de ler sobre voar, por exemplo, meninos e meninas confeccionam aviões de papel.

Uma hora ou outra, quem passa por ali tem vontade de ler sozinho. Para pegar livro emprestado, é preciso se tornar um roedor-mirim. Basta visitar o espaço, pelo menos três vezes, e preencher uma ficha. Depois disso, os cadastrados recebem uma sacolinha do projeto para poder levar livros para casa — e depois trazer de volta — sem risco de estragar a obra.
 
Roedores-mirins


Crianças aprendem a devorar e amar os livros com projeto que funciona há 7 anos em Ceilândia
Rahids Farias, 9 anos
— Participo do Roedores de Livros desde os 5 anos. Aqui, leio, brinco e desenho. Quando eu cheguei, nem sabia ler e estar aqui me ajudou muito. Minha mãe e meu pai trabalham no shopping, então, sempre visito o espaço. O melhor livro que eu li por aqui foi Na porta da padaria, de Ivan & Marcello.
Crianças aprendem a devorar e amar os livros com projeto que funciona há 7 anos em Ceilândia
Filipe Augusto Lima, 9 anos
— Venho aqui quase todos os dias e aproveito para brincar com quebra-cabeças e damas. Com as histórias que leem para mim aqui, eu aprendo a ler melhor. Ainda não tenho a sacolinha de roedor-mirim, mas quero ter para poder levar livros para casa. Uma história muito legal que ouvi aqui foi a do vento.
Crianças aprendem a devorar e amar os livros com projeto que funciona há 7 anos em Ceilândia
Maria Victória Gomes, 8 anos
— Eu conheci o Roedores de Livros e comecei a participar quando eu tinha 4 anos. Minha avó trabalha aqui no Shopping Popular de Ceilândia, então, aproveito para brincar, ler e levar livros para casa. O Tino e a Ana Paula leem as histórias de um jeito divertido, muito bom. Gosto muito deles.
Crianças aprendem a devorar e amar os livros com projeto que funciona há 7 anos em Ceilândia
Gabriel Patrick Rangel, 8 anos
— Conheci o Roedores de Livros há um ano e, desde então, venho  quase todos os dias. Aqui eu brinco de dominó e de outras coisas. O Tino e a Ana Paula educam e ensinam muita coisa. As leituras às vezes são engraçadas. Nunca levei um livro para casa, mas já li alguns por aqui. É um ótimo passatempo.
 
 
 De onde veio?

O projeto Roedores de Livros começou a funcionar em 6 de maio de 2006, na extinta biblioteca do Açougue T-Bone, onde ficou durante um ano. O projeto também atuou na Creche Comunitária de Ceilândia até mudar para a sede onde está até hoje. Ana Paula explica o motivo:

— Queríamos atender as crianças com mais dificuldade de acesso à leitura. No Shopping Popular de Ceilândia, filhos de vendedores e também de quem vem fazer compras passam por aqui. Recebemos muitas visitas, normalmente entre 10 e 15 crianças a cada dia.

Em junho de 2011, o Roedores de Livros foi escolhido como o melhor programa de incentivo à leitura junto a crianças do Brasil pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Desde setembro de 2013, o projeto recebe apoio do Fundo de Apoio à Cultura. Com essa ajuda, o espaço contratou monitores e traz escritores para falarem com as crianças durante a semana — antes o projeto só funcionava nas manhãs de sábado com o trabalho voluntário de Ana Paula e Tino.


 
Quer conhecer?


Para visitar, vá ao Shopping Popular de Ceilândia (QNM 11, Área Especial Lote 3, Torre A, Ceilândia Sul). O espaço funciona de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h30 às 12h. Na sexta-feira, há oficinas de criação às 10h e às 14h. Turmas escolares podem agendar visitas para terças e quintas pelo e-mail roedoresdelivros@gmail.com ou pelo número (61) 8132-5308. Durante a primeira semana de fevereiro, há uma programação especial: um intensivão de medição de leitura. Conheça os livros que serão lidos a cada dia:

3 de fevereiro, terça-feira - Brincando com sombras e feitiços
10h - O teatro de sombras de Ofélia, de Michael End
14h - O mago, o horrível e o livro de feitiçaria, de Pablo Bernasconi

4 de fevereiro, quarta-feira - Fábulas

10h - Minhas fábulas de Esopo, de Michael Morpurgo e Emma Chichester Clark
14h - Fábulas de Dona Maria, de Fábio Sombra

5 de fevereiro, quinta-feira - Cordel e índios

10h - O jumento e o boi em cordel, de João Bosco Bezerra Bomfim
14h - A origem do beija-flor, de Yaguarê Yamã

6 de fevereiro, sexta-feira - Poesias

10h - Tudo é invenção, de Ricardo Silvestrin
14h - Ri melhor quem ri primeiro, Vários autores

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