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Alvorada,drama sem-fim

Ex-alunos da faculdade descredenciada não conseguem, por falta de documentação, regularizar amatrícula nas instituições nas quais estudam. MEC cogita vasculhar os arquivos e computadores da entidade que está lacrada

postado em 14/04/2014 12:38
Francisco e Lidiane não obtiveramo histórico escolar original e são cobrados por isso. Ela concluiu o curso, mas não consegue colar grauApós descredenciar a Faculdade Alvorada,em setembro último, o Ministério da Educação (MEC) prometeu fazer a transferência assistida dos alunos para outra instituição. Dois meses depois da promessa, o órgão cumpriu coma palavra e eles foram matriculados em uma universidade em situação legal.Quando acharam que a agonia dos 60 dias sem saber onde estudariam tinha acabado, eles sofreram mais um revés: agora, a maioria dos 4 mil alunos da antiga Alvorada não têm como comprovar os anos de aprendizado. Apesar de já estarem estudando, os discentes não conseguem acessar a documentação necessária para regularizar o histórico escolar e tememser jubilados.

Alguns estudantes preferiram fazer a transferência avulsa, sem a ajuda doministério. Lidiane Mendes, 30 anos, é umdeles. Ela conseguiu a cópia dos documentos e se matriculou na Fortium. Cursou o último semestre de direito e apresentou a monografia. Quando achou que estava formadae teria o diploma em mãos, mais uma decepção. A instituição em que completou o curso cobrou a versão original dosdocumentos, e ela não tinha. Procurou a Alvorada, que não forneceu os originais. ;Estou formada. Estudei cinco anos e fiz tudo que os professores pediram.Mas não me deixam colar grau;, reclama.

Alguns estudantes preferiram fazer a transferência avulsa, sem a ajuda do ministério. Lidiane Mendes, 30 anos, é umdeles. Ela conseguiu a cópia dos documentos e se matriculou na Fortium. Cursou o último semestre de direito e apresentou a monografia. Quando achou que estava formadae teria o diploma em mãos, mais uma decepção. A instituição emque completou o curso cobrou a versão original dosdocumentos, e ela não tinha. Procurou a Alvorada, que não forneceu os originais. ;Estou formada. Estudei cinco anos e fiz tudo que os professores pediram.Mas não me deixam colar grau;, reclama.

Esgoto na sala
O estudante de comunicação social Francisco Coelho, 25 anos, se lembra quando a faculdade entrouemcrise.; Chegamosa ter aula em uma sala que, no fundo, tinha um esgoto. O mau cheiro era grande.Reclamamos,protestamos perante a diretoria, mas nunca resolveramo problema;, conta. Segundo ele, o reitor negava que a faculdade andava mal das pernas e prometia melhoras. Além disso, eles começaram a juntar diferentes semestres na mesma sala por falta de professor. ;Os docentes começaram a pedir demissão e não tinhagente suficiente para lecionar. Eles faziam de tudo para que houvesse aula, mas a situação era precária;, recorda.

Atualmente,Coelho estánoInstituto de Ensino Superior de Brasília (Iesb),masa universidade cobra com frequência a documentação. ;Estamos de mãos atadas. Não temos para onde fugir. Já pedimos ajuda para os deputados distritais, federais e senadores.Osenador Paulo Paim (PT-RS) prometeu inserir a Alvorada em pauta na audiência que tratará das cariocas Univercidade e Gama Filho, que estão em situação parecida.Tomara que tenha algum resultado.;

Lidiane foi uma das primeiras a identificar as anormalidades na faculdade. Ela investigou o que estava se passando. Com outros estudantes, constatou no Judiciário, no início de 2012, que a Alvorada respondia a diversas ações. ;Além dos processos trabalhistas, por falta de pagamento, havia uma ação de despejo. Foi aí que nos preocupamos e informamos aos demais
alunos do risco de sermos despejados;, diz. Após espalhar a notícia pela faculdade, os professores passaram a persegui-la a fim de impedir manifestações de estudantes revoltados. ;Inicialmente, ninguém acreditou que podíamos ser expulsos dali e un professor de direito do consumidor conseguiu jogar meus colegas contra mim. Virei motivo de chacota, achavam que eu estava delirando. Cheguei a entrar em depressão devido à forma como estava sendo tratada;, recorda. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a Alvorada.

Calote no aluguel
A Faculdade Alvorada enfrenta problemas judiciais desde 2009. Naquele ano, a proprietária do prédio em que funcionava a instituição entrou com ação na Justiça para rescindir o contrato de locação e despejar a instituição por falta de pagamento do aluguel. Em julho do ano passado, a dívida da faculdade somava R$ 36 milhões, e o despejo foi decretado. A Alvorada, então, prometeu aos estudantes manter as aulas em outro endereço, no Setor de Rádio e TV Norte. Os alunos foram até lá,mas não havia notícia dos professores muito menos da faculdade. Dois meses depois, em setembro, o Ministério da Educação (MEC) descredenciou a instituição.

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