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Festa de cor

As escolas da capital federal não ficam de fora e festejam o Dia da Consciência Negra, comemorado na próxima quinta-feira (20), com diversas programações

postado em 20/11/2014 12:46
Joanna Tainá participou de uma oficina de turbantes  (Paula Rafiza/Esp. CB/D.A Press)
Joanna Tainá participou de uma oficina de turbantes

O Brasil é uma imensa diversidade ; que se revela na paisagem e no povo. Já reparou como as pessoas daqui são diferentes umas das outras? Tem gente de pele parda, negra, branca, amarela; E as texturas do cabelo, então? Vão desde o mais liso até o mais crespo! Tudo isso é fruto da miscigenação entre os diferentes povos que ocuparam as terras brasileiras durante o período da colonização: os europeus, os indígenas e os negros, que chegaram ao Brasil trazidos da África e contribuíram imensamente com a formação da cultura brasileira.

Para refletir sobre o papel dos negros na história e celebrar a diversidade cultural que eles ajudaram a trazer para o nosso país é que existe o Dia da Consciência Negra, celebrado na próxima quinta-feira (20). A data foi escolhida por conta da morte de um importante personagem histórico: o Zumbi ; mas não é aquele dos filmes de terror! Esse Zumbi foi um importante guerreiro que combateu a escravidão e liderou o quilombo dos Palmares, um dos maiores e mais famosos da época. Zumbi dos Palmares, como ficou conhecido, morreu há muito tempo, lá em 1695, mas as conquistas dele ainda são lembradas e, até hoje, ele é reconhecido como um verdadeiro herói brasileiro.
Descobrindo a cultura africana


Isabele e Carlos, 10 anos coloriram máscaras africanas  (Gustavo Moreno/CB/D.A Press)
Isabele e Carlos, 10 anos coloriram máscaras africanas

A história da África está na ponta da língua dos alunos da Escola Classe 5, do Guará. Ou melhor; diante dos olhos! Em novembro, eles conheceram um pouco da cultura do continente e montaram um mural com máscaras típicas da arte africana. Não parou por aí: eles também assistiram a uma roda de capoeira, apresentada por professores e estudantes. Para Isabele Silva, 10 anos, celebrar a data é uma maneira de conhecer mais sobre as origens do Brasil.

; Estudei várias personalidades e achei muito legal pintar as máscaras. Conhecer a história é importante para conseguir conscientizar outras pessoas.

Carlos Eduardo Rodrigues, 10, também pintou uma máscara e se surpreendeu com a apresentação de capoeira.

; Eu nunca tinha visto assim, de perto. Foi a primeira vez. Gostei bastante e acho que deve ser muito difícil fazer os movimentos que eles fazem.

Mesmo quem já conhecia a mistura de dança com arte marcial gostou da apresentação. Marco Aurélio Pereira, 11, pratica capoeira há dois anos e cantou todas as ladainhas ; como são chamadas as músicas tocadas nas rodas. Ele acha que ter um dia especial para falar sobre o tema é importante para acabar com o preconceito.

; Se não fosse a luta dos negros que vieram para o Brasil, não teríamos tanta liberdade, como temos hoje. Acho o preconceito uma bobagem e fico muito chateado que esse tipo de coisa ainda exista. Conhecer a nossa história ajuda a combater isso.


Dando pano para a... cabeça!
A moda no Jardim de Infância 603 do Recanto das Emas é enfeitar a cabeça e assumir a cabeleira! Eles aprenderam a lição com a história de Lelê, uma garota que questiona o porquê de ter o cabelo tão cheio de cachinhos. Assim como ela, os colegas conheceram a história da África e descobriram as semelhanças entre as pessoas daquele continente e as que moram no Brasil. O passeio reservou mais uma surpresa: eles aprenderam a usar turbantes ; adornos feitos com tecidos na cabeça bastante comuns no norte e no leste da África. Joanna Tainá dos Santos, 4 anos, já conhecia o enfeite:

; Eu já tinha usado turbante porque a minha mãe sabe fazer. Acho que fica muito bonito. Também achei a história da Lelê muito linda.

Já Heloisa Lourenço, 6, nunca tinha usado um turbante, mas gostou de conhecer um pouco mais sobre a cultura africana.

; Eu sempre uso tiara, mas o turbante também é legal. Eu gostei muito das roupas que eles usam por lá também. Dá para usar os dois juntos.

A brincadeira não ficou só entre as meninas. Os meninos também ganharam tipos diferentes de turbantes para enfeitar a cabeça, como conta Thayson Barboza, 5:

; Eu já sabia que os meninos também podiam usar. Eu gostei porque não faz calor.
Para ler


 (Editora SM/Reprodução)

Homens da África
Ahmadou Kourouma
Edições SM, 160 páginas, R$ 49
O livro apresenta características culturais, religiosas e sociais dos habitantes da África do Oeste.

 (Editora Pequena Zahar/Reprodução)

Martin e Rosa: Martin Luther King e Rosa Parks, unidos pela igualdade
Rapha;le Frier
Editora Zahar, 48 páginas, R$ 39,90
Conheça a história de Rosa Parks e Martin Luther King, que desafiaram a divisão entre brancos e negros nos Estados Unidos.

 (IBEP Nacional/Divulgação)

O cabelo de Lelê
Valéria Belém
Editora IBEP Nacional, 31 páginas, R$ 27,90
Lelê descobre que em cada cachinho de seu cabelo existe um pedaço da herança africana.

Um pouco de história


Da colonização para cá, muita gente passou a conhecer e ter orgulho das origens africanas, mas nem sempre foi assim. Por mais de 300 anos, os negros foram aprisionados e trazidos em navios negreiros para o Brasil, onde eram forçados a trabalhar nas fazendas de cana-de-açúcar ou nas minas de ouro. Naquele tempo, os negros não podiam expressar suas crenças e seus costumes e precisavam ficar escondidos para praticar os rituais religiosos, cantar as músicas e participar das danças típicas da cultura deles. Todo esse horror só acabou em 1888, quando a Princesa Isabel colocou um fim na escravidão, com a assinatura da Lei Áurea, dando aos negros o direito de serem livres.


Herança que vem de longe
Você sabia que várias coisas no seu dia a dia foram criadas no Brasil pelos africanos? Quando comemos aquela feijoada no final de semana, por exemplo, estamos saboreando um prato criado pelos escravos. Foi mais ou menos assim: os senhores das fazendas não gostavam de comer as orelhas, o rabo e os pés dos porcos, então ofereceram as partes para os escravos, que cozinharam tudo isso com o feijão e acabaram criando um prato tipicamente afro-brasileiro. Também podemos ver a herança daquela época quando assistimos à apresentação de uma escola de samba: a cuíca e o reco-reco são dois instrumentos musicais de origem africana. Até quando falamos deixamos à mostra a nossa origem! Várias palavras da língua portuguesa foram adaptadas do idioma falado pelos povos bantos, que moravam no litoral da África. Quer exemplos? Fubá, macaco, gangorra, moleque, dengo e bagunça são todas expressões de origem africana.O jeito dengoso, amoroso, do brasileiro também é uma herança dos africanos.


Minha escola também participa

Seu colégio também está comemorando o Dia da Consciência Negra? Então, envie um e-mail com foto, nome completo, idade e telefone para super.df@dabr.com.br. Você pode aparecer na próxima edição do seu caderno infantil.
Consciência na telona


No mês da consciência negra, os alunos do 6; ano do Centro de Ensino Fundamental 1 do Paranoá pararam para refletir um pouco sobre o preconceito. Eles assistiram ao filme Vista minha pele, dirigido por Joel Zito Araújo, no qual uma garota branca tenta ganhar votos num concurso de beleza da escola. Mas, nesse filme, a história do Brasil é contada de uma maneira diferente: na ficção, as pessoas brancas é que foram escravizadas durante a colonização e que sofrem, até hoje, com o preconceito. Veja a opinião de estudantes sobre o filme:

 (Fotos: Paula Braga/Esp. CB/D.A Press)

Marcos Paulo Pereira, 12 anos:

; Se eu estivesse no lugar da garota do filme, acho que teria desistido. Nos dias de hoje, algumas coisas mudaram, mas precisamos mudar mais ainda para acabar com o preconceito.


Rosilene Lourenço, 12 anos:
; A troca de lugares no filme é muito legal. Desde a escravidão, muita coisa mudou em relação ao preconceito, mas algumas pessoas ainda precisam se colocar mais no papel das outras.


Antonia Gabrielle, 12 anos:
; Achei o filme muito interessante. Tratar alguém mal pode ter uma consequência muito séria. Muita gente ainda não tem consciência do quanto o preconceito é ruim.


Vitória Lourenço, 13 anos:
; Hoje são os negros que sofrem com o preconceito, e no filme é o contrário. Achei importante a troca de papéis, porque algumas pessoas ainda não conseguem se colocar no lugar do outro.


Camila Moreira, 11 anos:
; O filme é bom para fazer com que as pessoas tenham consciência e mudem as suas atitudes. Quando você sente o que o outro passa, consegue entender e mudar.


João Victor dos Santos, 12 anos:
; Uma vez vi um vídeo de um homem tratando uma moça mal porque ela era negra. As pessoas que fazem isso precisam respeitar as diferenças.


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