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Professores de escolas públicas se reúnem na Esplanada dos Ministérios

Ato ocorreu no fim da manhã

postado em 19/03/2014 09:56

Professores caminham na Esplanada por volta das 11h30Uma manifestação liderada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) está sendo realizada na manhã desta quarta-feira (19/3). Os professores se concentram em frente ao Congresso Nacional desde as 9h. Segundo informações da Polícia, mais de mil pessoas estavam no local. Para a CNTE, havia 2,5 mil pessoas no ato. Vestidos de vermelho e segurando faixas, eles caminharam pacificamente e ocuparam quatro faixas da Esplanada dos Ministérios até chegar à Praça dos Três Poderes. A pista entre o Congresso Nacional e a Praça dos Três Poderes ficou interditada.

Em frente ao Palácio do Planalto, o grupo deseja sensibilizar a presidente Dilma, segundo Roberto Leão, presidente da CNTE. "Desde segunda-feira, professores de outros estados estão paralisados e participando de eventos e manifestações. Para finalizar esses três dias de ato, conseguimos juntar 2,5 mil pessoas hoje. Espero sensibilizar a presidente para que ela interceda, junto aos estados e municípios, e garanta apoio à categoria", disse. Segundo Leão, o principal motivo do movimento é a votação imediata do Plano Nacional de Educação (PNE), que destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação. Os profissionais de educação também desejam destinação dos royalts do pré-sal para educação, plano de carreira, e o cumprimento integral da lei do piso salarial do professor, que hoje é cumprida por apenas quatro unidades da federação: Distrito Federal, Acre, Tocantins e Ceará.

Além de professores da região da capital federal, a estimativa do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) é que pelo menos 2 mil educadores de outros estados se juntem ao movimento. O Sinpro-DF estima que entre 60% e 80% dos professores da rede pública do DF tenham deixado de trabalhar para aderir à manifestação, mas números exatos só serão informados ao fim do dia. A Secretaria de Educação ainda não tem como informar o quantitativo de adesão ao movimento. Em resposta à solicitação do Correio Braziliense, a assessoria de imprensa respondeu que "A SEDF só poderá ter o quantitativo de adesão ao movimento no final dos três turnos do dia letivo, quando as 14 Coordenações Regionais de Ensino, responsáveis pelas 654 unidades educacionais da rede pública de ensino, receberem as informações de mobilização ou não por parte das escolas. No caso de paralisação, a escola deverá agendar a reposição". Segundo a pasta, as escolas têm autonomia para agendar as reposições, mas devem informar à Secretaria de Educação sobre o agendamento.

[SAIBAMAIS]Pautas do DF
No DF, o piso dos professores é respeitado, mas segundo Rosilene Correa, diretora do Sinpro-DF, além da pauta nacional, há problemas regionais a serem resolvidos. "Há muitas escolas sem professores e muitas escolas endividadas por falta de repasse de recursos. Alguns direitos não estão sendo cumpridos, como o gozo da licença premium, e a redução de 20% da carga horária para o professor que passa 21 anos em sala de aula. Também queremos que nosso auxílio alimentação, que hoje é de R$ 373, se equipare ao da Câmara Legislativa, que é de R$ 800", afirma. Para outros estados, o piso ainda é um problema. "Há governadores e prefeitos que insistem em não pagar o mínimo definido em lei", critica Rosilene.

Questionada sobre as reivindicações dos professores, a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação respondeu, por e-mail, que "não faltam docentes na rede pública de ensino e que a pasta dispõe de um banco reserva de 6,5 mil professores para substituição imediata". A Secretaria informa que tem dificuldades para encontrar professores temporários porque os substitutos, muitas vezes, não têm interesse na vaga oferecida. O problema é agravado pelo fato de a convocação ter de seguir a ordem da lista dos aprovados no concurso. "As carências devem ser comunicadas pelas escolas à Coordenação Regional de Ensino, que encaminhará um substituto para a vaga. As carências surgem em virtude de licenças médicas, licença maternidade, aposentadoria, abono, licença prêmio, afastamento para estudo, dentre outros motivos que são respaldados ao servidor público por lei", continua o texto.

Richard e João Victor, do Centro de Ensino Médio Elefante Branco, não tiveram todas as aulas durante a manhã. A previsão é de que no período da tarde somente algumas disciplinas sejam dadas.O lado dos alunos
Os alunos da rede pública de ensino foram avisados de que não haveria aula nesta quarta-feira por meio de comunicados. No Centro Educacional 1 do Cruzeiro, alguns poucos desinformados foram ao colégio e, em seguida, liberados, como explica o vice-diretor Getúlio Sousa Cruz. "A direção da escola continua funcionando, mas fica engessada já que os professores estão na manifestação. Provavelmente, a reposição deve ocorrer em um sábado, ainda no mês de março, para que o aluno não fique prejudicado". Segundo ele, os únicos professores que foram ao colégio nesta manhã são os quatro que são mantidos por contratos temporários, já que eles não podem fazer greve.

Alunos do Centro de Ensino Médio Elefante Branco, Sabrina Pereira e Richard Marto, 16 anos, e João Victor Veras, 17, foram ao colégio hoje mesmo com a paralisação. Das seis aulas previstas, Sabrina, que cursa a 2; série do ensino médio, só teve uma, de filosofia. ;A paralisação é justa, pois a educação no Brasil não é bem estruturada e os professores fazem de tudo para dar aula, mesmo sem condições. Não vai ser prejudicial perder o dia de hoje porque os professores podem repor as aulas em outros dias;, defende a aluna. Na 3; série do ensino médio, os alunos estavam liberados, mas quem quisesse ficar no colégio poderia ter aulas. João Victor é a favor do protesto e diz que a paralisação é importante para sensibilizar a respeito da causa. ;Hoje o Governo está mais preocupado em fazer obras e pouco interessado em investir na educação;, desabafa.;Possivelmente, vão repor as aulas os sábados, o que nem sempre é bom porque muita gente não vai. A paralisação só é justificável se trouxer algum resultado porque, se não, vai ser um dia perdido;, pondera Richard.

Os dois filhos da empregada doméstica Marizete Bispo Reis, 33 anos, estudam em escolas públicas. Ela tem uma opinião dividida sobre a paralisação dos professores. ;Eu acho que os professores têm direito de se manifestar porque eles batalham tanto; Por outro lado, acho errado porque isso atrapalha os alunos e também os pais, que não têm com quem deixar os filhos. A reposição é sempre aos sábados e atrapalha, porque é um dia de ficar em casa;, diz.

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