Trabalho e Formacao

Tempo de reflexão

Profissional deve avaliar a trajetória no último ano para evitar a acomodação e seguir em frente na conquista dos objetivos da carreira

Ana Paula Lisboa
postado em 27/01/2014 10:17

Reiner Leite acha importante receber um feedback da chefia, mas ele faz sempre uma autoavaliaçãoA velha máxima diz que é preciso analisar a própria história para não repetir erros já amargados. Pois essa regra também se aplica à vida profissional. Para começar bem o ano, especialistas indicam uma revisão da trajetória profissional na empresa atual. Analisar resultados, nível de satisfação, salário e evolução pode revelar o que precisa ser alterado. Em casos críticos, pode ser necessário considerar a possibilidade de mudar de cargo, de emprego e até mesmo de atividade.

Para Débora Barem, professora de administração da Universidade de Brasília (UnB), estabelecer metas e fazer uma autoavaliação é necessário para evitar a acomodação. ;Faça uma projeção honesta e imagine-se daqui a cinco ou 10 anos, e pense onde gostaria de estar. A partir daí, defina o que é necessário para alcançar o objetivo;, recomenda. A professora destaca que sistemas de avaliação de desempenho aplicados por empresas ajudam, mas o próprio funcionário pode testar a si mesmo. ;A falta de diagnóstico condena a pessoa a uma zona de conforto. Esses testes servem para elaborar um inventário de habilidades e comportamentos e descobrir o que falta para exercer melhor a função;, esclarece.

O assessor especial legislativo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Reiner Leite, 42 anos, representa a organização na Câmara dos Deputados e utiliza a avaliação interna para se reposicionar. ;É importante receber um feedback da chefia e ter a oportunidade de perceber falhas, mas eu também avalio a mim mesmo constantemente;, conta. Depois de entrar na organização como auxiliar administrativo, Reiner fez faculdade de administração e de direito. A capacitação foi reconhecida com várias promoções na carreira. Ao refletir sobre os 19 anos de trabalho na instituição, Reiner se sente satisfeito e valorizado.

Dayane Freire está cursando pós-graduação em desenvolvimento de sistemas para se sair melhor na função

Reconhecimento
Trabalhando há cinco anos como analista financeira, a contadora Mayana Nascimento, 30 anos, fez especialização em gestão empreendedora de negócios. ;Adquiri habilidades úteis, mas não houve nenhum reconhecimento. Não fiquei frustrada, porque isso é comum na empresa;, admite. Ela almeja ocupar um cargo de gerência no futuro e se arrepende de nunta ter trabalhado como contadora.

João Xavier, diretor-geral da Ricardo Xavier Recursos Humanos, recomenda que Mayana repense essa frustração. ;O objetivo de ser executiva está mais ligado à área financeira e administrativa em que ela já atua do que à contabilidade. Talvez ela esteja no melhor setor e nem tenha se dado conta. Por isso, é importante fazer um balanço;, afirma. O consultor esclarece ainda que formação e tempo de serviço não bastam para conquistar um cargo melhor: obter resultados buscados pela empresa e demonstrar conhecimento técnico, motivação, evolução intelectual e emocional fazem diferença. João Xavier recomenda que todo funcionário, independentemente da função, avalie a própria carreira pelo menos uma vez por ano. ;É importante olhar para trás para saber se está mesmo saindo do lugar. Apenas trabalhar e ;deixar a vida me levar; não é suficiente. É preciso estabelecer metas, com prazos, avaliar o que precisa realizar para alcançá-las e fazer o máximo para cumpri-las.;

No caminho certo

Formada em ciência da computação, Dayane Freire, 27 anos, é analista programadora há três anos numa empresa de tecnologia. Ela identificou áreas em que precisa melhorar e teve a iniciativa de buscar conhecimento. ;Em 2014, comecei uma pós-graduação em desenvolvimento de sistemas para me sair melhor na função. Também pretendo fazer um intercâmbio de um mês para adquirir fluência no inglês. A empresa tem filiais em outros países e surgem oportunidades no exterior. Isso vai abrir portas para mim;, acredita.

O coach Homero Reis sabe que poucos profissionais fazem autoavaliações, mas orienta que mudem de atitude. ;É preciso avaliar-se para ter uma visão correta da posição no mercado. Descobrir um ponto fraco é um desafio a ser enfrentado para seguir em frente;, destaca. Homero pondera que testar a si mesmo é difícil, pois é preciso ter senso de honestidade e controle para não ocorrer autossabotagem.

Um processo de coaching pode ajudar a ter uma avaliação neutra. A professora da UnB Débora Barém afirma, porém, que o serviço não é acessível a todos. ;O coaching é sensacional para quem tem condições de pagar, pois ajuda a avaliar o próprio progresso e a atingir metas. Avaliar a si mesmo é a opção mais barata;, explica.

Dono de uma agência de comunicação, Flávio Resende, 36 anos, buscou ajuda de um profissional em 2009. ;O coaching revolucionou meu desempenho, pois identifiquei os problemas que tinha.;

Palavra de especialista
Uma escolha particular

Para testar a si mesmo, perceba as oportunidades do trabalho: se a empresa oferece desafios é porque vê potencial em você. Se não, o empregado precisa pensar na percepção que os outros têm dele. Além de medir o próprio rendimento, uma sugestão é consultar a opinião de colegas, chefes e parceiros para obter uma visão clara do que os outros percebem e para não ter ilusões. Apesar de deixar alguns intimidados, pedir feedback é algo bem-visto, porque significa que a pessoa está preocupada com o seu desempenho. Cada vez mais empresas consideram que a carreira é algo individual e depende de escolhas pessoais. Por isso, avaliar a própria trajetória faz toda diferença para avançar.

Jussara Dutra, gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Senior, empresa de gestão

Profissional deve avaliar a trajetória no último ano para evitar a acomodação e seguir em frente na conquista dos objetivos da carreira

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