Trabalho e Formacao

No comando da Quituart

Diretora-presidente de cooperativa de artesãos do Lago Norte trabalha para atrair cada vez mais pessoas para a feira, organiza programação cultural e sonha com a construção da sede do local

Ana Paula Lisboa
postado em 15/09/2014 10:05


 (Antonio Cunha/CB/D.A Press - 14/7/14)


Há cinco anos à frente da Quituart, tradicional centro de cultura e gastronomia localizado no canteiro central da QI 9 do Lago Norte, Sulamita Perfeito, 62 anos, tem a missão de liderar 65 cooperados, administrar a instalação com 28 quiosques, e garantir uma boa experiência para os cerca de mil clientes que passam ali toda quinta, sexta, sábado e domingo. Há três anos e seis meses no cargo, ela está na segunda gestão como diretora-presidente.

A mineira tem orgulho de falar de grandes negócios que saíram dali. ;A Baco, a Toca do Chopp e o Taçaindo surgiram aqui.; Para ela, a grande vantagem do local, regido pela Cooperativa dos Artesãos Moradores do Lago Norte, é a diversidade. ;A pessoa come uma paleta de cordeiro com geleia de pimenta num quiosque e, em outro, uma dobradinha bem caseira. Há opções nacionais e internacionais. As diferenças e as atrações culturais deixam a Quituart no coração e no estômago do brasiliense. É isso que fazemos questão de manter;, nota.

Para ela, o sucesso da feira iniciada em 1988 se deve ao acolhimento da comunidade. ;Antes, não havia outra opção de lazer no Lago Norte. Mesmo depois da chegada de shoppings, as pessoas continuam nos buscando. Aqui tem música, exposições, lançamentos de livros e várias manifestações artísticas;, conta.

;O público acha agradabilíssimo esta proposta diferente que foge de shoppings e centros comerciais. É um lugar para famílias, crianças, namorados; Tem gente que cresceu vindo aqui e hoje vem com os filhos.;

Um dos desafios que Sula enfrentou na administração foi a atração de público. ;A sexta-feira era vazia, mas, montando uma lista de e-mails, conseguimos trazer movimento.; Depois que ela assumiu, o funcionamento foi estendido para a quinta-feira. ;Quando a quinta pegar, vamos passar a abrir na quarta e assim por diante. Nosso objetivo é funcionar pelo menos seis dias na semana;, planeja.

Local provisório
O maior desafio, porém, é a construção da sede, projeto que se encontra embargado há 12 anos. ;Quando assumi, peguei tudo isso no meio. É uma grande batalha;. A proposta era fazer uma construção com subsolo para armazenagem de alimentos, térreo e mezanino. ;Estamos adequando o nosso projeto ao que foi pedido, fazendo um local bucólico e artesanal, adequado ao paisagismo do Lago Norte;, garante. Além do embargo do projeto arquitetônico, no fim do ano passado, outro problema veio à tona: a inconstitucionalidade da cessão do terreno por uma projeto de lei distrital, quando isso deveria vir do Poder Executivo.

Segundo Sulamita, a sede definitiva é aguardada por moradores e comerciantes. ;A comunidade está ansiosa para ver esse projeto e nos apoia, afinal, prestamos serviços culturais e de gastronomia, geramos emprego e renda. A polêmica acabou atraindo mais gente e envolvendo pessoas que ficaram preocupadas com a continuidade do Quituart.; Se mesmo com uma estrutura precária, o público não se desanimou, a tendência é melhorar caso o local seja regularizado. ;O teto aqui é de zinco: durante o dia, o calor é insuportável; à noite, fica gelado; quando chove, ninguém conversa por causa do barulho. Toda a estrutura é de madeira, então, há muito risco de incêndio. Com tantas intempéries, os clientes permaneçam e vêm cada vez mais;, diz.

Pós-carreira
Formada em jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB), Sulamita optou pela carreira no serviço público e trabalhou no departamento financeiro do Banco Central até se aposentar, em 2009. Em vez de se acostumar ao marasmo do período, ela resolveu empreender. ;Sou de família mineira, cozinho desde os 12 anos e sempre fiz muita comida em casa. Eu me aposentei nova e não queria parar;, conta. O local escolhido para a empreitada foi a Quituart. ;No Café Perfeito, ofereço cafés, além de bolos e tortas. Preparo tudo em casa e coloco o meu toque em cada receita;, explica. ;Eu frequentava a Quituart como cliente e, quando montei o café, uma coisa levou à outra até eu me tornar diretora-presidente;, diz. Para conciliar o negócio, a direção da Quituart e a família, Sula opta por menos descanso. ;É uma loucura! Mesmo aposentada, durmo cinco horas por noite.; Apesar da correria, ela gosta do que faz. ;A Quituart é minha motivação e minha razão.;

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