Trabalho e Formacao

Freelancer, mas não tão free

A autonomia para realizar tarefas variadas dá mais liberdade, mas o profissional precisa se planejar para dar certo

postado em 13/10/2014 10:44
João Paulo Apolinário é desenvolvedor freelancer: networking é fundamental para conseguir trabalhoFlexibilidade de horários e a possibilidade de gerenciar a si mesmo são grandes atrativos para quem decide ser freelancer ; profissional que presta serviços sem vínculo empregatício. Especialistas apontam que ter bons contatos, contar com a criatividade e ser versátil dentro do campo de atuação, além de um bom planejamento financeiro, são características que podem fazer a diferença para quem optou pela atividade. ;Os lucros são relativos. Num mês, ele pode faturar bastante e, no outro, ficar sem ter o que fazer;, diz Fausto Assis de Felix, professor de gestão em comércio da Faculdade Senac (Facsenac/MG). Segundo o docente, a prática do freelancing é arriscada, mas, com esforço e dinamismo, o profissional pode se destacar no mercado. ;Esse tipo de trabalho pode ser interessante, mas, se não houver dedicação e força de vontade, o serviço pode se tornar insatisfatório para o cliente e diminuir a demanda.;

Segundo Felix, assumir uma postura de empreendedor, além de foco e paciência, são fatores indispensáveis aos profissionais que pensam em aderir à atividade. ;Encarar adversidades, como escassez de serviço, faz parte do processo. O freelancer é sua própria empresa;, conclui. O advogado Sebastián Siseles, representante do site Freelance.com na América Latina, recomenda que tudo seja colocado no papel. ;Ao entrar em acordo com um cliente, leve um contrato a ser assinado pelas partes envolvidas, com a descrição dos trabalhos que foram combinados. Freelancers e clientes que têm uma relação profissional mais estreita podem aderir a esse protocolo apenas para assegurar o melhor controle de atividades e evitar problemas eventuais.;

Renda extra


O segurança do ramo de hotéis Paulo Costa Sena, 45 anos, trabalha como freelancer há cerca de dois anos. ;Comecei na área de hotelaria. Por recomendação de colegas, acabava recebendo ofertas para cobrir eventos, feiras e fazer a segurança de boates. O retorno era bom, então esse trabalho acabou se tornando rotineiro;, explica. ;Fazer um bom trabalho é relativamente fácil, mas, com a competitividade atual, conhecer e gostar do que faz será o divisor de águas entre um freelancer comum e um profissional;, opina. ;Hoje em dia eu não trabalho mais em shows nem em boates. Cubro eventos que duram cerca de uma semana. Os cachês são atraentes. Nesse aspecto, ser freela recompensa, o retorno é maior do que o obtido em trabalhos fixos.;

Após terminar o curso técnico de produção de moda, a estudante de literatura espanhola Sávia Carvalho, 21 anos, encontrou no freelancing uma oportunidade de complementar a renda fixa. Ela era vendedora numa loja de departamento até receber recomendações de amigas para auxiliar na composição de vitrines e dar consultoria de estilo para clientes. Hoje em dia, ela fatura cerca de R$ 2 mil por mês. ;A demanda aumenta sazonalmente. Em épocas mais comerciais, como Natal e Dia dos Namorados, eu chego a trabalhar para até seis lojas ajudando na decoração e auxiliando na escolha das cores, de acordo com a tendência.; Segundo Sávia, organização e responsabilidade são qualidades determinantes. ;O trabalho de outras pessoas depende do seu. É importante respeitar prazos e procurar fazer tudo como o combinado para não gerar desentendimentos com os clientes.;

Rede de contatos


;O freelancing depende muito das relações interpessoais. Ter um bom relacionamento com os clientes pode ajudar a ampliar a rede de contatos;, afirma Paulo Cesar Nauiack, vice-diretor do Instituto Fecomércio (IF). ;Exatamente por isso, é importante, desde o primeiro momento, construir uma rede de contatos interessante;, completa. Ele aposta na excelência no serviço para estabelecer amplamente networking. ;Quem faz bem feito gera uma cadeia de promoção involuntária. As pessoas vão comentar entre si e recomendar seus serviços, o que motiva confiança por parte do novo contratador;, explica.

O estudante João Paulo Apolinário Passos, 22 anos, trabalha com desenvolvimento web e análise de redes sociais há cerca de quatro anos, quando passou a morar sozinho. Uma das dificuldades mais recorrentes para um freelancer profissional, aponta, é conseguir manter-se todo mês, devido à inconstância de demanda. Para superar esse desafio, Apolinário investe num portfólio virtual e numa rede de relacionamentos atualizada. ;Muitos dos trabalhos que eu consegui foram graças a indicações. Cultivar contatos, tanto de clientes, quanto de colegas da mesma área e de outros freelas, ajuda bastante.;

Apolinário tende a confiar em quem o contrata, mas recomenda que o profissional sempre pesquise para que tipo de companhia vai trabalhar. ;O risco é mútuo para o cliente e para o freelancer;, diz. Para se aprimorar, o estudante conta com o feedback daqueles para quem trabalha, além de cursos direcionados a sua área. ;Todo cliente tem expectativas; compreender e ajustar-se a isso é a etapa mais importante para ambos. Ser um profissional atualizado, estudar novas tendências do ramo e ser competitivo, no sentido de destacar-se por sua competência, são qualidades que um freela precisa ter.;

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