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Clint Eastwood e Angelina Jolie são ovacionados em Cannes

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postado em 20/05/2008 11:13
CANNES - Clint Eastwood recebeu nesta terça-feira (20/05) os maiores aplausos até o momento dirigidos a um filme na mostra competitiva do Festival de Cannes por The Exchange, drama inspirado em um caso judicial dos anos 1920, no qual ofereceu a Angelina Jolie o melhor papel de sua carreira. The Exchange (a produtora Universal anunciou em Cannes que o título Changeling com o qual o filme havia sido inscrito foi mudado) se passa na Los Angeles de 1928. Em um subúrbio modesto da cidade, Christine Collins, funcionária de uma empresa de telefonia que cria sozinha o filho Walter, não encontra a criança em casa um dia ao voltar do trabalho. O menino desapareceu. Poucos meses depois, a polícia entrega uma criança a Christine e afirma que se trata de Walter, mas a mãe não reconhece o filho e tenta convencer as autoridades a prosseguirem com a busca. Acusada de desequilibrada e delirante por uma polícia que não quer ver seu papel questionado em um caso solucionado, Christine persiste e sua tenacidade provoca a revolta de um sistema policial digno dos mais duros totalitarismos. Como em Sobre Meninos e Lobos, filme que Clint Eastwood exibiu em Cannes em 2003, ou Menina de Ouro, The Exchange é construído como uma tragédia clássica na qual o destino dos personagens é empurrado por forças inexoráveis, mas neste caso com uma luz de esperança. A protagonista Christine, mãe que não abre mão de procurar o filho, também tem a dolorosa grandeza das heroínas das tragédias gregas. Com ela, Clint Eastwood oferece a Angelina Jolie aquele que é sem dúvida o melhor papel da carreira da atriz. O filme também conta com a ótima participação de John Malkovich. Narrado magistralmente, de forma comovente, o longa também serve de denúncia da corrupção das esferas do poder nos Estados Unidos. "Tudo o que contamos aconteceu, está registrado nos arquivos judiciais. É um grande estudo sobre a tenacidade humana, a dessa mãe que luta contra toda a cidade", declarou Eastwood. "O caso real foi ainda mais longe, há coisas que omitimos no filme por falta de tempo", ressaltou o cineasta na entrevista coletiva após a exibição de "The Exchange", que denuncia a internação arbritrário em asilos psiquiátricos de pessoas por ordem da polícia e com a cumplicidade ativa dos médicos. O diretor reivindicou um cinema que "questiona". "Buscar a verdade é a maior virtude e é o que faz com que um drama seja interessante. Não me interessa contar histórias com perfume de rosas nas quais tudo está bem". A força do filme de de Eastwood e os aplausos, com direito a gritos de bravo, colocam "The Exchange" entre os sérios candidatos à Palma de Ouro. A revista Screen, que publica diariamente um quadro de previsões, citava nesta terça-feira três candidatos dos críticos ao prêmio principal: ""Üç Maymun"" do turco Nuri Ceylan, "Waltz with Bachir" do israelense Ari Folman e "Le silencie de Lorna" dos irmãos belga Dardenne. "Linha de Passe", de Walter Salles e Daniela Thomas, e "Blindness", de Fernando Meirelles, também disputam a Palma de Ouro.

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