postado em 11/10/2008 04:00
Taipé (Taiwan) ; ;É muito difícil ser taiwanês;, desabafou um funcionário público na capital taiwanesa. ;Metade de nossa população quer se aproximar da China. Outra metade procura distância. Sofremos de um problema de auto-estima e não sabemos como será o amanhã.; É nesse quadro sem unidade e radicalizado que o presidente Ma Ying-jeou tenta governar o país há seis meses. Ligado ao Partido Kuomintang (KMT), em meio a uma forte crise econômica, elegeu-se com uma plataforma de aproximação com Pequim e sofre pressão do opositor Partido Democrático Progressista (DPP), pró-independência ; que passou oito anos no poder e deixou uma herança de desconfiança, má gestão e corrupção ;, para apresentar resultados.
Nos últimos dias, políticos ligados a Chen Shui-bian, do DPP, que antecedeu Ma Ying-jeou no poder, apareceram algemados nos noticiários televisivos e pela imprensa, inclusive o ex-ministro do Gabinete de Investigação e Justiça, Yeh Sheng-Mao. O próprio ex-presidente e sua família, com a única exceção de sua filha, Chen Hsing-yu, foram indiciados pela Justiça taiwanesa. O atual mandatário procura se manter neutro, enquanto a liderança do DPP o acusa de incentivar ações legais contra a administração passada.
A disputa se agravou durante a semana passada, quando opositores atacaram fisicamente o ministro da Saúde, Yeh Chin-chuang, no prédio do Parlamento. Ele participava de um café da manhã promovido pela deputada Yang Chiung-ying que tinha como objetivo diminuir a desconfiança dos consumidores de leite e pães depois que carregamentos de laticínios intoxicados com melamina, importados da China, foram retirados das prateleiras da ilha.
Parlamentares do DPP invadiram o gabinete e um deles chegou a tentar estrangular o ministro com uma gravata. Ele foi resgatado a socos por deputados do KMT e teve de ser internado com hipertensão. A vítima de críticas nesta semana foi a ministra da Informação, Vanessa Shih, uma diplomata profissional que chefiava o Escritório de Taipei na Austrália ao ser chamada pelo atual governo. Ela reintegrou vários ex-funcionários demitidos durante a gestão de Chen Shui-Bian, muitos deles com 30 anos de carreira, ao Conselho Fiscal de sua pasta.
Num banquete em homenagem a repórteres estrangeiros, em um brinde, Vanessa desabafou: ;É um prazer ver velhos companheiros de volta ao lugar de onde jamais deveriam ter saído. Há alguns que deram sua vida por esta repartição, lutando para construir e melhorar a imagem de nosso país, e que foram demitidos porque defendiam um comportamento neutro e queriam cumprir sua função de fiscalizar os gastos da pasta;. Ao terminar, a ministra foi aplaudida com entusiasmo.
O repórter viajou a convite do Escritório de Informações do Governo de Taiwan