Mundo

Com Obama, tabu homossexual no exército dos EUA tem os dias contados

;

postado em 05/01/2009 13:49
WASHINGTON - Dezesseis anos depois de uma infrutífera tentativa do presidente Bill Clinton em seu primeiro mandato, o exército americano poderá se ver forçado no governo de Barack Obama a abrir oficialmente suas portas para os homossexuais, até agora obrigados a ocultar suas preferências sexuais sob a pena de serem expulsos da instituição. "Os critérios-chave para servir nas forças armadas deveriam ser o patriotismo, o sentido de dever e a vontade de compromisso. A discriminação deve ser proibida", segundo o site do presidente eleito, que está comprometido com a reforma da legislação neste sentido. Pouco depois de sua posse em 1993, o presidente Bill Clinton ordenou ao Pentágono que pussesse fim à discriminação baseada na orientação sexual para o recrutamento militar. A iniciativa foi mal recebida pelo Estado-Maior, a oposição republicana e grande parte da opinião pública. Uma lei de compromisso, a "Don't ask, don't tell" ("Não pergunte, não fale") foi finalmente adotada, permitindo aos gays e lésbicas integrar as forças armadas na condição de esconder sua opção sexual. Desde então, 12.500 soldados foram expulsos por expressar sua homossexualidade e depois de terem sido denunciados, entre eles 800 em postos cruciais - intérpretes de árabe, pessoal médico, pilotos ou agentes da inteligência -, segundo a Rede de Defesa Jurídica dos militares. Mas as mentalidades mudaram e a hora de 'sair do armário' chegou, asseguram os partidários da reforma. Um sintoma dessas mudanças é que vários generais e almirantes reformados fizeram um pedido pela abolição da "Don't ask, don't tell". "Como acontece na Grã-Bretanha, Israel e em outras nações que autorizam os gays e as lésbicas a servir abertamente, nossos militares são profissionais capazes de trabalhar juntos, apesar das diferenças de raça, sexo, religião e sexualidade", assinalaram os signatários da petiçao. "A maneira de abordar este assunto evoluiu profundamente, em particular a luz de nossas necessidades em termos de segurança nacional", afirma um e-mail pela legisladora democrata Ellen Tauscher, que defende uma proposta de lei antidiscriminação no exército, e que é apoiada por 148 membros da Câmara de Representantes. "Não devemos descartar das forças armadas pessoas capazes", assegurou Tauscher, recordando que, "segundo pesquisas recentes, 75% dos americanos acham que os homens e mulheres homossexuais deveriam poder servir abertamente". A comunidade militar, tradicionalmente conservadora, pode, no entanto, opor resistência. Em pesquisa realizada no início de dezembro pelo grupo de imprensa americano Military Times com cerca de 2.000 leitores militares ativos, a maioria deles (58%) se declaram contrários à abertura do exército aos homossexuais. "Ainda há pessoas que preferem o status quo. Mas quando acabou a segregação racial no exército (1948), não houve retiradas em massa", comentou Aubrey Sarvis, diretor da Rede de Defesa Jurídica dos militares. Mas o fim da discriminação em relação aos homossexuais no exército exigirá um apoio total de Barack Obama, acrescentou. "Sei que isso não é a principal prioridade, que naturalmente é a economia, mas precisamos de sinais mais concretos de apoio por parte do novo governo", afirmou ainda Sarvis, prognosticando a aprovação da nova lei para o final de 2009 ou início de 2010.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação