Mundo

Homenagem póstuma aos 18 militares brasileiros mortos no terremoto é marcada por grande emoção

Lula anuncia intenção de conceder R$ 500 mil à família de cada uma das vítimas

postado em 22/01/2010 07:02 / atualizado em 21/09/2020 13:29

; Edson Luiz ; Flávia Foreque ; Daniel Brito O governo brasileiro pretende conceder R$ 9 milhões às famílias dos 18 militares brasileiros mortos no Haiti. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou ontem uma mensagem que encaminha ao Congresso um projeto de lei para conceder R$ 500 mil para cada uma das famílias. Ontem, durante a cerimônia póstuma em homenagem aos integrantes da Força de Paz do Brasil no país caribenho, Lula se emocionou e chorou, assim como a primeira-dama, Maríisa Letícia, junto com os parentes das vítimas do terremoto do último dia 12. Logo após a cerimônia, os corpos foram trasladados aos estados de origem dos mortos, que receberam condecoração e promoção de patentes post mortem. Lula consola uma das familiares: emoção generalizada na solenidadeA proposta de Lula de indenizar as famílias será publicada hoje no Diário Oficial da União. Além desse auxílio especial, a medida prevê ainda uma bolsa-educação para os dependentes matriculados em redes de ensino. A bolsa pagará a quantia mensal de R$ 510 até o dependente completar 24 anos. O texto será analisado pelo Congresso Nacional quando retornar do recesso legislativo, em fevereiro. Além disso, os familiares dos 18 militares ; a maior baixa do Exército brasileiro desde a Segunda Guerra ; vão receber pensões com valores equivalentes à patente imediatamente acima da dos postos que eles tinham. A cerimônia póstuma foi marcada não apenas pela emoção dos parentes dos militares mortos no terremoto, mas também das autoridades. Ao cumprimentar os familiares dos integrantes da Tropa de Paz, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ; que estava acompanhado de quase todos os ministros e do vice José Alencar ; os abraçou emocionado, dizendo palavras de conforto. Em seu discurso, Lula agradeceu o trabalho prestado no Haiti pelos militares, citando nominalmente cada um deles. Enquanto o presidente falava, algumas mulheres choravam e abaixavam a cabeça. ;Cada um desses homens reafirmou, durante sua vida, a vocação pacífica e solidária da Nação brasileira. Sem nunca perder a firmeza e a coragem necessárias para combater a violência e a criminalidade que tanto assolavam o Haiti, nossos militares sempre souberam conviver harmoniosamente com a população local, e ganhar a sua estima;, disse o presidente, que também fez questão de citar a médica Zilda Arns e Luiz Carlos Costa, o brasileiro que era o segundo homem das Nações Unidas no Haiti. ;O soldado brasileiro nunca foi confundido com invasores estrangeiros, muito pelo contrário, foi sua mão amiga que criou a confiança mútua;, acrescentou. ;Bom combate; O comandante do Exército, Enzo Martins Peri, falou sobre a atuação das tropas brasileiras em Porto Principe, na sua mensagem às famílias, ressaltando a transformação feita no país caribenho. ;Todos combateram o bom combate, levando àquela Nação amiga, castigada por violência de diferentes naturezas, o que a gente brasileira mais possui: solidariedade, alegria e esperança;, afirmou Peri. ;A dimensão humana dessa tragédia atinge todos os brasileiros. A perda dos meus subordinados me atinge pessoalmente.; O momento mais emocionante da cerimônia foi quando a banda dos Dragões da Independência ; a Guarda Presidencial ; tocou o toque de silêncio. Em seguida, Lula condecorou post mortem todos os 18 militares com a Medalha do Pacificador com Palma. A comenda é concedida a militares que, em tempo de paz, tenham se distinguido por atos pessoais de abnegação, com risco de vida. Poucos familiares quiseram falar com a imprensa. Um deles, Marcelo Cysneiros, irmão do tenente-coronel Marcus Vinicius Macêdo Cysneiros, afirmou que o militar deveria deixar o Haiti no próximo dia 29. Único que seguiu a carreira, o tenente-coronel, segundo seu irmão, desde jovem tinha tendência a ser militar. ;Amar é um direito de todos. Ser amado é um privilégio de alguns;, dizia a inscrição na camisa de Antônio Fagundes Pedrotti, tio do cabo Douglas Pedrotti Neckel, 23 anos, a quem homenageava. Assim como ele, outros familiares usavam camisas com as fotos das vítimas. Segundo Geraldo Luiz Mario, seu sobrinho Bruno Ribeiro Mario telefonou no fim de semana antes do terremoto, e deveria retornar ao Brasil no primeiro sábado após a catástrofe. ;Era seu último dia de missão;, disse o tio, afirmando que o tenente, que era natural de Santa Maria (RS), era uma ;pessoa boa; e estava feliz pela volta iminente ao país. Ouça o discurso de Lula

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação